COLUNAS 2022


COLUNAS FEVEREIRO 2022

8.2 (TERÇA)

É a economia, estúpido!

Tramita na Câmara dos Deputados proposta que proíbe a ocupantes de cargos ou empregos no governo federal manter contas bancárias nos chamados "paraísos fiscais". Está, provavelmente, predestinada ao arquivo morto do Legislativo, visto que incomoda fortunas e poderes. Mas tem lá seus encantos. "Paraísos fiscais" são países ou regiões autônomas com pouca ou nenhuma cobrança de tributos. Se faltam-lhes rigores tributários, sobram-lhes sombras para acobertar titulares de contas. Isso faz de pequenas localidades, discretas até nos mapas, pousos seguros para quem quer esconder dinheiro, seja de que origem for. O texto é do deputado Ivan Valente (Psol-SP).

Boca na botija

O projeto mexe em vespeiros da economia e da política. Altera a Lei de Conflito de Interesses e corre, de fato, o risco de ir pelo ralo. Ou de se esvair em conchavos e pressões. Mas há um lado que não se perde. Afinal, tem endereço certo: Esplanada dos Ministérios - Bloco P, 5º andar, SN, Zona Cívico-Administrativa - Brasília/DF - CEP 70048-900. Sim, a proposta de Ivan Valente mira no ministro da Economia, Paulo Guedes, alcunhado de "Posto Ipiranga" pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). Guedes foi flagrado com US$ 9,5 milhões numa conta nas Ilhas Virgens Britânicas, fato que puxou outro: o de que omitiu ao Governo ser a filha, Paula Drumond Guedes, acionista de uma empresa chamada Dreadnoughts ("couraçados", em inglês) no mesmo "paraíso".

O momento

Neste ano eleitoral, o texto ganha dimensões especiais por reacender a fogueira na qual se tostou a imagem de Paulo Guedes - antes, era só autor de frases e apreciações desastradas, comandante de uma política econômica inócua; depois, se tornou conhecido como o operador que, com invesTimentos privados, lucrou rios de dinheiro à base da metodologia que implementa. O projeto municia uma oposição política que disputa palmo a palmo cada batalha.

Caso

Atribui-se ao marqueteiro norte-americano James Carville a expressão "É a economia, estúpido". Foi assim que teria respondido a um interlocutor para dizer que o então presidente Republicano George Bush poderia ser derrotado pelo democrata Bill Clinton nas eleições de 1992. Bush tinha a imagem em alta por ter vencido a Guerra do Golfo (1991). A História mostra: Carville tinha razão.

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10.2 (QUINTA)

Lei e coragem cívica são a melhor receita contra o nazismo

O youtuber Bruno Aiub, vulgo "Monark" não cabe entre pessoas inteligentes ou de bom-caráter. Nem faz empenho disso, sejamos justos. "Monark" usa a tese da liberdade de expressão em defesa de estapafúrdias ideias e para justificar o injustificável. O racismo e o nazismo, por exemplo. Ele é, porém, reflexo nítido de um estado de coisas que tem referências mais antigas e com maior projeção do que a dele.

Afronta

Nesta semana, no programa que conduzia em plataformas de áudio e vídeo, "Monark" pedalou de novo contra o bom-senso e afrontou a legislação ao fazer apologia do nazismo. Admitiu simpatia à existência de um "partido nazista reconhecido pela lei" e ganhou manchetes por isso. A declaração foi feita aos deputados Tábata Amaral (PSB-SP) e Kim Kataguiri (Podemos-SP). Depois, ao perder ricos contratos de patrocínio, se desculpou e alegou que estava bêbado. Mas "Monark" não é um boboca qualquer; tem milhões de seguidores nas redes sociais e, sem dúvida, os influencia.

Espelho

O youtuber só disse o que disse porque viu frouxidão institucional o favorecer. Não foi o primeiro nem há de ser o úlTimo. Jair Bolsonaro, por exemplo, já elogiou o "estrategista" Hitler e posou para fotos com nazistas brasileiros. Se o presidente da República faz isso sem pejo, nada mais espanta. Bolsonaro, a propósito, não poupa ameaças à sociedade se supor haver, nos poderes constituídos, iniciativa que paralise a insidiosa indústria de fake news que infecciona as redes sociais.

E o Ministério Público?

Se quiser manter o respeito que tem, o Ministério Público terá de ir às úlTimas instâncias para reparar os direitos dos cidadãos. Até já abriu inquérito com base n a Lei nº 7.716/89 - estabelecem-se nela punições a "crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional". O artigo 20 cita "a divulgação do nazismo" como fim condenável, passível de xilindró por dois a cinco anos, além de multa. O texto aborda ainda os atos de "praticar, induzir ou incitar".

Caixinha

O ganha-pão de "Monark" também estará sob risco se o MP se movimentar segundo os alicerces constitucionais. A Lei determina como pena extra "a cessação das respectivas transmissões radiofônicas, televisivas, eletrônicas ou da publicação por qualquer meio", com "a interdição das respectivas mensagens ou páginas de informação na rede mundial de computadores".

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12.2 (SÁBADO)

Um tributo justo

O deputado federal cearense André Figueiredo (PDT) quer criar um novo tributo no País. Diante do cipoal brasileiro de impostos, taxas e contribuições, é legíTimo que os contribuintes queiram saber de onde André tirou isso. Pois bem: há sons que explicam a proposta, denominada de Contribuição para o Desenvolvimento da Indústria Musical Brasileira - ou, simplemente, Condemúsica. O projeto mira em serviços de streaming, como Deezer, Spotify e YouTube, que estão faturando alto sem, no entanto, dar contrapartidas financeiras à cultura. A conta vai acabar sendo apresentada ao assinante, como é regra, mas há um fundo de justiça fiscal inquestionável.

Renegociação

O Banco do Nordeste está anunciando uma camaradagem com clientes do Crediamigo. Quem está com parcelas em atraso e quer ajustar a situação pode renegociar dívidas em condições especiais - pelo menos é desse jeito que o BNB anuncia a promoção. E lista vantagens, como a possibilidade de reduzir o saldo devedor, começando em 10%, e prorrogar o prazo de quitação até 24 meses. Num mar de incertezas como é o da economia nacional, a chance pode ser das melhores. O banco também estabelece carência de 60 dias para início do novo parcelamento parcelas e financiamento dos valores das taxas de administração de crédito e seguro prestamista. Mas a adesão tem prazo para ser contratada: até 30 de junho. E só quem pode optar são os que não fizeram nenhuma renegociação.

Crédito político

O Crediamigo é considerado o maior programa de microcrédito produtivo e orientado da América do Sul. Foi criado na gestão de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e se fortaleceu nas de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff (PT) e de Michel Temer (MDB). Também, pudera: tem carteira ativa de mais de 2,4 milhões de clientes no Nordeste e em parte de Minas Gerais e Espírito Santo, somando cerca de R$ 8 bilhões. Por baixo, bem por baixo mesmo, esse público representa perto de 10 milhões de votos - algo, cá entre nós, nada desprezível.

Consumindo confiança

O consumidor de Fortaleza está iniciando 2022 mais confiante. A informação foi apurada na pesquisa Índice de Confiança do Consumidor de Fortaleza (ICC), do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento do Ceará (IPDC), da Fecomércio Ceará. O estudo se refere ao primeiro bimestre do ano, com o índice de confiança avançando 5,5% - sai de 100,6 pontos no período novembro/dezembro de 2021, para 106,1 pontos em janeiro/fevereiro.

Humores

Especialistas avaliam que a positividade no comércio pode ser reflexos de humores eleitorais dos consumidores. Ou seja, há a possibilidade de se conectar com perspectivas das urnas. Também foram anotados sinais oTimistas decorrentes de bons resultados da cobertura vacinal contra a covid-19. É, no frigir dos ovos, a antiga relação entre economia e política.

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15.2 (TERÇA-FEIRA)

A boa política exige respeito e inclusão

O Serviço Social do Comércio do Ceará (Sesc-CE) iniciou um projeto denominado Diversos LGBT+. Trata-se de formação em inclusão digital e de preparação para o mercado do trabalho, com um passo-a-passo para quem pretende se posicionar com empregabilidade. O título deixa a certeza: é voltado para o público LGBTQIA+. As inscrições podem ser feitas até 18 deste mês. A participação é ampla e gratuita. O curso será realizado de março a outubro próximos. O Sesc o planejou para que seja presencial.

Gesto afirmativo

A ação é - tanto quanto social e de capacitação de mão-de-obra - política. Não no sentido partidário ou ideológico, mas no modo muito mais amplo. É uma iniciativa assertiva e de inclusão que visa a duas frentes, segundo o Sesc-CE: 1. Inclusão digital de pessoas LGBTQIA+; e 2. Combate institucional à LGBTQIA+fobia. Em ambas, pode-se dizer que busca-se romper preconceitos e violências que se enraizaram há séculos nas culturas e nos credos, intoxicando relações e agindo nocivamente contra os mais elementares direitos dos cidadãos.

Carnificina

E é bom mesmo que se reme contra marés adversas. O Ceará é um dos estados com maiores índices de mortes violentas entre a população LGBTQIA+, segundo dados apurados pela Imprensa e por organizações como o Grupo Gay da Bahia. Em 2017 foram 30 homicídios. Em 2018, houve 23, número que se repetiu em 2019. Em 2020, os casos chegaram a 20. No Brasil, esTima-se que desde o início da gestão FHC (1995) até o primeiro ano da de Bolsonaro (2019) registraram-se 5.443 ocorrências violentas, letais e intencionais. É certo que deve-se, diante dessa carnificina, atacar as estruturas e a conjuntura do problema. O Sesc acerta quando propõe ao mercado de trabalho que admita a diversidade e seja, sobretudo, inclusivo.

Desconfiômetro

Não custa - nunca custou, diga-se - ligar fios e verificar conexões. O estranho episódio da viagem a Nova York (EUA) do secretário Especial de Cultura do governo Bolsonaro, gastando R$ 80 mil (passagens, hospedagem, diárias de trabalho, alimentação e testes para covid-19 para Mário Frias e acompanhante) é dos que exigem atenção.

Mata-leão

É necessário verificar o caso não só pelos lados financeiro e moral, mas também pelo político. Afinal, o lutador Renzo Gracie, com quem Frias foi entabular negócios audiovisuais, foi recentemente biografado pelo ex-secretário Roberto Alvim, cosplay de Josef Goebbels. Questiona-se: Alvim continua dando cartas na gestão da Cultura?

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A Coluna do e o InvestNordeste recebem de bom grado comentários, críticas e sugestões dos leitores. As manifestações podem ser feitas pelo WhatsApp (85) 8144 5728 (mensagens de texto) e pelo email portalinvestne@gmail.com.

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18.2 (QUINTA-FEIRA)

Quem tem fome tem pressa

O deputado Guilherme Landim (PDT) quer criar no Ceará um programa denominado Alimento Saudável Móvel, baseado no conceito de restaurante popular. A ideia não é nova, mas se reveste de importância extra quando se põe à mesa a grave deficiência nutricional das comunidades mais carentes - problema que se alia ao desmonte das políticas habitacionais, ao desemprego galopante, à inflação que poda empreendimentos públicos e privados, à educação pública claudicante e à crise sanitária imposta pela covid-19 e pelo negacionismo que boicota o acesso da população às vacinas.

Clone

Experiências do gênero já foram implantadas, com sucesso, em cidades do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, por exemplo. Isso torna a proposta de Guilherme Landim um clone, já que o deputado não se deu ao trabalho de indicar as origens da iniciativa, mas não a torna menos relevante. Landim sugere que a ação seja tocada pela Secretaria de Estado de Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos do Ceará e que vise a "prover a alimentação e nutrição das pessoas em situação de rua". O texto admite que o programa receba doações de particulares.

No fio da navalha

O ano é eleitoral e não se pode descartar que projetos dessa natureza corram o risco de serem taxados de demagógicos ou populistas. Que sejam. O que há é, sim, uma aguda e letal insegurança alimentar rondando famílias - o deputado observa que o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) esTima em mais de 220 mil as pessoas que passam fome cronicamente no Brasil. E, como disse o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho: "Quem tem fome tem pressa".

Menos, menos

O ministro do Turismo, Gilson Machado, é agora Cidadão de Fortaleza. O autor da homenagem na Câmara Municipal, vereador Julierme Sena (Pros), o definiu como "arretado, valente, aguerrido, corajoso e de um talento incomparável, além do carisma contagiante". Gilson é aquele que vez por outra aparece tocando sanfona em lives do presidente Jair Bolsonaro. Não se sabe se por ironia ou ingenuidade, Julierme lembrou que Gilson integrava um grupo de forró chamado "Brucelose" - doença de gado que se previne com vacina. Para finalizar: no discurso de agradecimento, o ministro até falou de Recife (PE), mas não citou uma só obra feita em Fortaleza ou no Ceará.

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PARA 19.2 (SÁBADO)

O caminho de Izolda

Enquanto se testemunham na gestão de Jair Bolsonaro (PL) hostilidades contra comunidades nativas e representações étnicas - o que insulta a essência plural da nação brasileira -, com ataques a entidades que apoiam a diversidade, o Ceará, no finzinho da administração de Camilo Santana (PT) e perto do começo da de Izolda Cela (PDT), trilha outro rumo. Ainda bem. O Poder Executivo articulou com a Assembleia Legislativa projeto que amplia as possibilidades de contratação excepcional de professores para escolas indígenas. Já se pode ver aí uma marca de Izolda, educadora de formação. Responde-se, desse modo, a uma demanda sociocultural e de inclusão em tempos adversos. É um caminho diferente do que se tem imposto ao País. E isso é vital.

Em obras

A Prefeitura de Fortaleza vai licitar a contratação de empresa ou consórcio para elaboração de projetos e construção de 30 microparques urbanos entre a Barra do Ceará e a Praia do Futuro, alcançando também bairros do lado Sul da cidade. Quem ganhar a parada vai abocanhar uma fatura anual média de R$ 8,5 milhões. Os interessados no projeto deverão apresentar protocolos contra exploração e abuso sexual e violência de gênero.

Tamanho

A ideia é a de que os microparques somem 27 mil metros quadrados (cerca de 900 m², em média, para cada unidade), com calçadas, canteiros, quadras de esporte de areia e playgrounds, entre outros equipamentos.

Fora do eixo

O vereador Gabriel Aguiar (PSOL), boa revelação da política para a Câmara de Fortaleza, está propondo que a Prefeitura instale na praia da Leste-Oeste uma unidade do projeto Praia Acessível. A ideia é das melhores. Não apenas pelo caráter inclusivo que a ação municipal já tem, mas por compartilhar com a parte mais pobre da orça, no lado oeste da cidade, uma iniciativa que garante cidadania e saúde.

Quadro

Autor de projeto que estabelece piso salarial de R$ 1.821,70 para secretários escolares, o deputado federal Eduardo Bismarck (PDT) já começou a articular diálogos na Câmara para tentar aprovar a medida ainda este ano. Bismarck avalia que o projeto tem "caminhado bem". A proposta encontra-se em tramitação nas comissões de Finanças e Tributação; e de Constituição, Justiça e de Cidadania.

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22.2 (TERÇA)

A guerra de Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro (PL) fez, na semana passada, uma curta, inócua, inexpressiva e cara viagem à Europa. Foi tirar lasquinha da cena belicosa entre Rússia e Ucrânia, olhando mesmo para os seguidores que tem. Esforçou-se em posar como estadista - o que não é de jeito nenhum - e negociador da paz, escorado em delírios de aliados. Levou a reboque o filho encrenqueiro, Carlos, a quem delegou o comando das redes sociais que usa e da gestão de imagem que tem (!). Porém, bem distante das escaramuças alheias, tem sido escorraçado numa guerra particular. E o fato é que precisa se ater, se quiser ter algum futuro político, a suas próprias batalhas.

Cartucheira

O front de Bolsonaro não é na baixas temperaturas europeias, mas na frieza dos números das pesquisas eleitorais no Brasil - reforçados por tragédias como as da covid-19, da Bahia e de Petrópolis. Isso torna o que fez e disse em Moscou mero ilusionismo. A sequência de notas negativas sobre o governo, expressas por diferentes institutos, gera um ciclo de derrotas que não abate só os projetos que alimenta, mas espanta parceiros nos estados e dizima o apoio popular que lhe resta. O Ceará não tangencia da incapacidade do presidente e aqui ele tem dificuldades de manter apoios.

Calendário

Faltam dois meses para a abertura da janela partidária, por meio da qual parlamentares em busca de reeleição poderão mudar de legenda. É o mesmo tempo para que partidos e federações registrem estatutos na Justiça Eleitoral. Embora Jair Bolsonaro tenha, em tese, poder e base para formar alianças, a disposição das siglas de se perfilar com ele não aparenta ser animadora.

Au

O Instituto Pet Brasil, que reúne empreendedores de serviços para animais de esTimação, esTima que o setor faturou R$ 48 bilhões em 2021. Isso representa avanço de 22,1% em relação a 2020. E esse interesse está chegando também na política. A pauta contra maus-tratos tende a ganhar espaços nos debates eleitorais deste ano, segundo especialistas. É o caso de um mercado que cresceu ao ponto de influenciar em partidos e plenários.

Parla!

Da empresária Luiza Trajano, presidente do Conselho Administrativo da rede varejista Magazine Luiza e alvo frequente de flertes da esquerda e do centro: "Se socialista é quem é a favor da igualdade social, sou socialista desde os 10 anos".

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24.2 (QUINTA)

Brava gente endividada

O consumidor de Fortaleza praticamente perdeu as forças para reagir contra o endividamento e a inadimplência. A conclusão pode ser extraída da Pesquisa do Endividamento do Consumidor, do Sistema Fecomércio. A primeira sondagem deste ano, referente a janeiro e fevereiro, mostra que 75,5% dos consumidores locais têm algum tipo de dívida. Isso mesmo: de cada quatro consumidores, três estão enroscados com contas. Pelos reflexos de situações assim, estrangulando comércio, indústria e setor público, qualquer apreensão é legíTima. Para se ter ideia, em janeiro e fevereiro de 2021, foram registrados 71,7% de endividamento e inadimplência, o que já era estratosférico.

Penúria viralizada

Como 2022 é ano eleitoral, é de se esperar que a pauta surja nos plenários e nos palanques não só no Ceará, mas em todo o País. O quadro de penúria foi, afinal, "democraticamente" disseminado em todo o Brasil pela associação entre a política econômica do presidente Jair Bolsonaro (PL) e a covid-19.

Sem ânimo

O estudo da Fecomércio revela que o endividamento oscilou para baixo no primeiro bimestre em relação ao anterior. A redução foi de tímido 1,1 ponto percentual, nada mais. Especialistas notam que, em razão do recebimento de valores como 13º salário e férias por empregados públicos e privados, além do aquecimento comum ao comércio em dezembro, é frequente que o índice diminua.

Endereço

O Museu do Ceará - cuja sede, na Rua São Paulo, está em reforma - já tem endereço provisório definido. Será na Rua Major Facundo, 548, no Centro de Fortaleza. O ponto já serviu a uma loja de roupas e fica a poucos metros da Secretaria da Cultura do Estado, que vai bancar o aluguel do imóvel. O custo mensal será de R$ 30 mil, além de IPTU de R$ 2.380,88.

Som na caixa

De olho no eleitor evangélico, o deputado André Fernandes (PL) quer tornar a música Gospel - estilo comum a religiões cristãs - em patrimônio imaterial do Ceará. Se o projeto passa, o gênero vai poder ter acesso a benefícios legais próprios de bens culturais tradicionais. O pai de André é pastor e candidatíssimo a deputado federal.

No mesmo ritmo

Em 2013, proposta da deputada e pastora Silvana Oliveira (PL) reconheceu a música Gospel como manifestação cultural no Estado, o que permite a artistas e produtores ter acesso a mecanismos como a lei de incentivo à cultura.

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26.2 (SÁBADO)

Vai começar o salve-se quem puder

Será aberta na próxima quinta-feira a janela partidária para as eleições deste ano. Trata-se do período em que parlamentares podem mudar de legenda sem correr o risco de perder o mandato por infidelidade ou coisa do gênero. A janela de 2022 seguirá escancarada até 1º de abril (é o "dia da mentira", mas é pura coincidência), podendo passar por ela deputados federais e estaduais que querem mais segurança ou garantias para tentar a reeleição. É tipo um "salve-se quem puder".

O centro do "Centrão"

A janela partidária foi criada em 2015 com o pretexto de evitar perseguições a parlamentares que eventualmente discordem de determinações nas siglas. Mas era só isso mesmo - pretexto -, pois entre os reais motivos estão desde os intrincados quocientes eleitorais à mais pura escassez de votos. É aberta seis meses antes das eleições e dura 30 dias. Protege políticos do entendimento da Justiça Eleitoral de que os mandatos não pertencem aos parlamentares, mas aos partidos. Observadores avaliam que neste ano o destino mais expressivo das migrações será o PL, legenda em que agora se abriga o presidente Jair Bolsonaro. No entanto, há a expectativa de que as movimentações abarquem outras siglas do chamado "Centrão".

Lá e cá

A propósito de janelas e quetais, inspira atenção o encontro que o Partido Democrático Social agendou para a próxima sexta-feira na Assembleia Legislativa do Ceará. É que o PDS enfrenta o que se pode diagnosticar como "bipolaridade política". No cenário nacional, a sigla é controlada pelo deputado federal Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro de Dilma (Cidades) e Temer (Ciência, Tecnologia e Comunicações), cujo coração tem batido pelo petista Lula. No Ceará, porém, quem dá as cartas no PSD é o ex-deputado e ex-vice-governador Domingos Filho, cujo diálogo com o PT não é dos melhores. O evento do partido contará, inclusive, com a presença da Kassab.

Guerra de números

Na última quarta-feira, quando começou a guerra da Rússia contra a Ucrânia, registrou-se no conflito a morte de 137 pessoas, segundo agências de notícias. No mesmo dia, morreram no Brasil 989 pessoas víTimas da covid-19. Isso mesmo: a doença, as fake news e o negacionismo produziram por aqui sete vezes mais mortos do que nos campos de batalha.

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Colunas março/2022

01.03 (TERÇA)

Não é lance de dados, não é acaso

Está nas mãos do presidente Jair Bolsonaro (PL) a sorte de um setor que há quase 80 anos oscila entre a ilegalidade e a contravenção, com eventuais passagens pelo crime. É o da jogatina. Com a aprovação na Câmara dos Deputados de projeto que autoriza a exploração dos jogos de azar no Brasil - proibida em 1946, no governo de Eurico Gaspar Dutra -, sobrou para Bolsonaro a decisão de sancionar ou vetar o texto. Mas diga-se: não há de ser sorte nem acaso.

Façam suas apostas

Se sancionar a lei, Bolsonaro pode comprar briga com melindrosos segmentos religiosos e conservadores, dos quais cobiça os votos, embora possa alegar que visa à geração de empregos. Se vetar, pode se encrencar com corporações endinheiradas que há mais de 30 anos manobram no Congresso pela volta de cassinos e correlatos. Para Bolsonaro ainda resta uma possibilidade: vetar e articular com o Congresso a derrubada do próprio veto. Seria uma saída desonrosa, mas compatível com outras jogadas do Planalto.

Licença poética e política

Pedimos licença à memória do poeta francês Stéphanne Mallarmé (1842-1898) para inseri-lo na nada poética política brasileira, citando um verso referencial para seguidas gerações na literatura ocidental: "Um lance de dados jamais abolirá o acaso". Não foi por acaso, aliás, que há três décadas a família do senador bolsomorista Luís Eduardo Girão (Podemos) ergueu nas praias de Abreulândia (Fortaleza) e Canoa Quebrada (Aracati) estruturas hoteleiras que também serviriam para abrigar cassinos - até piscinas no formato dos naipes do baralho foram construídas. O tempo tratou de asfixar o projeto. Hoje, Girão posa de ativo adversário da legalização.

Estágio

O governador Camilo Santana (PT) tem feito questão da presença da vice, Izolda Cela (PDT), em toda a maratona de eventos que vem protagonizando nos úlTimos dias no Ceará. Há uma agenda de inaugurações aparentemente inesgotável. Izolda, já há oito anos em parceria com Camilo, vem encarando a rotina puxada com disposição de novata. É, afinal, o tipo de traquejo necessário a quem deve assumir as funções de titular em pouco mais de um mês.

Ao lado

Só para constar: a agenda do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Evandro Leitão (PDT), também está em sintonia fina com a de Camilo e Izolda.

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10.3 (QUINTA)

Conhecimento e inclusão

A Prefeitura de Fortaleza está disponibilizando mais de 13 mil vagas em cursos para jovens. São 6,9 mil na Rede Cuca - em áreas de arte e esportes - e 6,265 mil no programa Fortaleza + Futuro, realizado em parceria com o Sistema Fiec. Independentemente de qualquer leitura, deve-se ter em conta que conhecimento é sempre um meio eficiente de responder aos desafios. Se essa premissa tivesse sido respeitada pelo governo federal, aliás, o Brasil poderia ter se cuidado na escalada letal da covid-19. Por isso, não se pode considerar ações capacitadoras e inclusivas como corriqueiras. É que vão muito além da obrigação constitucional de um governo municipal; inserem-se, sim, num leque em que políticas (ou a falta delas) são diferenças vitais para o desenvolvimento social e a qualificação do cidadão. Em tempo: a participação é gratuita.

Viu ou fez de conta que não viu?

Na conversa que habitualmente tem com internautas às terças-feiras, o governador Camilo Santana (PT) foi surpreendido nesta semana por um apelo incomum: um torcedor do Ceará Sporting Club pediu que ele ajudasse o Time de algum modo. Camilo não respondeu.

Deslocado

O deputado Tony Brito (Pros), policial civil bolsonarista da Assembleia Legislativa do Ceará, precisa ser informado urgentemente as funções que tem. Veja só: ele quer interferir nos esquemas de embarque e desembarque de passageiros em paradas de ônibus urbanos - o que é determinado por estudos de viabilidade das prefeituras. A alegação é de que permitir a mulheres, idosos e pessoas com deficiência entrar ou sair dos coletivos fora dos locais definidos, à noite, vai ajudar na segurança. Não se questiona aqui a preocupação com a segurança pública, mas o fato de que projeto assim cabe a vereador e não a deputado estadual.

Cada um com seu cada qual

Nem tudo se perde, porém. Afinal, é possível que a proposta de Tony Brito, totalmente fora das paradas legislativas convencionais, sirva para que o debate político embarque com segurança em temas e iniciativas pertinentes.

"Mamãe Falhei"

Neste Dia Internacional da Mulher, tem-se a infausta lembrança de uma borra apelidada de "Mamãe Falei". O Brasil não é, defintivamente, para principantes.

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12.3 (SÁBADO)

O Ceará tem nova Área de Proteção Ambiental. APA recebeu a denominação de Berçários da Vida Marinha. Fica no município de Icapuí (a 200km de Fortaleza, já no limite com o Rio Grande do Norte). Essa é a 34ª unidade de conservação definida pelo Governo do Estado, com relevância para um elemento vital da economia do Ceará: o mar. As interações entre aves, mariscos e vegetais numa região como a da nova APA alcançam os direitos de comunidades nativas - algo que se vê de modo oposto no Norte do País, onde o garimpo ilegal e a extração de madeira, correndo frouxamente sob o beneplácito do Planalto, vêm destruindo rios e matas e a economia local. A unidade de Icapuí, que acolhe até peixes-bois, compreende 13,2 hectares da Praia de Ponta Grossa e ao Manguezal da Barra Grande.

Fatia larga

O Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) - empresa privada que recolhe dinheiro pela execução pública de obras com direitos autorais, sobretudo musicais - está reclamando a perda de R$ 18 milhões no Carnaval. Ou melhor, no "não-carnaval". Teria havido uma diminuição de R$ 24 milhões no faturamento de 2020 para R$ 6 milhões neste ano, segundo a firma. Dez anos atrás, o Ecad foi alvo de uma CPI na Câmara dos Deputados e moveu mundos e fundos para que as apurações não dessem em nada. E não deram mesmo.

Eu, hein?

Num país lotado de problemas - entre os quais 650 mil pessoas mortas pela covid-19 -, há políticos aflitos com o significado de palavras. É o caso do deputado federal Carlos Bezerra (MDB-MT), que encasquetou com o termo "transação". Ele o julga inadequado para contratos comerciais, lembrando que em alguns casos pode significar sexo. Por isso, quer substituí-la pela expressão "negócio jurídico".

Falta do que fazer não é

Há mais de cinco séculos que o brasileiro utiliza a palavra "transação" para designar acordos comerciais. Faz assim para vender e comprar carros, comida, imóveis, jogadores, calçados e mais uma fieira de itens. Agora, com o País desabando sob a inflação e um governo sem perspectivas, o que exige ações sérias das representações sociais, vem essa preocupação de filigrana. "Besteira muita", diria o saudoso jornalista Neno Cavalcante.

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15.03 (TERÇA)

Trilha sonora curiosa

O XXIV Congresso Nacional do Ministério Público, que será realizado de 23 a 26 deste mês, em Fortaleza, prevê a participação do presidente do STF, ministro Luiz Fux; do procurador-geral da República, Augusto Aras; e do vice-presidente nas Américas da Interpol, delegado federal Valdecy Urquiza. Até aí, nada surpreendente - tratam-se, afinal, de personalidades relacionadas ao mundo do Direito. Curiosa mesmo, porém, são as atrações culturais, que incluem os cantores Xand Avião, ex-Aviões do Forró; Bell Marques, ex-Chiclete com Banana; e Raimundo Fagner. Fala atribuída ao presidente da entidade promotora, Herbet Gonçalves Santos: "Estamos orgulhosos por recebermos e organizarmos evento tão grandioso para o Ministério Público brasileiro, quando teremos a oportunidade de discutir uma temática importante e urgente para a sociedade".

Enguiços

Em 2020, a empresa controladora da Aviões do Forró teve reconhecida pela Justiça Federal no Ceará dívida de mais de R$ 292 milhões com a Receita Federal. Já a Chiclete com Banana, que foi liderada por décadas por Bell Marques, figura num rol de procedimentos judiciais sobre temas diversos - entre tributários e de direitos autorais. Fagner, por sua vez, teve o início do sucesso como cantor marcado por uma rumorosa querela com a família da poetisa Cecília Meirelles, sob a acusação de plágio na canção "Canteiros". Todas essas questões são de conhecimento público e podem ser conferidas numa rápida consulta na Internet. O MP do PowerPoint ficou no passado?

Aí é demais!

A situação do deputado paulista Arthur do Val (sem partido), em vias de ser cassado após os bizarros áudios com conteúdo de exploração sexual de ucranianas, é tão ruim, mas tão ruim!, que até o economista Rodrigo Constantino se pronunciou. Ele chamou o parlamentar do MBL de "doente mental". Constantino é o bolsominion que admitiu publicamente a possibilidade não denunciar um agressor se a própria filha fosse víTima de estupro. Aliás, a médica Mayra Pinheiro, a "Capitã Cloroquina", também condenou o vulgo "Mamãe Falei".

O sertão vai virar mar

O Conjunto Ceará, bairro da região Sul de Fortaleza e 17km distante da Beira-Mar, pode ganhar uma praia. Ou quase isso. É que o vereador Antônio Henrique (PDT), presidente da Câmara Municipal, está propondo que a Prefeitura construa uma quadra de areia na Rua 202.

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17.3 (QUINTA)

Cada um por si, a Justiça por todos

Lulistas e correlatos lançaram uma campanha em resposta a ondas que ameaçam a política brasileira. É um "mutirão de vacinação contra fake news". A ação criou um serviço em se pode denunciar "desinformação, mentiras e fake news" que, segundo os organizadores, "vêm cada vez mais inundando a Internet". A página é https://lula.com.br/verdadenarede. A preocupação acaba se aliando à da Justiça Eleitoral, que vem fazendo forte carga na mídia para conter facções criminosas que atuam sobretudo em redes sociais espalhando mentiras. E que causam estragos desde 2018.

Sequência

Nas contas petistas, "ao longo de 2021, o presidente Jair Bolsonaro mentiu oficialmente sete vezes ao dia (em um impressionante total de 2.516 mentiras no ano), e segue espalhando fake news. Uma das atividades favoritas de Bolsonaro e de seus apoiadores é disseminar mentiras sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva". Os bolsonaristas não se manifestaram para contestar os números.

Direitos sob risco

Independentemente de que lado tenha partido a iniciativa, deve-se observar que qualquer medida que crie barreiras contra a infecção das consciências por lorotas deve ser saudada com atenção. O que está em jogo, enfim, são os direitos do cidadão e a Democracia. Seria interessante que a proposta, esTimulada pela Justiça, alcance todos os partidos e candidatos e, consequentemente, toda a sociedade. Afinal, os petistas focam mesmo é na figura de Lula, pouco ligando para Ciro Gomes (PDT), Sérgio Moro (Podemos), Bolsonaro (PL) e qualquer outro que entre no páreo.

Mantra

Fala do deputado Acrísio Sena (PT) sobre a Fraport, empresa alemã que explora o aeroporto Pinto Martins, em Fortaleza: "Queremos que respeite a história do povo cearense e devolva o nome de Pinto Martins ao aeroporto. O povo cearense merece respeito". Assim que passou a controlar o equipamento, em 2017, a Fraport tratou logo de "desbatizar" o equipamento, "desomenageando" o aviador nascido em Camocim. Acrísio promete repetir a cobrança a cada pronunciamento que fizer na Assembleia.

E o bigode?

Por falta de coisa melhor para fazer, o deputado bolsominion André Fernandes atacou raivosamente a empresa Netflix e o humorista Fábio Porchat. A Imprensa até deu bola para ele. E conseguiu que o Ministério da Justiça assediasse a distribuidora sob a acusação de "estímulo à pedofilia". Resta agora alguém cobrar à plataforma YouTube que remova vídeos em que o parlamentar ensina técnicas de depilação anal e simula o uso de drogas. Ou exija que o Twitter e o Google retirem fotos em que ele aparece com um bigode semelhante ao do ditador Adolf Hitler e fazendo a saudação nazista.

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19.3 (SÁBADO)

Vacina contra uma mazela social

A biografia do governador Camilo Santana (PT) vai destacar - e nem há razão para ser diferente - a maior promoção administrativa de militares da história do Estado. Ascenderam profissionalmente nesta semana, de uma só canetada, 82 PMs e 46 bombeiros. A medida pode ser avaliada friamente como funcional, justa e de ordem técnica, mas vai além disso. É que há o lado político. O Governo acabou abafando, assim, o monólogo da oposição sobre "direitos e prestígio" dos integrantes das corporações. É muito claro que desde 2012, com o moTim de PMs comandado pelo hoje deputado federal Wagner Sousa (Podemos), a segurança pública no Ceará foi convertida de tema político em alavanca de votos. A promoção se torna, por assim dizer, vacina contra uma mazela que tem deixado sequelas graves na sociedade.

Quem fez o quê

E a política tem, ainda, outra oportunidade de esclarecer para o cidadão situações, comportamentos e interesses que rondam quarteis, delegacias e entidades profissionais. É a retomada dos trabalhos da CPI do MoTim, que apura na Assembleia as responsabilidades pelo ilegal movimento de 2020. É óbvio que isso vai respingar na cena eleitoral, mas é um debate que não pode ser evitado nem adiado.

Retomada

A Escola Educar Sesc de Fortaleza abriu matrículas para pré-universitário. O curso prepara estudantes para concorrer ao ensino superior, mas é preciso ter concluído o ensino médio ou estar regularmente matriculado a partir do 2º ano. Há 45 vagas e a participação é camarada, com aulas online gratuitas para quem tem o cartão Sesc.

Boa nova

O ex-deputado estadual, ex-deputado federal e ex-vereador de Fortaleza João Alfredo está de volta à política. Ele, que é advogado e professor universitário, decidiu se candidatar este ano à Câmara federal.

O santo

Hoje é o Dia de São José, padroeiro do Ceará. Que o santo trabalhador irrigue consciências e responsabilidades.

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19.3 (SÁBADO)

A convergência dos divergentes

O governador Camilo Santana (PT) reuniu ontem, pela primeira vez, o Conselho de Ex-Governadores do Ceará. E pôs em torno da mesma mesa, com a cordialidade protocolar, pensamentos distintos sobre política e gestão pública. O encontro serviu para apresentar o projeto Ceará 2050 - plano de médio e longo prazos para enfrentar desafios de desenvolvimento. Compareceram Gonzaga Mota (1983-1987), Tasso Jereissati (1987-87, 1995-99 1999-2002), Ciro Gomes (1991-1994), Francisco Aguiar (1994-95), Lúcio Alcântara (2003-2007) e Cid Gomes (2007-11 e 2011-15). Água e óleo, como se vê.

Fica o alerta

O conselho não tem função deliberativa ou executiva. Nem sequer consultiva. Mas tem expressão em campos diversos. Ao juntar sob o mesmo teto nomes relacionados ao coronelismo, ao empresariado e à política profissional, entre outras áreas, Camilo acabou dando um aviso eloquente à política do Ceará: o de que não está disposto a rebaixar discussões ao subterrâneo da política, como tentam alguns grupos. Faz sentido.

Dançar pra não dançar

Entre os esforços de superação dos efeitos nocivos da pandemia cabem quanto boas piruetas. Nesse sentido, Fortaleza entrou no roteiro da Confederação Brasileira de Dança (CBDD) e receberá etapa de festival da entidade. De 4 a 8 de maio, haverá apresentações no Cineteatro São Luiz e no Teatro Rio Mar. A programação está em www.festivalcbddfortaleza.com.br.

Muito mais

O Festival não deve ser considerado um evento da "arte pela arte". Pelas circunstâncias, acaba sendo um manifesto político de quem produz arte, cultura e pensamento. Na perspectiva de fim da pandemia da covid-19, pode ser indicativo de como a sociedade se reagrupa e se fortalece. Já no contexto pré-eleitoral, pode inspirar boas reflexões para a cultura.

Digital

O projeto Conecta Ceará, do Comitê de Responsabilidade Social da Assembleia Legislativa, agendou para hoje (terça, 22 de março), seminário digital sobre a importância do trabalho multiprofissional no atendimento à pessoa com síndrome de Down. A proposta é de que a Casa supere as fronteiras da política convencional, em geral fria e técnica, e alcance o dia-a-dia dos cidadãos. O médico André Luiz da Silva Manganelli, neuropediatra, conduzirá o tema. O evento começa às 16h, na plataforma Zoom, no site www.zoom.us (ID da reunião: 917 2257 4446 e senha de acesso: 358663).

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23.3 (QUINTA)

As juventudes e o poder

A Prefeitura de Fortaleza está buscando entidade para gerir a Rede Cuca. O complexo reúne cinco equipamentos que realizam ações culturais, esportivas e de formação para jovens de 15 a 29 anos de idade. As unidades operam em regiões de reconhecida vulnerabilidade social: Barra do Ceará, Mondubim, Jangurussu, José Walter e Pici. A dinheirama envolvida é vultosa. O Município se dispõe a pagar até R$ 31,3 milhões por 12 meses - o que corresponde a R$ 2,608 milhões por mês; cerca de R$ 521 mil por unidade. Os recursos são do Fundo Municipal de Juventude, gerido pela Secretaria da Juventude de Fortaleza. Note-se que o cenário nacional é claramente adverso para jovens da periferia. Suprir essa lacuna pode ser a fronteira entre a falta de perspectivas e a dignidade.

Soltos na buraqueira

A propósito de invesTimento público, não é sem tempo que a Prefeitura cuide desde já - apesar da estação chuvosa - de uma operação tapa-buraco em Fortaleza. Quem dirige pela cidade sabe o quanto é necessário um recapeamento caprichado dos pavimentos. Taxistas e motoristas de aplicativo, por exemplo, já aflitos com os escorchantes preços dos combustíveis, não veem a hora de os gestores saírem dos gabinetes.

Você paga

Musa da direita bolsominion, a vereadora Priscila Costa não disfarça o olhar guloso que dedica aos votos no meio evangélico. É dela projeto na Câmara que inclui no calendário oficial de eventos do Município o centenário das Assembleias de Deus em Fortaleza, a ser celebrado com dinheiro público em 22 de novembro. E ainda quer realizar sessão solene para homenagear o Dia da Reforma Protestante, em 31 de outubro - com o contribuinte também bancando, claro.

Hora da verdade

A CPI do MoTim, na Assembleia Legislativa, aprovou ontem convite dois PMs e a uma ex-funcionária da Associação dos Profissionais da Segurança Pública, criada em 2013 pelo hoje deputado federal Wagner Sousa (Podemos), para que esclareçam situações do movimento ilegal de 2020. Daniel Oliveira Marques, Rêmulo Silva de Oliveira e Cleide Mara da Silva Arruda têm, segundo os deputados, muito o que esclarecer.

Troco

A propósito, em 2020 Cleide ingressou na Justiça do Trabalho com ação contra a entidade. E ganhou.

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26.3 (SÁBADO)

Por mares nunca dantes navegados

Camilo Santana entra amanhã na semana derradeira como governador do Ceará. A legislação eleitoral o obriga a renunciar se quiser disputar cargo eletivo em outubro próximo - e ele caminha a passos largos para tentar um mandato de senador. Dia 2 de abril, sábado, passa o bastão para a vice, Izolda Cela (PDT). É justo escrever que, nas duas temporadas no gabinete 01 do Palácio da Abolição, Camilo não encontrou bonança. Ao contrário. Teve mesmo foi de remar contra as ondas da seca, da escassez de invesTimentos, da quase inexistência de diálogo com as gestões de Michel Temer (2016-2018) e de Jair Bolsonaro (desde 2019) e, sobretudo, da inclemente e mortífera pandemia da covid-19. Não bastasse isso, foi seguidamente fustigado por opositores que enxergaram na segurança pública em trampolim para o poder. Mas é correto também, tanto quanto justo, escrever que Camilo deixa o Governo de cabeça erguida. Sai credenciado a buscar outros portos. Sai podendo olhar para as estrelas.

Portas abertas

Em julho de 2019 - sete meses após assumir o segundo mandato -, Camilo abriu portas para o deputado federal Wagner Sousa. O governador recebeu o adversário no gabinete, com polidez protocolar. Em vez de ouvir sugestões plausíveis, recebeu um esdrúxulo pedido de extinção da Controladoria-Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário, para o qual não deu importância nenhuma (deve-se considerar a hipótese de que nem Wagner levava a reivindicação a sério). Numa dimensão maior, a proposta, perigosamente anti-democrática, equivale a querer que se feche o STF.

Outra vez

No início de 2020, atribuiu-se a Wagner a articulação de mais um moTim nas corporações militares do Estado. Era ano eleitoral e o deputado disputaria mais adiante, perdendo para José Sarto, a Prefeitura de Fortaleza.

Nova oportunidade

É possível que os itinerários de Camilo e Wagner voltem a se cruzar neste ano. Camilo pleiteando o Senado, Wagner tentando o Governo - procurando, então, ocupar o lugar de Camilo. Trata-se de uma leitura inescapável: a de que a política, por submeter ao julgamento popular histórias distintas, em muitas ocasiões põe pesos e substâncias diferentes na mesma balança.

Estranho

A Assembleia Legislativa aprovou matéria em que o deputado Diego Barreto (PTB) propõe que se reconheça a competência do juízo arbitral para resolver litígios com o Estado do Ceará. É só projeto de indicação e não vale muita coisa, ok, mas deve-se ter em vista o arriscado precedente de admitir esvaziar o Poder Judiciário das funções constitucionais que tem.

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29.3 (TERÇA-FEIRA)

O que vem por aí?

Embora tenha movido opiniões e análises no fim de semana passado, o "caso Lollapallooza" não pode agora ser tratado como notícia "fora do prazo de validade". A censura contra o festival e os artistas que se apresentavam, protagonizada pelo presidente Jair Bolsonaro, o PL e o ministro Raul Araújo Filho, cearense que atua no Superior Tribunal de Justiça e no Tribunal Superior Eleitoral, tem gravidade especial. Por isso, impõe preocupações futuras. Afinal, se na pré-campanha o direito de expressão foi garroteado de forma tão acintosa - segundo juristas, desrespeitando fundamentos constitucionais -, o que se pode esperar para a campanha propriamente dita?

Pioneira

O Ceará está a caminho de ter ainda neste ano a primeira usina de hidrogênio verde. A unidade será operacionalizada pela companhia EDP no Complexo Industrial e Portuário do Pecém, em São Gonçalo do Amarante. A EDP firmou com o Governo do Estado acordo para invesTimento nesse sentido. Tamanhão do capital anunciado: R$ R$ 41,9 milhões. É um valor maiúsculo que, em cenários eleitorais, tem jeito de bilhete premiado.

Em cena

Há outro gigante de energias renováveis se movendo no Pecém. É a australiana Energyx, que planeja desembolsar US$ 5,4 bilhões para produzir H2V. O governador Camilo Santana (PT) assinou protocolos com 17 empresas internacionais, constituindo quadro que, diante da crise dos combustíveis que atinge sem controle o bolso dos brasileiros, pode deve chegar acelerando aos palanques políticos nacionais.

Números

Estudo da consultoria Neotrust indica que no início deste ano o comércio eletrônico no Nordeste tomou impulso de 27,6% se comparado aos resultados do mesmo período de 2021. A apuração foi articulada pelo Movimento Compre & Confie, de empresários do setor. Como o ano é eleitoral e está posto o desafio de retomada do desenvolvimento, estagnado desde 2016, o tema é uma das tendências no meio político. O potencial para a geração de empregos e para a receita tributário está, digamos, "na boca do caixa".

Merchã

Soma R$ 17,438 milhões a concorrência aberta pela Prefeitura de Fortaleza para colocar a cidade no mapa internacional de eventos de turismo e de negócios. A dinheirama, com a qual se pretende contratar empresa merchandising, vem do Banco de Desenvolvimento da América Latina, no Programa Cidade com Futuro, firmado em 2018 - ainda na gestão de Roberto Cláudio (PDT), portanto.

Opine

A Coluna do e o portal InvestNordeste recebem comentários, críticas e sugestões dos leitores. Contatos podem ser feitos pelo WhatsApp (85) 8144 5728 (mensagens de texto) e pelo email portalinvestne@gmail.com. Esta Coluna também é publicada no jornal Opinião (www.opiniaoce.com.br).


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31.3 (QUINTA-FEIRA)

O que cresce na gestão de Bolsonaro

Chama-se "pejotização" a transformação de trabalhadores com carteira assinada em pessoas jurídicas - daí a alusão aos PJs, ou "pejotas". É uma conversão forçada para muitos, imposta como condição de sobrevivência. Isso torna precárias as relações de trabalho e, como consequência direta, extermina direitos como aposentadoria e Fundo de Garantia de Tempo de Serviço, férias remuneradas, 13º salário e abonos. É o que ocorre, por exemplo, com motoristas de aplicativo e entregadores. Trata-se, no entender de especialistas, de uma perversidade econômica, que corrói bases do desenvolvimento e da segurança social. Saiba, então: o Indicador de Nascimento de Empresas da Serasa Experian revela que só em 2021 surgiram no Brasil 660.865 novas empresas. Não se pode afirmar, claro, que todos os novos CNPJs resultam desse processo, mas é certo considerar que boa parcela se inclui aí.

Havia o que Temer

Os dados do Serasa, empresa que monitora inadimplência de consumidores e outros fatores, mostram que o Brasil saltou em 2021 de 3.391.931 pessoas jurídicas para 4.052.796. O inchaço foi de 19,5% do que havia sido registrado no ano anterior. A série histórica do índice começou em 2010 e não havia apresentado taxa tão aberrante. Nem no período de Michel Temer (MDB) como presidente, quando se implantou a reforma trabalhista que eliminou uma série de direitos dos empregados.

Óbvio

A propósito, o relator da reforma trabalhista em 2017 foi o então deputado federal potiguar Rogério Marinho. Na época, era parlamentar tucano. Hoje, é ministro do Desenvolvimento de Jair Bolsonaro, a quem serviu como secretário Especial da Previdência.

Fogo amigo

Hoje, até bolsonaristas entortam o nariz para a pejotização. Palavras do deputado Jaziel Pereira (PL): "Não há geração de novos empregos, mas apenas o crescimento desenfreado da precarização das relações trabalhistas". Em 2019, Jaziel - que é médico - assinou projeto no qual propõe freio ao que definiu como fraude. Mais: "Na área da saúde a prática da "pejotização" é conduta costumeira, sobretudo para os médicos, com intensa precarização das condições de trabalho".

Cantilena

O deputado Heitor Férrer (SD) não gostou de saber que o Produto Interno Bruto do Ceará avançou 6,63% em 2021. "O PIB crescer e o povo viver na pobreza é paradoxo".

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Colunas abril/2022

Coluna de 2.4 (SÁBADO)

Política se faz com maturidade

Neste finzinho do governo de Camilo Santana (PT), a Assembleia Legislativa aprovou emenda que inclui o Programa Ceará 2050 na Constituição Estadual. O passo é de inquestionável maturidade política. Afinal, a ação visa ao planejamento de medidas de longo prazo que podem ser vitais para os cearenses. Independentemente de que força(s) estiver(em) no Palácio da Abolição nos próximos 28 anos, é necessário que haja articulação eficiente para setores da economia à saúde. Isso se faz em nome de interesses que ultrapassam fronteiras partidárias e ideológicas.

Atraso

Curiosidade: na análise na Comissão de Constituição, Justiça e Redação, a deputada Fernanda Pessoa (PSDB) pediu vistas da PEC - recurso para análise mais apurada de matéria, capaz de atrasar significativamente a tramitação. Ficou só nisso, porém.

Queixa

Mas nem tudo são flores na despedida de Camilo Santana. Ele passa hoje o bastão para a vice, Izolda Cela (PDT), em ato na Assembleia. Embora a gestão tenha sido promovido diálogos entre o Palácio da Abolição e diferentes segmentos, há quem cobre medidas para situações importantes.

Novo momento

E quem tem estrilado não é só a oposição. No lado progressista, o Centro de Defesa da Criança e do Adolescente, ONG atuante os anos 1990, diz que Camilo não nomeou as novas formações do Conselho Estadual de Direitos Humanos e do Comitê Estadual de Proteção e Combate à Tortura. Isso deixa em aberto um flanco vulnerável da sociedade. Resta para Izola receber e encaminhar demandas assim.

Podemos ter União?

A mudança do ex-juiz Sérgio Moro do Podemos para o União Brasil, desistindo de ser candidato a presidente, deixou um enguiço no Ceará. É que Moro diz que é oposição a Bolsonaro mas o União abriga o bolsominion deputado Capitão Wagner. Como o palanque vai se equilibrar?

Braço forte

Começa hoje a aplicação em Fortaleza da quarta dose da vacina contra a covid-19, para o público com mais de 80 anos de idade. Não é só uma ação sanitária - se fosse apenas isso já seria muito, considerando a letalidade da pandemia. É também uma medida política importante, que comporta esclarecimento, orientação social e respeito à ciência. A Prefeitura estruturou um esquema para, simultaneamente, imunizar pessoas contra a influenza.

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Coluna de 5.4 (TERÇA)

É o fim do PSDB?

O PSDB está se esfarinhando. E o Ceará, laboratório das pioneiras experiências político-empresariais do partido, não pode fazer nada para salvá-lo. Nem quer. O senador Tasso Jereissati, referência local da social-democracia, já anunciou que vai deixar o meio parlamentar e apoiar o ex-governador Camilo Santana (PT) na campanha ao Senado. Os restos do "ninho" estão ficando para o grupo comandado pelo prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa, que investe na candidatura do deputado Wagner Sousa (Podemos) ao Palácio da Abolição e que nunca teve identificação com os tucanos. É crise que chama? É.

Dória é só coadjuvante na tragédia tucana

A constatação é óbvia pela quizila aberta no partido com a pendular situação de João Dória, governador de São Paulo, diante da disputa pela sucessão de Jair Bolsonaro (PL). Mas que se faça justiça: com ralo 1% de intenção de votos nas pesquisas, se debatendo em baixíssimos índices de aprovação da gestão, não foi com Dória que o desgaste começou. Na verdade, o animador de desfile de cachorrinhos (sim, ele fez isso!) que chegou ao Governo paulista com a exótica e oportunista composição "Bolsodória" é personagem de menor importância num palco caótico. Vai agora, meio que à força, tentar o que sabe que não tem como conseguir.

No que deu

O adiantado estado de decomposição tucana teve início quando o então senador Aécio Neves (MG), derrotado nas urnas pela então presidenta Dilma Rousseff (PT), em 2014, golpeou a democracia abrindo um sistemático boicote ao governo. A manobra foi abraçada com entusiasmo por nomes como Fernando Henrique Cardoso, Arthur Virgílio e Aloysio Nunes. Aliando-se ao PSDB, o então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (então no MDB-RJ), deu o golpe final, articulando o impeachment. A consequência das maquinações, como se sabe, tem nome e sobrenome: Jair Bolsonaro.

Confronto

A Associação Cearense de Imprensa virou alvo da cobiça bolsominion. Um grupo que se alinha ao pensamento e à prática conservadoras se articulou para tentar abocanhar a entidade, fundada há quase 100 anos e que se faz marcar pela defesa da democracia e da pluralidade.

Monturo

O deputado Acrísio Sena (PT) avalia que o Brasil precisa reciclar, em nome de um meio ambiente saudável, pelo menos 2,6 milhões de embalagens por mês. Sabe o quanto se recicla? Acrísio responde: "Nem 5% disso".

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QUINTA-FEIRA (6.4)

*Precisamos prestar contas*

Vem de Salvador uma notícia auspiciosa. A Defensoria Pública estadual está provocando o Governo a rever homenagem feita em 1906 ao médico Raimundo Nina Rodrigues (1862-1906), que empresta nome ao Instituto Médico-Legal da Bahia. Embora reconhecido como profissional importante no meio científico, Nina Rodrigues foi formulador e propagador de teses racistas. Deve-se a ele, pode-se dizer, parte expressiva dos preconceitos étnicos e de falhas morais que ainda hoje assolam, dividem e envergonham a sociedade brasileira. Era um eugenista raivoso, como seriam os nazistas nos anos 1930-1940. Essa lição baiana de prestação de contas - mesmo tomada com um lapso de 116 anos - pode servir de algum modo para o Ceará. E muito.

*Nosso caso*

Há em Fortaleza uma rua (no Bairro Granja Portugal), uma escola pública de ensino médio (no Bairro São Gerardo) e uma praça (no Bairro Jacarecanga) com o nome do advogado, professor, político e jornalista Gustavo Barroso (1888-1959), intelectual que, entre outros feitos, presidiu a Academia Brasileira de Letras em 1932, 1933, 1949 e 1950. Barroso era integralista e, por isso, fascista. Defensor das ideias antissemitas, adaptou para o pensamento nacional fundamentos de Adolf Hitler.

*Letra*

A influência de Gustavo Barroso está tão enfronhada por aqui que até o Hino de Fortaleza - a representação musical e lírica do amor pela cidade - tem texto dele. Os versos rebuscados, entoados a cada sessão da Câmara de vereadores e em cada solenidade da Prefeitura, foram escritos por um admirador da política genocida que exterminou pelo menos 6 milhões de vidas na Segunda Guerra Mundial.

*Olhar*

Todas essas homenagens foram prestadas por instituições públicas. E é pertinente questionar, exatamente por essa razão, se devem permanecer. Afinal, é cabível o tributo a personagens de entranhas nocivas, que infeccionaram o organismo coletivo com tóxica discriminação? As reverências precisam ser revistas?

*Em justa conta*

Deve-se fazer isso não como revanchismo, mas como correção histórica. E como justiça. A Câmara de Fortaleza tem representações negras, femininas, cidadãs que podem e devem se pronunciar sobre isso. Aliás, têm a obrigação de não se omitir.

*Futebolítica*

Do deputado Renato Roseno (PSOL), contectando futebol e política: "No fim do ano, Brasil pega Camarões, Suíça e Sérvia na Copa. E Bolsonaro pega o beco..."

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TERÇA-FEIRA (12.4)

*Fim da linha?*

O vereador Ronivaldo Maia construiu uma carreira política com régua e compasso petistas: começou nos movimentos estudantis secundaristas, rumou para os meios universitários e, depois, para a vida sindical. Partiu, em seguida, para as entidades comunitárias e, enfim, conseguiu espaço - com o voto popular - numa casa legislativa. É uma história semelhante à de muitos. A diferença é que o destino dele pode ser decidido hoje (terça, 12.4). E a trajetória que cumpriu, inteirinha, pode ser jogada fora sem direito a reciclagem. Ronivaldo é acusado de tentativa de feminicídio, num episódio há pouco mais de quatro meses. A víTima seria ex-amante dele. O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara de Fortaleza deve analisar hoje parecer do vereador Luciano Girão (PP) que trata da continuidade do processo de cassação.

*Náufrago*

Ronivaldo está só num oceano de adversidades. Colegas da Câmara não lhe manifestam simpatia ou solidariedade, as mínimas que sejam. Nem a ex-prefeita Luizianne Lins, hoje deputada federal, líder do grupo o qual o vereador integra(va), mexeu uma palha para salvá-lo da fogueira.

*Filme queimado*

A explicação para o abandono vai além de ritos partidários ou institucionais e das convenções morais. É a conjuntura política. Ronivaldo ocupou manchetes policiais por um ato que aniquila qualquer imagem. Tentar matar mulher é crime sem perdão. Ninguém quer ter isso grudado nas costas, sobretudo em temporada de disputa eleitoral. Simples assim. E arrasador.

*Elementar, meu caro Watson...*

A Assembleia Legislativa abriu portas ontem para celebrar o Dia Estadual do Investigador Profissional. A data integra o calendário oficial de eventos do Ceará desde 2021, por iniciativa do deputado bolsominion Francisco Cavalcante.

*Sempre o Centrão*

Segue na Câmara dos Deputados um golpe silencioso que, se passar, enfraquecerá brutalmente as condições de gestão do País. É o Grupo de Trabalho que analisa e debate o sistema semipresidencialista. O colegiado é presidido pela deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), mas tem maioria direitista. Dos 10 parlamentares que o compõem, seis são bolsonaristas. E o relator é um tucano paulista, Sandro Moreira. No semipresidencialismo, a chefia do governo cabe a um primeiro-ministro eleito pelo Congresso Nacional. E que dá as cartas no Congresso?

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QUINTA-FEIRA (14.4)

roberto.maciel@opiniao.ce.com.br

*O desafio do título*

A Justiça Eleitoral segue até 4 de maio com a expedição de títulos para votação ainda neste ano. A data serve para documentos novos ou para a transferência de domicílio. Serve, ainda, para a regularização de pendências. Nesse contexto, deve-se observar com atenção especial a importância de se chegar ao público jovem - o grupo de 16 e 17 anos de idade, vital para a democracia. É que esse eleitorado vem sendo bombardeado cruel e impiedosamente pela deletéria antipolítica, aquela argumentação estúpida de que "todos são corrutos, todos são farinha do mesmo saco" e que nivela por baixo o pensamento, a vontade e as decisões populares. É um grave atentado contra os direitos sociais, armado com a mais letal ignorância. Combater essa mazela moral é tão importante quanto imunizar contra doenças do corpo. Mas quem pode ser contra vacinas?

*Verde-oliva e azul*

Não há nada, absolutamente nada, que defenda as Forças Armadas brasileiras do fato de terem comprado 35 mil comprimidos contra disfunção erétil - isso dá, em média, um para cada 10 militares, sejam homens ou mulheres. Nada mesmo. Pode-se até alegar que os remédios são também usados em tratamentos de doenças como fibrose cística, mas não há demanda nas corporações para quantidade tão grande.

*Braço forte, mão amiga (ou "pagando mico")*

Mas é possível, no entanto, que o desejo político do governo Bolsonaro de desmoralizar o Exército, a Marinha e a Aeronáutica seja tão rígido que o faz irracionalmente inspirar todo tipo de gracejo nas redes sociais. Se sim, conseguiu-se impor o ridículo mais uma vez. Afinal, nunca se viu tanta chacota com militares como nos úlTimos dias.

*Aquilo roxo*

O deputado Leonardo Pinheiro (PP) quer inserir no Calendário Oficial de Eventos do Ceará a campanha "Março Roxo". Diferentemente do que os maliciosos possam imaginar, não há relação com a folclórica e ridícula bravata machista do ex-presidente Fernando Collor de Melo. É, na verdade, alusão a atividades de conscientização sobre a epilepsia. É sério, portanto.

*Olhar*

A Prefeitura de Fortaleza vai escolher 40 propostas de artistas plásticos para fazer paineis de cerâmica em escolas públicas. Serão produzidos 40 painéis - que ficarão em 27 unidades municipais e 13 estaduais. Cada peça receberá prêmio de R$ 1,5 mil, somando R$ 60 mil. A Vice-Prefeitura está cuidando dos procedimentos, visando a cumprir a chancela Fortaleza Cidade Criativa do Design, concedida pelo órgão da ONU em 2019.

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SÁBADO (16.4)

*A cautela permanece indispensável*

O uso de máscaras contra a covid-19 está abolido no Ceará. Ou quase. Sem exagero, pode-se dizer que o cidadão respira melhor. Decreto da governadora Izolda Cela (PDT), que vigora desde ontem, oferece a escolha para que não se use a proteção em espaços fechados, excetuando-se equipamentos de saúde e de transporte público. No entanto, é necessário observar que o coronavírus ainda paira por aí, após mais de 662 mil mortes no Brasil, tirando e ameaçando vidas sem diferenciar nome e sobrenome, etnia, religião e extrato bancário. O decreto de Izolda pode ser avaliado como um tributo aos decretos anteriores, baixados por Camilo Santana (PT), e um reconhecimento ao valor das vacinas e ao empenho das pessoas conscientes. Mas, mesmo que importante, deve ser visto ainda com cautela. Ninguém é obrigado a não usar máscara, afinal.

*Gesto político*

E não se pode deixar de considerar a carga política do decreto de Izolda Cela. A decisão alcança todos os meios da sociedade, com destaque para o comércio, as igrejas e as escolas. É uma medida que, assim como as consequências, terá de ser analisada com seriedade e atenção por diferentes segmentos.

*Bateu, levou*

O deputado e advogado Renato Roseno (PSol) bateu firme na gestão da Universidade Federal do Ceará, que, como se fosse um partido, atingiu em nota pública a associação que representa os docentes da instituição. "(A reitoria da UFC,) Uma das instituições mais respeitadas do Ceará, com inúmeras contribuições à sociedade brasileira, mostra que não há limite para a truculência e a fraqueza", disse Renato.

*Sem cortesia*

O pivô da quizila foi uma denúncia da Adufc sobre a conduta de um grupo de estudos da UFC no combate à pandemia da covid-19. Em retaliação, o reitor e advogado Cândido Albuquerque - que oscila na órbita do bolsocirismo - emitiu uma dura nota contra a entidade. É o tipo da situação em que não cabe data venia.

*Século sem transparência*

Por conta do sigilo com que o presidente Jair Bolsonaro (PL) esconde a agenda oficial, a citação bíblica da qual se apropriou - "E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará" (João 8:32) - bem que poderia ser reescrita ao estilo dele: "E conhecereis a verdade e, daqui a 100 anos, quem sabe, a verdade vos libertará".

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COLUNA (TERÇA, 19.4)

A notícia não é surpreendente, mas sempre será preocupante: "Preços mais altos do que inflação e renda estagnada deixarão brasileiros mais pobres ao longo do tempo". A base é matéria veiculada domingo úlTimo pelo portal UOL, da Folha de S. Paulo. Não surpreende porque a população já vem sentindo desde 2019 a escalada do custo de vida, associada à inexistência de políticas de desenvolvimento. E preocupa porque, mesmo diante da possibilidade de uma guinada intensa nos rumos do País, não se enxerga perspectiva de desatolamento em curto e médio prazos. O fato é que o Brasil está numa enrascada determinada não apenas pelo questionado e questionável governo de Jair Bolsonaro, mas pela conduta irresponsável de que criou condições para tal.

Custo de vida

Diz lá que a cesta básica custa hoje 50% mais do que em 2020. E que o descontrole de preços pode ser exemplificado pela constatação de que um carro usado pode agora valer mais do que quando era zero quilômetro. Enquanto o caos se avoluma, o presidente da República monta em motocicletas e, ludicamente, acelera por cima da lei e faz campanha eleitoral antecipada.

Escada

Esse quadro faz o brasileiro, sobretudo o da classe média, encarar um dilema: após o crescimento de 2002 a 2012, que chegou a 53% da população, segundo estudo da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, vale a pena voltar para a pobreza? A SAE verificou que, nos 10 anos apurados, 35 milhões de pessoas avançaram alguns níveis nas escalas econômicas e sociais.

Livros e livres

Segue até o próximo dia 22 a campanha "A Leitura Liberta", realizada pela Assembleia Legislativa do Ceará, por meio do Comitê de Responsabilidade Social e do Centro de Mediação e Gestão de Conflitos. A iniciativa visa a arrecadar livros, que serão doados para o sistema prisional do Estado. Internos que comprovam a leitura de livros durante o cumprimento de sentenças, podem aliviar o tempo das penas.

Castelo de Greyskull

O vereador João Germano Medeiros, vulgo "Germano He-Man", quer que a Prefeitura de Fortaleza construa uma creche para idosos no Bairro Vila União. A ideia pode ser até boa, mas He-Man não explicou do que se trata. Nem de onde sairá o dinheiro para a obra e a manutenção.

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COLUNA (QUINTA, 21.4)

*O milagre do desaparecimento*

Pesquisa de intenção de voto feita no Ceará pelo Ipec, empresa da ex-diretora da Ibope, Márcia Cavallari, sumiu, desapareceu, escafedeu-se. A sondagem apresentava oito cenários para o Governo do Estado - com os candidatos Adelita Monteiro (PSOL), Capitão Wagner (PDT) e, alternadamente, os pedetistas Roberto Cláudio, Mauro Filho, Izolda Cela e Evandro Leitão. Seriam feitas 800 entrevistas entre 6 e 12 úlTimos, com divulgação a partir do dia 13. Não haveria perguntas sobre candidatos ao Senado. Mas o resultado não foi exibido.

*Oi, sumida!*

A pesquisa havia sido encomendada pela TV Cidade, afiliada da rede Record. Ambas as empresas têm ínTimas relações com o bolsonarismo - a Record pertence ao chefe da Igreja Universal do Reino de Deus, Edir Macêdo. Os formulários estão neste link: https://portalinvestne.com/?p=63671.

*A política de peito aberto*

Tramita na Câmara dos Deputados projeto que altera o Código Penal e esclarece que a mera exposição do corpo humano acima da linha da cintura, em qualquer ambiente público, "especialmente em praias, margens de rios e piscinas" não deve ser considerada ato obsceno. No fim das contas, a ideia é que a prática do topless não seja criminalizada, simples assim. O fato é que, pelas normas atuais, mulheres que expuserem os seios em locais públicos podem ser apenadas na forma da lei. Estariam, conforme o entendimento corrente há décadas, cometendo o tal do "ato obsceno". Acredite: em pleno século XXI, a política do Brasil tem de gastar energia com um assunto que remonta a 1940.

*A letra fria da lei*

O artigo 233 do Código Penal Brasileiro determina que "praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público" é "ultraje público ao pudor", passível de "detenção, de três meses a um ano, ou multa". Dependendo dos humores do magistrado, ou mesmo de um policial, uma mulher que expuser o seio para amamentar o filho num shopping center, por exemplo, pode cair nessa malha legal. O mesmo vale para quem tirar a parte de cima do biquíni na praia.

*Onde, quem, como*

O texto é assinado pelo deputado Paulo Ramos (PDT-RJ) - que é explícito no propósito de preservar direitos femininos - e vai passar pelas comissões dos Direitos da Mulher e de Constituição e Justiça e de Cidadania. Ainda não está definida a composição dos colegiados por bancadas partidárias. Por isso, não se sabe da participação de parlamentares cearenses nas discussões. Só depois desse trâmite é que o projeto seguirá para votação em plenário.

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COLUNA (SÁBADO, 23.4)

*Para onde que os brasileiros olham antes de votar*

Saúde e emprego são os temas que mais influenciam neste ano na intenção de voto dos brasileiros. Após mais de 662 mil mortes pela covid-19, sem contar as denúncias de que quadrilhas tentaram desviar dinheiro destinado a vacinas - o que foi apurado em CPI no Senado -, e diante da legião de mais de 12,4 milhões de desempregados, essa informação não deverá ser bem deglutida pelo governo de Jair Bolsonaro. Mas é o prato do dia. O dado foi levantado bem longe das bancadas de oposição - que, em tese, podem usá-los à exaustão durante a temporada eleitoral. Quem os desvendou foi uma multinacional insuspeita, a operadora de telefonia Tim. Segundo pesquisa da empresa, na qual se ouviram 186 mil pessoas, 19% têm saúde como tema principal e outros 19% citam o emprego.

*Dá pra piorar*

Se essa não é uma notícia boa para Bolsonaro, o detalhamento dos números também não melhora o cenário para ele. Outras pautas citadas são educação (16%), projetos sociais (15%), economia (15%), segurança pública (14%) e saneamento básico (13%) - em todos há largas e profundas lacunas sofridas pelos brasileiros.

*Dá pra piorar muito mais*

Não bastando o abismo diante do qual a gestão de Bolsonaro se encontra, conforme a pesquisa da Tim, há o outro lado da moeda. É lá em que estão as características dos candidatos que são respeitadas pelo eleitor. E dissera os ouvidos pela empresa: "projetos já realizados (17%), a experiência política (13%) e a forma como trata os eleitores (13%)".

*Olhos e ouvidos atentos*

E é recomendável que candidato nenhum se meta a besta de fugir de debates. A operadora apurou que 51% dos entrevistados acompanham os confrontos - desses, 28% durante toda a campanha e 18% só nos momentos próximos às eleições. Mais: 63% disseram ser a favoráveis ao voto obrigatório.

*Na Beira Mar*

A Prefeitura de Fortaleza está em busca de quem tope explorar, por meio de concessão, quiosques e lojinhas nos espigões das avenidas Rui Barbosa e Desembargador Moreira, na Beira Mar. Serão 22 espaços, nos quais devem ser vendidos souvenirs, artesanato, artigos esportivos e de moda praia e alimentos, entre outros. Também haverá espaços para operadoras de turismo e prestadores de serviços como massagistas e - creia! - iogues. A soma que o Município pretende arrecadar supera R$ 6 milhões.

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COLUNA DE 26.4 (TERÇA-FEIRA)

*Não há nada de Novo*

O direito de greve dos servidores públicos, consagrado na Constituição de 1988, está na mira do Novo - partido político que, apesar do nome, se posiciona a favor de pautas conservadoras e antipopulares. Tramita na Câmara federal projeto do deputado Gilson Marques (SC) que propõe a "regulamentação do direito de greve" dos trabalhadores dos municípios, estados e União. Um dos pontos destacados é o do desconto automático nos salários dos dias de paralisação. Sobre isso, a legislação vigente já estabelece que "em nenhuma hipótese, os meios adotados por empregados e empregadores poderão violar ou constranger os direitos e garantias fundamentais de outrem". Mais: "É vedado às empresas adotar meios para constranger o empregado ao comparecimento ao trabalho, bem como capazes de frustrar a divulgação do movimento".

*O tom do "diálogo"*

O texto de Gilson Marques abre porta para a demissão por justa causa de empregados do serviço público que participarem de greves julgadas ilegais. E desconsidera dias não trabalhados para fins de tempo de serviço, estágio probatório, progressão, benefícios, férias ou previdência. É com esse tipo de proposta que o Novo pretende mais uma vez, pedir votos aos trabalhadores. O partido não tem deputados federais no Ceará.

*Vai que ofende, né?*

O deputado André Fernandes (PL) responde pela tramitação no Ceará de projeto que inclui no Calendário Oficial de Eventos do Estado o "Dia do Orgulho Heterossexual", indicando o terceiro domingo de dezembro. Se soubesse que o presidente Jair Bolsonaro, de quem é devoto, seria retratado com gay no desfile de Carnaval na Escola Gaviões da Fiel (SP), no último dia 22, talvez André não fosse tão longe. Em temas assim, afinal, é bom ter sempre um pé atrás.

*Do berço do bolsonarismo*

A propósito, a origem política da André Fernandes é a mesma de Kim Kataguiri e Arthur "Mamãe Falei" do Val (União Brasil) e Gabriel Monteiro e Daniel Silveira (PL). Precisa dizer mais?

*Ciro sendo Ciro*

O presidenciável Ciro Gomes (PDT) tem sentido o peso da responsabilidade de ter, em 2018, viajado para Paris (França) e se omitido de se engajar no segundo turno das eleições. Há quem ache que, assim, ele escancarou uma BR para Jair Bolsonaro chegar à Presidência. Agora, Ciro vem dizendo aos quatro ventos que votou, sim. E em Fernando Haddad (PT). Acredite se quiser.

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COLUNA DE 28.4 (QUINTA-FEIRA)

*Coma menos carne, diz o PV*

Para uns, pode parecer engraçado; para outros, curioso. Diante disso, fique à vontade para avaliar a informação a seguir: o Partido Verde está propondo a redução do consumo de carne para minimizar os efeitos do aumento de temperatura na Terra. O argumento é o de que "a redução (...) é estratégica tendo em vista que a pecuária e a criação de animais para produção de laticínios e ovos provocam emissões de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso". E define: são os "três principais gases do efeito de estufa". O PV foi um dos partidos que apoiaram as manobras parlamentares que, em 2016, resultaram no impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT) e, dois anos mais tarde, favoreceram a eleição da Jair Bolsonaro (então no PSL).

*Efeito sobre o efeito*

A gente avisa ao PV ou é mehor deixá-lo descobrir sozinho que um quilo de carne não está acessível mesmo para a classe média? E que isso tem levado o cidadão, ainda que na marra, a "minimizar os efeitos do aumento da temperatura na Terra". O PV não sabe ainda, mas a política econômica do governo de Jair Bolsonaro (PL) está se encarregando de contribuir - veja só a ironia! - com a redução do nocivo efeito estufa.

*Inflação no lombo do gado*

Trecho de matéria do portal G1 em fevereiro passado: "Em 2021, o rebanho brasileiro totalizou 221 milhões de cabeças, um recorde histórico. Ainda assim, a cesta de carnes bovinas acumulou uma inflação de 13,85% no período, devido a fatores como a redução do abate dos animais diante da suspensão de importações de carne bovina pela China e de boicote a importações da proteína animal pelos países europeus".

*Questão de método*

A Sociedade Vegetariana Brasileira encomendou ao instituto de pesquisas Ipec, sucessor do Ibope, estudo sobre consumo de proteínas no País. Apurou-se que 46% dos brasileiros estão deixando de consumir carne pelo menos uma vez na semana. Aí vem outra curiosidade: uma empresa lançou programa para ajudar quem quer tirar a carne e outros produtos de origem animal do prato. Se batizasse o método de "Bolsonaro" ou "Paulo Guedes" estaria homenageando um tipo de eficiência muito, muito peculiar.

*Inquisição*

Tramita na Câmara de Fortaleza projeto que cria uma tal "política de transparência" nas escolas municipais. O texto foi assinado pelo vereador bolsonarista Carmelo Neto (PL). Há quem veja na proposta tentativa de perseguir ideologicamente estudantes e professores.

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COLUNA DE 30.4 (SÁBADO)

*Moro sempre soube: Lula é insubstituível*

O ex-presidente Lula (PT) pode vencer as eleições no primeiro turno ou ingressar no segundo com larga vantagem sobre o adversário Jair Bolsonaro (PL). A conclusão é do jornalista Mateus Leitão, da revista "Veja", que, comparando pesquisas, registrou que há um ano o petista tem média de 44% das intenções de voto. O analista é insuspeito: filho da jornalista Míriam Leitão (O Globo), entusiasta do impeachment de Dilma Rousseff, é irmão do também jornalista Vladimir Netto (TV Globo), que, na onda do lavajatismo, escreveu biografia bajuladora do então juiz Sérgio Moro. Não é "comunista" nem "petralha". O que Mateus, a mãe e o irmão não demonstram (ainda) ter notado é o que o dito Moro notara há mais de quatro anos: Lula é insubstituível. Quando trancafiou Lula na cadeia em 2018, sonegando-lhe a disputa eleitoral com sentenças questionáveis, o chefe da Lava Jato tinha essa certeza. Foi assim que se aproximou de Bolsonaro e virou ministro. Agora, sem tônus político, tratado como traidor pelo poder que germinou, Moro volta a enxergar a realidade que havia batido a sua porta e a qual quis soterrar: "Lula é insubstituível".

*Cumpra-se*

A propósito do ex-juiz, a Comissão de Direitos Humanos da ONU reconheceu as armações que ele cometeu. De herói anticorrupção a terceira via, desabou a espantalho do (mau) direito.

*Expelido*

Os dados comparados por Mateus Leitão mostram que Bolsonaro também ficou estável, com variação de 23% a 26% de março de 2021 a abril de 2022. Quando o ex-juiz foi definitivamente expelido do organismo político, Bolsonaro até teve crescimento expressivo - 5% em abril. Ainda assim, está longe de Lula.

*Esforço*

Seguidor nenhum de Bolsonaro pode acusá-lo de leniência, desânimo, pouco caso ou preguiça diante do destino que eventualmente terá. Com esforços visíveis, ele tem feito de tudo para manter o mando: distribui verbas ao Centrão, xinga ministros do STF, ameaça dar golpe de Estado, espalha fake news, manipula a Polícia Federal e atiça as Forças Armadas contra as instituições. E faz campanha eleitoral antecipada. Bolsonaro nunca deixou de ser Bolsonaro.

*Exemplo*

O presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Evandro Leitão (PDT), atirou no que viu e acertou no que não viu. O êxito da campanha "A Leitura Liberta", que arrecadou 10 toneladas de livros para o sistema prisional, está estimulando entidades da sociedade civil em mobilizações similares. Umas querem, ainda, doar volumes. Outras querem conhecer a experiência para replicá-la.


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Colunas maio/2022

COLUNA DE 3.5 (TERÇA)

*"Ustra não pode vencer"*

Assombrado por fantasmas de verdugos da ditadura - que torturaram, mataram e expulsaram brasileiros nos anos 1960 e 1970, subjugando a democracia e as liberdades do cidadão -, o secretário da Cultura do Ceará tomou fôlego e escreveu artigo no jornal "O Povo". Fabiano dos Santos Piúba, historiador, poeta e ensaísta, escreveu que "Ustra não pode vencer". O texto faz referência a um conhecido carniceiro da ditadura no Brasil, psicopata que nos anos 1960 e 1970 aplicou extremos de crueldade à violência política adotada pelo governo. Registrou Piúba: "O atual presidente é só um androide neste Brasil que mostrou sua cara no espectro Ustra. Um campo de força político reacionário, preconceituoso, racista, fascista, negacionista e de extrema direita que armou Jesus Cristo até os dentes".

*E não venceu*

Nada no artigo do secretário merece reparo. Cabe um acréscimo, apenas: o coronel Brilhante Ustra não pode vencer e não venceu. Ele e a amoral conduta que exalava foram derrotados pela democracia - terror que os atormentava. Há, de fato, a tentativa de exumar a fedorenta memória do torturador - 663 mil mortes pela covid-19 são prova disso. Esse é um rosnado raivoso, o qual a sociedade não pode mesmo ignorar, mas que Ustra e sua milícia perderam, perderam.

*Fé na história*

A propósito, o livro "Brasil: Nunca Mais" (Ed. Vozes, 1985) tem as assinaturas de três corajosos combatentes que humilham Ustra e os que o elogiam: dom Paulo Evaristo Arns, rabino Henry Sobel e pastor presbiteriano Jaime Wright. Leitura obrigatória para se entender o Brasil de hoje.

*Tá ruim?*

O Comitê de Política Monetária do Banco Central faz reunião hoje e amanhã. Das calculadoras dos tecnocratas da economia deve sair nova alta da taxa Selic, que baliza os juros no País. Não é para menos. A inflação segue numa galopada desvairada e os juros reais, que descontam a inflação da taxa nominal, estão negativos.

*Pode piorar*

O cenário tende a ficar mais obscuro porque os remédios são inúteis. Os juros negativos funcionam como estímulo ao consumo e, por consequência, à inflação. Mais: o poder de compra do dinheiro aplicado em títulos remunerados pela Selic nos últimos 12 meses, mesmo com os juros, está abaixo do de abril de 2021.

*Ria, nem que seja de nervoso*

Vale, diante desse abismo, rir um pouco de piada imortalizada pelo ministro Paulo Guedes: "Entro no supermercado e as pessoas me agradecem". Responda, caro leitor, cara leitora: que tipo de agradecimento o senhor e a senhora têm a fazer?

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COLUNA DE 5.5 (QUINTA)

*O segundo ato de Lula na Time*

A revista mais conceituada dos Estados Unidos e uma das mais conhecidas do mundo, a Time, está veiculando entrevista com o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Longa conversa com a repórter Clara Nugent recebeu o título de "Lula's Second Act - Brazil's most popular leader seeks a retun to the Presidency" (O segundo ato de Lula - o mais popular líder do Brasil procura voltar à Presidência). A Time não tem no histórico a cultura das previsões. O espaço que dá ao petista tem muito a ver com as perspectivas com que o mercado internacional - incluindo aí a economia, a política e a tensa diplomacia - vem tratando o cenário pré-eleitoral do País. Não é à-toa, portanto.

*Faz-me rir*

Ainda para manter o foco na Time: a revista foi vítima de fake news bolsonarista. No começo deste ano, circularam montagens toscas de capas da publicação que apontavam o presidente do Brasil como "Homem do Ano" e como indicado ao Prêmio Nobel da Paz de 2022.

*O que vem por aí?*

E para manter o foco nas fake news, desde ontem os meios políticos especulavam sobre que notícia falsa (ou ameaça à democracia) pode desabar sobre o Brasil após a publicação e a repercussão da entrevista de Lula.

*Terra da luz*

A Assembleia Legislativa debate hoje, às 14h30min, a lei que combate o trabalho escravo no Ceará. A proposta, do deputado Elmano Freitas (PT), prevê a criação de vagas em ações públicas para vítimas de situação análogas à escravidão.

*Cadeira elétrica*

A Enel não esperava por isso, mas vai virar a vedete da retórica eleitoral no Ceará neste ano. Pra não tomar nenhum choque brabo, vai ter de mobilizar uma bancada de parlamentares que simpatizam com a empresa. Mas quem?

*Saiu barato*

Pesquisa do Instituto Invox Brasil sobre os humores do eleitorado do Ceará, com Roberto Cláudio (PDT) com 39%, liderando o páreo para governador, e Wagner Sousa (União) com 37%, saiu de graça para o ex-capitão. Wagner foi, afinal, apresentado a uma parcela votante que só sabia da existência dele por causa dos motins que comandou na PM.

*Quem é quem*

A propósito, a pré-campanha progressista já elegeu a meta de desmontar a imagem de "especialista em segurança pública" que Wagner tenta construir para si. "Nunca comandou nenhuma operação. A rigor, nunca nem dirigiu nem um camburão", ironiza um deputado do PDT.

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COLUNA DO (7.5 - SÁBADO)

*A história e seus paralelos*

A Coluna de hoje tem apelo histórico, observando a cena caótica da política alemã nos anos 1920 e 1930 - na qual reinava ódio racial, discriminação social e perseguições ideológicas - e suas similaridades com a brasileira. Em escaramuças provocadas por nazistas fanáticos, destacava-se um troglodita bombado chamado Ernst Röhm, ex-militar conhecido pela agressividade contra judeus e outras minorias. Foi descrito como "soldado profissional corpulento, de pescoço taurino, olhos penetrantes, rosto marcado de cicatrizes". Quebrava placas e fazia discursos atemorizantes. Em várias ocasiões foi parar na cadeia, mas sempre obtinha perdão de Hitler. Sabia demais. Desprezava o que quer que fosse progressista ou que tivesse relação com a Justiça. "Uma análise de seus escritos mostrou que ele usava palavras como 'prudente', 'compromisso', 'intelectual', 'burguês' ou 'classe média' quase invariavelmente em sentido pejorativo; suas expressões positivas e de admiração incluíam 'robusto', 'temerário', 'implacável' e 'fiel'", registrou o historiador Richard Evans. Röhm teve papel fundamental na formação de milícias de nazistas, tornando o ideário do fascismo uma espécie de mantra, de regra de vida.

*Fim*

Incontrolável, Röhm exigia mais e mais poder. Achava que tinha os líderes nas mãos. Por isso, foi excluído por quem o atiçava contra a democracia. Foi trancafiado. Sem soluções, os mentores resolveram livrar-se dele definitivamente, mandando que se suicidasse na cela. Indisciplinado, recusou-se a tirar a própria vida. Os "amigos" deram cabo dele pessoalmente, então, em 30 de junho de 1934. Sabia demais, mas não conhecia os limites dos "amigos".

*Hoje em dia*

O deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) subscreve projeto de Bia Kicis (DF) e Carla Zambelli (SP), entre outros bolsonaristas, que prevê crime de "falsa acusação de nazismo", propondo pena de dois a cinco anos de prisão e multa. Silveira é o parlamentar que afronta o Judiciário e ameaça a vida de ministros do STF. É o que recebeu indulto de Jair Bolsonaro. É o que sabe demais.

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COLUNA DE 10.5 (TERÇA)

*Alguém paga pelo desequilíbrio*

Enquanto o brasileiro segue desenbolsando R$ 8,20 (ou mais, dependendo da cidade) por litro de gasolina e o diesel tem aumento de 8,81%, o governo de Jair Bolsonaro e os acionistas da Petrobras estão enchendo as burras de dinheiro. Em meio ao conversê aparentemente inconformado e indignado de defensores da privatização, a estatal Pré-Sal Petróleo (PPSA) arrecadou R$ 642,1 milhões. Sem contar os R$ 44,5 bi abocanhados pela própria petroleira nos últimos três meses. Faturamento jorrando em meio a uma crise torturante, então - e alguém, claro, paga por isso. A dinheirama da PPSA, sobretudo, da venda de óleo dos contratos de partilha de produção dos Campos de Mero e do Entorno de Sapinhoá e da Jazida Compartilhada de Tupi, no Polígono do Pré-Sal, entre Santa Catarina e Espírito Santo. Produz-se muito, como se nota, e lucra-se muito mais. Não é à-toa, portanto, que há tanta gana do rentismo em vender a empresa.

*Recorde*

A PPSA é uma empresa da União. Foi criada em 2013, na gestão de Dilma Rousseff (PT), para gerir contratos de partilha de produção e a venda de petróleo e gás natural, além de representar a União nos acordos de individualização da produção.

*Poço*

A Pré-Sal Petróleo cavando tanto dinheiro que só a receita dos primeiros quatro meses de 2022 chega à metade da de 2021 inteirinho - que foi ano recorde da série histórica da empresa. No ano passado, a União recebeu R$ 1,22 bilhão pela comercialização de petróleo e gás natural.

*Você paga*

Para este ano, enquanto o consumidor amarga altas seguidas e escorchantes dos preços dos combustíveis, a PPSA calcula que arrecadará R$ 3,8 bilhões.

*Diga lá*

Prefeituras começam a receber nesta semana correspondência do Pacto pelo Saneamento Básico do Ceará. O documento expõe resultados de estudos e indica para gestores municipais projetos aos quais podem haver adesões. Em ano eleitoral, costuma jorrar de ações assim uma diferença danada.

*Conta outra*

O vereador bolsominion Jorge Pinheiro pôs para tramitar na Câmara projeto que cria em Fortaleza programa de leitura de "clássicos da literatura" na rede Cuca.

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COLUNA DE 12.5 (QUINTA)

*Além do desemprego, o desespero*

Pode parecer esquisito num País com tão largas desigualdades e tão profundas demandas, mas é verdade: desembarcou no Brasil um movimento definido como "Eu me demito!" A lógica tem objetividade desconcertante - se o trabalhador sofre com as funções que tem, deve pedir as contas. Isso não parece ser só modismo, visto que envolve saúde física e mental e se relaciona com economia e política. Expressões como burnout, estresse, depressão e ansiedade permeiam esse cenário caótico. Espera-se que parlamentos e governos enxerguem, além da tragédia do desemprego, os dramas de trabalhadores que, premidos pela sobrecarga, por cobranças de metas e pelo assédio moral, agora penam com um cruel paradoxo: o de precisar largar o ganho de vida para poder sobreviver.

*Covid-19 e a política*

A covid-19, que já matou cerca de 665 mil brasileiros e que tende a ter peso político decisivo neste ano, está entre as abordagens de "Pandemias que Afetaram a História da Humanidade", exposição que o Memorial Deputado Pontes Neto, da Assembleia Legislativa do Ceará, apresenta até dia 20.

*Retomada*

A mostra é uma das primeiras atividades da Assembleia abertas ao público após o fim das restrições impostas pelo enfrentamento da covid. Além do resgate histórico, enfocando pandemias como as da aids e da gripe espanhola, a exposição tem caráteres didático e moral. Como diz a curadora Marinêz Alves Feitosa, mostra-se ali "o quanto o ser humano é capaz de superar as tragédias que podem afetá-lo".

*Além da paisagem*

O pré-candidato a governador Roberto Cláudio (PDT) conversa hoje com empreendedores do turismo no Litoral Leste. O encontro será em Beberibe, a 80 quilômetros de Fortaleza. O prefeito de lá e o de Aracati, Bismarck Maia, também participam da reunião.

*Daniel, a ruma, e Jaziel, a rima*

A propósito de Silveira, tem circulado em redes sociais de eleitores cearenses uma foto do franzino pastor, médico e deputado cristão Jaziel Pereira (PL) ao lado do anabolizado e ameaçador ex-policial. Ambos sorridentes.

*Teu passado te condena*

Jaziel tem currículo recheado de exibicionismos assim. Ele aparece também em fotos com o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro, envolvido em caso de propina em ouro e em tiro no aeroporto de São Paulo, e com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que, segundo o colega Delegado Waldir (União-SP), estava "no Havaí, fumando maconha", quando da votação para a presidência da Câmara em 2017.

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COLUNA DE 14.5 (SÁBADO)

*A retomada de fôlego de Canoa Quebrada*

A praia de Canoa Quebrada, em Aracati, principal polo turístico do Ceará, está buscando reposicionamento após a fase mais crítico da pandemia da covid-19. Isso significa recompor o potencial econômico e a geração de emprego e renda. É um movimento exemplar, portanto. A Associação dos Empreendedores de Canoa Quebrada definiu com o Sebrae-CE a realização de um evento com cerca de 25 jornalistas, no próximo dia 28, para divulgação dos atrativos locais. É o que se chama de "fampress". O foco será voltado para as áreas do turismo, da economia e dos negócios, mas deve-se considerar como essencialmente política - e no melhor dos sentidos - a união de forças em torno da lua e da estrela. O passo seguinte, agendado para junho, será um encontro de planejamento com empresários e representantes dos setores produtivos para traçar, com o apoio do Sebrae-CE, metas de marketing e ações para 2022.

*Batendo o centro*

Representantes da Associação de Empreendedores se reuniram nesta semana com o diretor técnico do Sebrae-CE, Alci Porto, e com parte da equipe da entidade. O encontro serviu para iniciar o que em Canoa se define como ciclo de promoção, capacitação e qualificação. O cardápio inclui projetos em atividades esportivas, culturais e gastronômicas.

*O x da questão*

Em nota, a Asdecq observa que "Canoa Quebrada cresce e se desenvolve e tem uma marca invejável" e que é preciso se "reposicionar no mercado para atrair cada vez mais o turista de qualidade". Eis aí a chave e o desafio - qualificação. E não há ilusões, uma vez que a competitividade é intensa: "Sabemos que a cada dia novos destinos surgem e estão se consolidando através de investimentos e ações". Em resumo, não dá pra ficar parado.

*É preciso estudar*

O deputado Francisco Cavalcante (PL), bolsominon que ganhou exposição política explorando a insegurança pública, quer que o Estado do Ceará reconheça como de risco a atividade dos vigilantes de empresas de segurança privada, "configurando efetiva necessidade e exposição à situação de risco à vida e incolumidade física". Cavalcante alega que não há "legislação estadual que ampare o direito à sua autodefesa". Detalhe que anula a proposta: essa atribuição é de lei federal, não local.

*Democratizando opiniões*

A Enel - multinacional que explora, literalmente, a distribuição de energia elétrica no Ceará - terá na Assembleia Legislativa um bom termômetro para medir a simpatia com que o consumidor a brinda. O nome desse termômetro é diversidade. A comissão que vai avaliar o contrato de concessão do serviço, firmado com o Governo do Estado na gestão de Tasso Jereissati (PSDB) reúne de bolsominions, como Noélio (União) e Silvana Oliveira (PL) a lulistas como Acrísio Sena (PT) e Fernando Santana. É uma fiação sortida, mas a voltagem será tão diferente assim?

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COLUNA DE 17.5 (terça-feira)

*A Petrobras tem como escapar?*

Jair Bolsonaro elegeu a Petrobras como vilã da economia nacional. Diz que a culpa de parte das mazelas do País é da empresa. Mas a privatização, prometida pelo presidente como solução para os problemas dos brasileiros, não parece passar de lorota pré-eleitoral. É que não há tempo hábil para os devidos ritos legais de se desfazer da estatal até outubro. Se as pesquisas estiverem certas, também não haverá tempo para a gestão atual tomar alguma medida nesse rumo. Recomenda-se, pois, que se deixe esse discurso exatamente no campo da conversa mole. A dúvida maior, então, se torna outra: com desgaste tão brutal, a Petrobras terá algum valor significativo se um dia for transferida para o controle particular? Quanto a sociedade ganhará com esse jogo? O brasileiro vai pagar pelo uso político da Petrobras?

*Prazer, Adolfo!*

"A China é uma merda", "licença maternidade de 180 dias prejudica a empregada", "mulheres são um problema para empresas porque engravidam", "mulheres são mais eficientes fora do mercado". As frases são dignas de sandices com as já expelidas por nomes da intelectualidade bolsonarista, como Abraham e Arthur Weintraub, André Fernandes, Ernesto Araújo, Eduardo Bolsonaro, Damares Alves, Mayra Pinheiro e Olavo de Carvalho. Mas são do novo ministro das Minas e Energia, Adolfo Sachsida.

*Conteúdo*

No fim das contas, Sachsida é um bolsominion com o mesmo recheio mental de outros tantos. Escolhas assim do Planalto costumam recair sobre pessoas com compotamentos nesse degrau. Em 2014, chegou a ser arrancado à força das galerias da Câmara federal por xingar deputadas. Não é coincidência: sempre escolhem mulheres como vítimas. Para

*Nublado*

É ao comportamento e às falas de pessoas como Sachsida que a opinião pública precisa agora se submeter. E precisa ficar atenta. Não importa tanto que seja Importa mais é a modo como vai operar para tratar da coisa pública. E, nesse caso, não há sinais positivos.

*Resolvido, mas em parte*

Pessoas com deficiência têm agora menos obstáculos na Câmara de Fortaleza. A Casa adotou providências para facilitar a acessibilidade de todos os públicos. Menos mal, uma vez que ambientes desfavoráveis a quem carece de condições especiais para movimentação impediam o acesso amplo. Necessário agora é dar um jeito na postura de parte dos vereadores - há quem bata em mulher, quem defenda discriminação e até quem se aproprie de projetos alheios.

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COLUNA DE 19.5 (QUINTA-FEIRA)

*Por que Ciro Gomes derrapa nas pesquisas?*

Em complexos cenários eleitorais, perguntas como a que abre esta Coluna não admitem respostas simples. Ou únicas. Há quem avalie que o ex-governador do Ceará foi prejudicado pela tese da terceira via - à qual ele mesmo aderiu - na disputa pela Presidência da República. Há quem considere que o pedetista não avança nas sondagens de intenção de voto por não conseguir furar o bloqueio imposto pela polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL). Alguns alegam que Ciro Gomes estancou na faixa de 6% a 8% das intenções de voto porque não consegue dialogar com outros candidatos, como Simone Tebet (MDB) e João Dória (PSDB). Por fim, existe a análise de que não cresce porque optou por bater em Lula em vez de atacar Bolsonaro. Todas podem, de certo modo, servir para explicar a situação de Ciro Gomes. Nenhuma, no entanto, é confortável para ele.

*Tenha nervo*

Uma teoria que serve como auxiliar às demais é a de que a fala técnica e adornada de números, empregada com frequência por Ciro Gomes, não teve êxito contra o discurso de ódio que caracteriza o candidato Bolsonaro. Como ainda há cinco meses até as eleições e como muitas definições precisam ser tomadas por partidos, candidatos, Justiça e, sobretudo, pelo eleitor, só resta a todos uma saída: esperar.

*Pode dispensar o marqueteiro!*

Frase de Jair Bolsonaro sobre a gestão de Lula: "Falaram: 'no tempo dele, o povo vivia um pouco melhor do que hoje'. É lógico que vivia, concordo! Temos um pós-pandemia, do 'fique em casa, economia a gente vê depois', uma guerra, entre outros problemas". Continuando com declarações assim, Lula não vai precisar nem de marqueteiro nem de cabo eleitoral.

*Nem aí*

Ao passo em que a política do Ceará tem feito seguidos pronunciamentos, intermináveis reuniões e incansáveis estrebuchos sobre o litígio de terras com o Piauí na região da Ibiapaba, que se desenrola desde 2011, a Assembleia Legislativa do estado vizinho parece não ter dado muito bola para a questão. A querela já chegou às cortes superiores da Justiça e pode transformar em piauienses cerca de 25 mil cearenses.

*Ninguém sentiu*

O Move Ceará, articulação política, empresarial, acadêmica e técnica que vem discutindo estratégias para o Estado a partir da Assembleia Legislativa, fez escala em Iguatu na última terça-feira. Nenhum parlamentar bolsonarista deu o ar da graça, como se o desenvolvimento do Ceará não fosse assunto deles. André Fernandes (PL), cuja família mora na cidade, foi ausência notada, mas não lamentada. Há mais uma observação sobre ele. Leia a seguir.

*Paredón*

Primeiro foi Artur "Mamãe Falei" do Val (UB), cassado na Assembleia de SP e expelido do meio político-eleitoral pelos próximos oito anos. Depois, será julgado Gabriel Monteiro (PL), vereador no Rio de Janeiro. E a fila ainda tem o deputado federal Kim Kataguiri (UB-SP). Em resumo, o deputado André Fernandes deve se considerar feliz por ter escapado nesta semana no TRE, mesmo com susto, de perder o mandato. Seria outro bolsonarista no olho da rua.

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COLUNA DE 22.5 (sábado)

*"Entre luzes que lhe escondem..."*

A Avenida Beira Mar é uma representação autêntica de Fortaleza. Há versos, pinturas, fotos e músicas falando daquele trecho tão significativo. A nova estrutura inaugurada ontem reforça também a dimensão política que tem. Esse status sendo esboçado faz algumas décadas. Primeiro, quando foi aberta 60 anos atrás. Depois, quando, nos anos 1970 e 1980 ganhou estúdios de emissoras de rádio e, além de acolher boêmios seresteiros, se tornou point da juventude na chamada "Volta da Jurema". Nos anos 1990, recebeu novo trato quando o então prefeito Juraci Magalhães construiu o aterro da Praia de Iracema. Agora, pelas gestões de Roberto Cláudio (2013-2020) e José Sarto (desde 2021), obtém nível de superprodução urbana. E, como nunca deixou de ser, se encaminha para ser estampada com destaque na retórica eleitoral. A relevância da Beira Mar é tão grande para a cidade - comporta economia, ecologia, turismo, cultura, gastronomia, moda e esporte, por exemplo - que há de ser desafiador criticá-la como necessidade, projeto, investimento e realização.

*Mais uma dose*

O deputado Luiz Henrique (Republicanos), autoproclamado "apóstolo", quer tornar obrigatória no Ceará, em "eventos artísticos, culturais e esportivos, a inserção de mensagens educativas alertando para os malefícios e os riscos decorrentes do uso indevido de drogas ou substâncias entorpecentes". Vai querendo.

*Como é que faz?*

Sem querer cortar o barato do deputado Luiz Henrique, mas será que alguém já explicou a ele que os grandes eventos aqui e alhures são patrocinados por empresas que fabricam e vendem bebidas com álcool? E que ganham muito, muito dinheiro com isso? O cardápio varia de vinho a vodca, cachaça a cerveja.

*Tudo certo pra dar errado*

Filho 03 do presidente Jair Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) arrumou novo meio de vida. Está agora vendendo um curso para direitistas. Mas é necessário que se diga: Eduardo, o vulgo "Bananinha", está prometendo o que não pode entregar. Diz que o curso tratará de jornalismo, feminismo, eleições, meio ambiente, armas, aborto, ideologia de gênero, economia, racismo, e outros. Mas como ele - e outros "luminares" conservadores, como Mário Frias, Damares Alves e Ricardo Salles, anunciados como expositores - vão falar do que não sabem?

*Usina de fake news*

Aliás, será prudente que o Ministério Público e a Justiça Eleitoral fiquem de olho nesse curso. Eduardo Bolsonaro está dizendo que os alunos terão como "bônus" uma aula sobre como escolher seus candidatos em 2022, além de (acredite!) resenhas de livros que leu e estudos que realizou.

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COLUNA DE 24.5 (terça-feira)

A Câmara dos Deputados tem diante de si uma proposta que fere de morte não apenas a capacidade de receita dos estados e municípios, mas também todo o sistema federativo nacional. O texto leva a assinatura do deputado cearense Danilo Forte (UB), embora carregue a indisfarçável caligrafia do Planalto. Trata-se de projeto que limita a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre energia e combustíveis à alíquota de 17%. Sendo aprovada, a matéria - que, como poucas, casa com a retórica bolsonarista de que governadores e prefeitos são os responsáveis pelas mazelas do País, nada cabendo à gestão federal - indica o retrocesso do País aos anos 1960 e 1970, quando, sob o tacão da ditadura, a autonomia dos governos acabou anulada. Naquela época, como a História ensina, a sociedade foi subjugada pelo autoritarismo. Agora, o golpe tende a ser tão forte que, nas contas da Confederação Nacional dos Municípios, só as prefeituras perderiam R$ 15 bilhões. A análise em plenário pode ser feita hoje.

*Topa tudo*

Danilo Forte, deputado que começou a vida política militando no movimento estudantil, teve passagens pelo PMDB e pelo PSDB, além do DEM e do PSB. Também frequentou atividades do PCdoB. Hoje é um entusiamado apoiador de Jair Bolsonaro. Age como uma espécie de dublador do poder. E chama de "puro terrorismo" os alertas que secretários de Fazenda estaduais e municipais têm feito sobre o assunto.

*Me engana que eu gosto*

Em 2018, logo após a eleição de Bolsonaro, noticiou-se que Danilo havia sido convidado a assumir a "Secretaria Especial do Nordeste". Ele mesmo anunciou que seria responsável por fazer a integração política do Governo Federal com o Nordeste. Era pura fake news. Nunca havia existido a tal repartição, assim como Bolsonaro não a criou. Na época, o então tucano disse estar "honrado com o convite".

*Busão*

O deputado Acrísio Sena (PT) quer das entidades ligadas ao cotidiano municipal mais atenção às estações rodoviárias do Ceará. E está propondo uma articulação de prefeituras, câmaras, associações e órgãos estaduais e federais para a correção de problemas nos equipamentos. Há rodoviárias, segundo ele, que estão em pandarecos. Outras que se encontram desativadas. Acrísio pediu reunião técnica sobre o assunto na Comissão de Viação, Transporte e Desenvolvimento Urbano da Assembleia Legislativa.

*PolitiTube*

Desde a semana passada têm-se ouvido e visto nas redes sociais comentários de que o presidenciável Ciro Gomes (PDT) "destruiu" o ator e redator Gregório Duvivier em debate na Internet. Ou que Gregório "humilhou" Ciro. Menos, menos. Independentemente de quem tenha sido mais ou menos incisivo, firme ou agressivo, vale a experiência de valorizar o diálogo e o confronto de ideias. Para quem zela pela Democracia, isso é ouro puro. A íntegra do debate está neste link: https://bit.ly/38Eh7oD.

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COLUNA 26.5 (quinta-feira)

*Isso é olhar para trás*

A política exige que também se olhe pelo retrovisor do tempo e das atitudes. Nesses casos, muito mais para se saber o que foi deixado para trás e o que, por reflexo, pode vir a ocorrer. Sobre a crise que está esfarelando o ninho tucano, registramos o seguinte em 5 de abril, sob o título "É o fim do PSDB?" - sem termos bola de cristal nem trazermos de volta a pessoa amada, ressalte-se: "Não foi com Dória que o desgaste começou. Na verdade, o animador de desfile de cachorrinhos (sim, ele fez isso!) que chegou ao Governo paulista com a exótica e oportunista composição 'Bolsodória' é personagem de menor importância num palco caótico (...). O adiantado estado de decomposição tucana teve início quando o então senador Aécio Neves (MG), derrotado nas urnas pela então presidenta Dilma Rousseff (PT), em 2014, golpeou a democracia abrindo um sistemático boicote ao governo. A manobra foi abraçada com entusiasmo por nomes como Fernando Henrique Cardoso, Arthur Virgílio e Aloysio Nunes. Aliando-se ao PSDB, o então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (então no MDB-RJ), deu o golpe final, executando o impeachment. A consequência das maquinações, como se sabe, tem nome e sobrenome: Jair Bolsonaro".

*Isso é olhar para a frente*

Pois bem: a desistência do ex-governador João Dória de disputar as eleições presidenciais, depois que lhe puxaram o tapete tucanamente, só fez o partido acelerar rumo ao apoio ao ex-presidente Lula (PT). Resta agora a nomes vinculados à história do PSDB, como Aloysio Nunes, Tasso Jereissati e Geraldo Alckmin (hoje no PSB e candidato a vice) ligarem o GPS.

*Ver de perto*

A Justiça cearense empreendeu um importante passo rumo à ciência e à saúde. E deu ganho de causa a mãe que havia ingressado com ação pelo direito de cultivar em casa mudas de cannabis. A planta - também conhecida como maconha - é, segundo os médicos, uma bênção para tratar a filha dela, que tem uma doença rara. Ainda assim, há quem tente esfumaçar a humanidade com discursos rancorosos e disseminação de preconceitos e informações falsas.

*Não há o que discutir*

A propósito de saúde, o deputado Audic Mota (MDB) pôs para tramitar na Assembleia projeto que cria no Ceará o Programa de Prevenção à Epilepsia e Assistência Integral às Pessoas com Epilepsia. Audic tem argumentos sólidos: "Cerca de 50% dos casos iniciam-se na infância e adolescência, sendo que até 80% dessas pessoas podem ter vida normal, desde que tenham acesso a tratamento adequado e contínuo. No Brasil, cerca de 50% das pessoas com epilepsia não recebem tratamento, o que aumenta a incidência de problemas físicos, psicológicos, econômicos e sociais, além do risco de morte súbita".

*Bicholândia*

Tramita na Câmara federal projeto que determina aos síndicos - e aos condomínios, por consequência - a notificação às autoridades competentes de casos de maus-tratos contra animais. Tanto faz se a ilegalidade for registrada nas áreas comuns ou nas unidades residenciais, quem não prestar queixas também vai estar se enrolando com a lei.

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COLUNA 28.5 (sábado)

*Para que lado os tucanos vão rumar?*

Com o fim da candidatura do ex-governador João Dória (SP) a presidente da República, como o PSDB vai se comportar no Ceará? A dúvida merece atenção especial devido a sinalizações da sigla, que já foi a maior do Estado e abrigou quadros como os ex-governadores Ciro Gomes, Lúcio Alcântara e Cid Gomes - e ainda abriga o senador Tasso Jereissati, também ex-governador. Os fatos se conectam como num jogo de "ligue os pontos": 1) uma articulação entre o prefeito de Maracanaú, Roberto Pessoa, e Lúcio Alcântara estaria tentando proporcionar uma revoada tucana para a direita extrema; 2) o partido tende, por isso, a pousar no colo do deputado bolsonarista Wagner Sousa (União Brasil); 2) Wagner ambiciona o Palácio da Abolição; 3) o parlamentar, ex-PM, tem vínculos com Jair Bolsonaro. Esse desenho coloca a social-democracia, que outrora comandou o Palácio do Planaldo com o então presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), diante de um dilema local. Não bastando o que foi gerado por Dória, esse novo impasse ameaça fraturar de uma só vez o bico e as asas tucanas.

*Das antigas*

Aliás, o flerte do PSDB com o bolsonarismo é antigo. Não custa lembrar que foi o PSDB que diplomou politicamente a hoje pré-candidata a deputada federal Mayra Pinheiro (PL), médica que se fez conhecida como "Capitã Cloroquina". Mayra chegou a se candidatar em 2018 a senadora pelo partido. Não é pouca coisa não.

*Peso*

Quem pode contrabalançar a situação é Tasso Jereissati. O senador é próximo dos pedetistas Ciro e Cid, dialoga bem com o pré-candidatos Roberto Cláudio e Izolda Cela (PDT, Governo) e Camilo Santana (PT, Senado) e é ouvido por Lula e outros petistas graduados. Agora, é cortejado para ser vice da presidenciável emedebista Simone Tebet. Sim, tem peso considerável para influir nos caminhos do PSDB.

*Na privada*

Além da tsunami de censura sacudida pela Reitoria da Universidade Federal do Ceará contra professores e alunos, causando o afastamento do professor, radialista e jornalista Nonato Lima da direção da Rádio Universitária, há também ares catastróficos na educação privada. O deputado Acrísio Sena (PT) está denunciando a precarização da atividade docente nas instituições particulares. "As grandes corporações educacionais promoveram reestruturações que resultaram em demissões em massa e redução de salários", explica.

*Por baixo*

Acrísio diz que "não é difícil encontrar docentes com mestrado ou doutorado sendo substituídos por colegas com pouca experiência e menor titulação". O deputado quer articular uma reunião na Assembleia com entidades representativas do magistério, gestores da faculdades, Ministério Público e professores. Faz bem. Além de terem a obrigação de oferecer ensino qualificado - o que se comprova pelos títulos dos docentes -, as instituições cobram alto pelos serviços. Muito alto.

*Lado a lado*

As comissões da Assembleia e da Câmara de Fortaleza que analisam os serviços e contratos da concessionária de energia Enel querem manter canais de comunicação abertos. Quem garante é o presidente da Câmara, Antônio Henrique (PDT). Reconheçamos: se não for assim, ficarão deputados e vereadores sem luz nem força.

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COLUNA 31.5 (TERÇA)

*A sociedade corre perigo*

A liberdade de Imprensa, condição sem a qual democracia nenhuma prospera ou sequer se mantém, está sob ameaça intensa. E os agressores não se limitam à direita extrema. Quem avalia o quadro é a jornalista Cristina Serra, colunista da "Folha de S. Paulo", que fará palestra hoje em Fortaleza. Cristina vem a convite da Associação Cearense de Imprensa, cumprindo agenda que já a levou a outras cidades com o alerta. A jornalista diz que "o cerco parte também de diferentes poderes quando inconformados com críticas, sejam os poderes institucionais, sejam os poderes econômicos". O caráter de 2022 - que tende a ser, com as eleições, marco de vida ou morte para a sociedade brasileira - não permite que se cometa o erro de menosprezar inimigos tão hostis nem o de deixar que se repitam brutalidades estarrecedoras como a que alcançou na década de 1970 o jornalista Vladimir Herzog. A palestra de Cristina Serra está marcada para começar às 18h30min, no auditório da ACI (Rua Floriano Peixoto, 735 - Centro, 6º andar). A entrada é franca.

*Não foi o único exemplo*

Um episódio em 2019, no Rio de Janeiro, ilustra a gravidade da situação. Foi quando terroristas lançaram bombas incendiárias contra uma produtora de conteúdos para a Internet. O criminoso que liderou o atentado, identificado como Eduardo Fauzi, tinha longa folha corrida com 12 outros delitos mas estava à solta. Vinculado a milícias nacionalistas, fez a polícia brasileira de boba e fugiu com facilidade para a Rússia, onde foi preso em 2020 pela Interpol. Por ora, encontra-se enjaulado no Presídio José Frederico Marques (RJ).

*A usina*

Em 2021, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) relacionou 430 casos de violência contra os profissionais da Imprensa. Sozinho, o presidente Jair Bolsonaro (PL) havia cometido 147 ataques. Em 2020, havia sido listadas 428 ocorrências do gênero. Neste ano, sobressai o caso do jornalista Nonato Lima, afastado da chefia da Rádio Universitária, FM vinculada à Universidade Federal do Ceará, por não se submeter a censura imposta pela Reitoria.

*Aviso*

A propósito de liberdade e segurança, tramita na Assembleia Legislativa do Ceará projeto que defende a instituição de uma cultura de responsabilidade digital em escolas públicas. Quem assina o texto é o deputado Romeu Aldigueri (PDT). Explicação do Romeu para a proposta: "O objetivo é o de incentivar o respeito, a empatia e a preservação da saúde mental dos estudantes. As redes sociais estão cada dia mais suscetíveis a se tornarem espaços para o linchamento virtual e para a exposição inadequada de pessoas".

*Mal-traçadas linhas*

O ex-presidente Lula (PT) faz hoje, em São Paulo, mais um ato midiático de pré-campanha. E participará do lançamento do livro "Querido Lula: cartas a um presidente na prisão", coletânea de correspondências escritas a ele nos 580 dias de xilindró em Curitiba, por determinação do então juiz Sérgio Moro. A sentença de Moro, cumprida entre 2018 e 2019, tirou Lula das eleições para o Planalto e, comprovou-se depois, era uma armação que beneficiou o então candidato - hoje presidente da República - Jair Bolsonaro.

*Corre dentro!*

E, no campo da pré-campanha, vale observar a marra do deputado Elmano de Freitas, manifestada no plenário da Assembleia Legislativa. O petista desafiou parlamentares bolsonaristas a compararem os números dos governos Lula e Bolsonaro. Nenhum dos integrantes da bancada aliada do Planalto se arriscou.

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Colunas junho/2022

COLUNA DE 2.6 (quinta)

*O Ciro de cá e o Ciro de lá*

Não se pode atribuir a Ciro Gomes nenhum ato de traição na longa trajetória política que cumpre. Pode-se até dizer que abandonou, em nome de interesses próprios, a sombra dos coronéis e a dos tucanos, mas é justo notar que foram afastamentos bem absorvidos de lado a lado, além de não terem resultado de acirramentos insanáveis. Isso posto, cabe observar a estranha situação em que se encontra o presidenciável do PDT. No campo estadual, aproveitou ato na Câmara de Fortaleza para avisar que não aceita "traições" e que repudia "recados intoleráveis" que estaria recebendo do PT. E bateu outra vez na tecla de que será o PDT que definirá o nome do candidato governista ao Palácio da Abolição. Mas na cena nacional a história é outra: sem ouvir nenhuma queixa do pré-candidato, o cacique pedetista Carlos Lupi admitiu sem papas na língua que correligionários podem trair Ciro. Já o PT, com Lula disparado nas pesquisas de intenção de voto, não tem perdido tempo nem se desgastado com recados a quem quer que seja. Em resumo: o Ciro que aqui gorjeia não gorjeia como lá.

*Bala doida*

A propósito de sucessão estadual, a pré-campanha bolsonarista do deputado Wagner Sousa (União) tem estado um tanto confusa. Por não saber em quem atirar, a retórica de Wagner vem espalhando ataques contra o ex-prefeito Roberto Cláudio e a governadora Izolda Cela. E, por conta da indecisão, não consegue fazer uma mira precisa. Com isso, pode perder fôlego e munição.

*Vespeiro*

O deputado-pastor-bolsominion Jaziel Pereira (PL) comprou uma briga com corporações da educação privada no Ceará - não se sabe se foi "sem querer querendo" ou se foi por imprudência mesmo. Tentando satanizar professores, Jaziel disse que as escolas tendem à "doutrinação, aborto e erotização das crianças" - uma fala grosseira e sem sustentação ética, técnica ou moral. Agora, há donos de colégios defendendo boicote e até processo contra o parlamentar. Ói!

*Sinta-se em casa*

O deputado federal cearense Mauro Benevides Filho (PDT) estará hoje no centro do Centro. Isso mesmo. Ele será o palestrante em debate promovido pelo Centro de Estudos e Debates Estratégicos (Cedes), apêndice da Câmara federal. Mauro foi convidado pelos deputados Dênis Bezerra (PSB) e Félix Mendonça Jr. (PDT-BA).

*Perigo nas estradas*

O deputado André Fernandes (PL) quer porque quer que os órgãos de trânsito divulguem "a localização e o horário de funcionamento de todos radares, fixos, móveis, estáticos ou portáteis, de fiscalização de velocidade em todo o Estado, além da velocidade limite de cada um". Um incomum afago em quem não respeita leis.

*Tutu*

Soma R$ 3,9 milhões o IX Edital das Artes da Secretaria da Cultura de Fortaleza. A esse valor se agregam R$ 1 milhão do Edital de Festejos Juninos de 2022. Ambos seguem com inscrições abertas até 14 deste mês. Ou seja, mais anavantu e menos anarriê.

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COLUNA DE 4.6 (sábado)

*Tributo de fé*

O professor e historiador Evaldo Lima, que já foi vereador em Fortaleza e ocupou cargos executivos na Prefeitura, vem dedicando os últimos meses a pesquisar a vida e a memória de um dos mais emblemáticos religiosos do Ceará, o padre e professor Haroldo Coelho (1935-2013). Profundamente ligado aos movimentos populares, Haroldo havia militado no PT e era quadro do PSOL. Foi ordenado com 1964 - justamente quando começou o mais sombrio período na vida brasileira - e logo se alinhou com a resistência contra a ditadura. Sociólogo, com pós-graduação na Sorbonne (França), ministrou aulas na Universidade Estadual do Ceará até se aposentar. Em 1986, colocou-se para os eleitores como opositor ao coronelismo e à geração CIC, candidatando-se a governador do Estado. Foi, como era de se esperar, triturado pelas máquinas do poder. Mas deixou um slogan que ainda hoje merece ser lembrado: "Bote fé no seu voto".

*Era*

Evaldo Lima tem como parceiro no livro o também historiador, professor e pesquisador Nonato Nogueira. A edição ficou a cargo do Inesp, instituto de estudos e pesquisas da Assembleia Legislativa do Ceará, com prefácio do deputado Evandro Leitão (PDT). Evaldo e Nonato não se limitaram a um mero relato de fatos da vida do biografado, mas da abordagem de uma época em que a força do verbo reagir era a mesma de sobreviver.

*Nova era*

"Padre Haroldo: Uma Biografia" é um livro sintonizado com meios modernos. Será lançado em formato digital e apresentação será online, às 19 horas do próximo dia 10. Haverá também atos presenciais "em locais da jornada existencial" de Haroldo, explica Evaldo Lima, como o Bairro do Pirambu, a Uece, igrejas e sindicatos.

*Tem de suar!*

A Câmara de Fortaleza fez nesta semana sessão solene para homenagear da Federação Cearense de Atletismo, que está completando 50 anos de fundação. A propósito, a quantidade de vereadores precisando entrar em forma não cabe numa raia de maratona.

*Haja grama. E grana*

Na mesma pegada, vale notar o entusiasmo de alguns parlamentares por equipamentos esportivos. Num dia só, por exemplo, Luciano Girão (MDB) apresentou 21 projetos autorizando a Prefeitura a construir areninhas em bairros periféricos. Isso mesmo: vinte-e-um!

*Vai além*

A prorrogação da CPI do Motim, na Assembleia Legislativa, que investiga como agiram no movimento de PMs e bombeiros as organizações que representam militares, não flagrou ninguém cochilando. A extensão dos trabalhos era pedra cantada em blitze, nos quarteis, nas associações e no comando da campanha bolsonarista do deputado Wagner Sousa (União).

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COLUNA DE 9.6 (QUINTA)

*Iguatu também desafina*

O município de Iguatu, no Centro-Sul do Ceará, foi apanhado, digamos assim, com a boca na botija. Contratou shows com os cantores Gusttavo Lima e Zezé di Camargo & Luciano com gastos superiores a R$ 1 milhão. Os artistas bolsominions são atrações dos festejos juninos locais. O cachê de Gusttavo soma R$ 600 mil e o da dupla é de R$ 370 mil, devendo ser acrescidos ao orçamernto custos com publicidade, transporte, hospedagem, alimentação, estrutura, impostos e taxas, entre outros. Dizer que é muito dinheiro para uma cidade em que pipocam demandas sociais é redundância, mas a observação é inevitável. Não se pode classificar Iguatu como local pobre, uma vez que a renda per capita de seus 103 mil habitantes supera os R$ 16 mil. Mas é certo notar que há prioridades em saúde e educação, por exemplo, que poderiam ser contempladas com a boa aplicação de dinheiro público. O prefeito, Ednaldo Couras (PSD), é bolsonarista. Alguém se espanta?

*Sem criminalizar, por favor - pelo menos por enquanto*

Mas é prudente evitar a criminalização de artistas pelo fato de cobrarem esse ou aquele valor pelos serviços que prestam ou pela baixa qualidade da música que produzem. O que a sociedade precisa é fiscalizar os gastos públicos com rigor, saber como cada centavo é usado e como retorna para a coletividade.

*Sem cura*

Episódio que obrigatoriamente deve ser lembrado teve como protagonistas a cantora Ivete Sangalo e o Governo do Ceará, em 2013. Na época, a gestão de Cid Gomes (hoje senador do PDT) contabilizou gasto de R$ 650 mil para a baiana cantar na inauguração do hospital regional de Sobral.

*Autocrítica*

A CPI da Assembleia Legislativa que investiga associações de policiais no Ceará é "politiqueira" e serve a interesses menores. A avaliação é, curiosamente, de um integrante da comissão, o deputado Francisco Cavalcante (PL). Conclusão inescapável: por ter aceitado participar da comissão, a apreciação de Cavalcante é cabível ao próprio desempenho. Simples assim.

*Outro sentido*

Ex-delegado da Polícia Civil, o deputado se esforça como ninguém para tentar descredenciar as apurações, mesmo que para isso pague mico: agride verbalmente colegas, descumpre elementares regras de convivência e abusa da desinformação. Poderia atuar para agregar qualidade e valores às entidades - suspeitas de financiar motins em corporações militares com dinheiro público e de servir de suporte aos interesses eleitorais do deputado bolsonarista Wagner Sousa (União) -, mas prefere o rumo oposto.

*Vexame*

Nesta semana, Cavalcante acusou o deputado Elmano Freitas (PT), relator da CPI, de não ter ética. Por isso, levou um humilhante puxão de orelhas do presidente da Comissão, Salmito Filho (PDT). Não é, definitivamente, situação que orgulhe quem o elegeu.

*Material*

A Prefeitura de Fortaleza calcula ter aplicado mais de 92 mil m² de asfalto na operação tapa-buraco que vem realizando, alcançando cerca de 140 ruas em 90 bairros. Asfalto, por sinal, é a vedete da produção da Lubnor, refinaria que a Petrobras mantinha na cidade e que vendeu a preço de banana - incluindo um terreno que não lhe pertencia e, sim, ao Município. A Lubnor responde por 13% da produção de asfalto no País.

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COLUNA DE SÁBADO, 11.6

*Fome é o cardápio de hoje*

Na era de Jair Bolsonaro, a fome fala mais alto do que "Deus, pátria e família" - valores que bovinamente o presidente da República e seguidores costumam repetir. O estudo II Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional, divulgado nesta semana, indica que 33 milhões de homens, mulheres e crianças convivem com a falta de comida. Essa legião de famintos representa 58,7% da população do País e, claro, não integra o público de privilegiados donos de restaurantes simpatizantes da gestão atual - como as redes Madero e Coco Bambu. Essa realidade precisa ser discutida à saciedade, sempre para o planejamento e a implantação de soluções para desafio tão grave, estando permanentemente nos radares do poder. Como 2022 é ano eleitoral, deve-se esperar que o assunto seja destacado pelas campanhas. E o que se deve desejar, mais ainda, é que debates e atos servidos sérios, honestos e responsáveis.

*Confusão*

No entanto, a essência da gestão atual passa longe de conceitos técnicos de combate à fome. Na verdade, confundem-se políticas sociais bem elaboradas e bem executadas - necessárias em qualquer lugar do mundo - com a distribuição de restos de comida. É lamentável.

*Sobejos*

Frase do ministro Paulo Guedes em 2021: "O prato de classe média europeu é relativamente pequeno. E aqui fazemos almoços onde às vezes há uma sobra enorme. Isso vai até o final, que é a refeição da classe média alta. Toda aquela alimentação que não for utilizada durante aquele dia no restaurante, aquilo dá para alimentar pessoas fragilizadas, mendigos, desamparados. É muito melhor do que deixar estragar essa comida toda".

*Vozes na cabeça*

Paulo Guedes - a referência econômica de Bolsonaro - já chegou a dizer que quando vai ao supermercado é elogiado e cumprimentado por brasileiros agradecidos pelo que o o governo tem feito. Tá.

*Outro planeta*

E, na cena em que milhões de brasileiros passam fome, o vereador Pedro França está propondo que a Prefeitura de Fortaleza crie um polo gastronômico no rico bairro da Aldeota, onde o índice de desenvolvimento humano é de 0,867, considerado "muito alto". Para tanto, copiou texto de projeto que desde 2020 tramita na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.

*Falta de aviso não foi*

O Estado do Ceará tem programas como o Mais Infância e o Mais Nutrição, além do cartão Vale Alimentação, mas ainda há muito o que fazer. Em 2020, o deputado Acrísio Sena (PT), deu um alerta: "Precisamos de mais ações. É preciso que a equipe econômica do governo federal faça um programa que ajude nesse combate à fome e à pobreza, pois só ações estaduais não adiantam".

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COLUNA DE 14.6 (TERÇA-FEIRA)

*Ei, tô mudando!*

O deputado Heitor Férrer está se sentindo confortável no uniforme do União, sigla que somou o DEM (ex-PFL) ao PSL (antigo partido de Jair Bolsonaro). Só pode. E tem se manifestado acidamente contra a pavimentação de estradas do Governo do Ceará. Acredite: Heitor não gosta das ações para tapar buracos. Diz ele sobre a atividade que costuma ser feita após os estragos que as temporadas de chuvas causam: "Virou um verdadeiro sorvedor de dinheiro público. Pergunto-me se a engenharia do Ceará é diferente de outros estados ou de outros países, pois a cada dois anos precisam ser recapeadas". Para ele, há um concluio (foi essa mesma a palavra que usou, aplicada para designar "trama", "tramoia", "cumplicidade", "ajuste maléfico") entre o Estado e a iniciativa privada. É a típica retórica de que "são todos farinha do mesmo saco". O parlamentar chega a somar investimentos (R$ 164 milhões nas gestões de Cid Gomes, R$ 620 milhões nas de Camilo Santana e R$ 467 na de Izolda Cela) para reclamar: "Mais de R$ 1 bilhão gastos com recapeamento de estradas que não duram nem oito anos". No União, Heitor é aliado do bolsominion Wagner Sousa.

*Atropelou*

Memória não combina com discurso fácil. Heitor não lembra que o uso intenso das CEs impõe a necessidade de reparos. Também não nota que a correção dos problemas atende à segurança no trânsito, prevenindo acidentes e diminuindo índices de mortes. E que atenua danos ao patrimônio de empresas e pessoas, diminuindo desgastes em veículos e evitando deperdício de combustíveis. E que permite que a economia, gerando emprego, renda e receita pública, funcione no essencial setor de transportes.

*Rumo*

O Heitor Férrer progressista, que militou como médico, vereador e deputado estadual no PDT, tendo sido opção de parte da esquerda em memoráveis campanhas para a Prefeitura de Fortaleza, parece ter se perdido numa estrada não-pavimentada. Dobrou à direita quando poderia ter estacionado.

*Suando a camisa*

A propósito de obras, quando agosto chegar a Prefeitura de Fortaleza vai fazer serviços de manutenção e reforma em 45 areninhas. Vão entrar em campo cerca de R$ 50 milhões. O dinheiro sairá do Fundo Municipal da Educação.

*Plural*

A Assembleia Legislativa sedia nesta terça-feira (14.6) reunião técnica do Plano de Saneamento do Ceará. A demanda tem impactos nos sistemas viário, de saúde e da economia. E na qualidade de vida, certamente.

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COLUNA DE 16.6 (QUINTA-FEIRA)

*O cavaleiro do Apocalipse*

Os mais religiosos, ou místicos, costumam ter na ponta da língua passagens bíblicas. Exploradores da fé também, admitamos. Um caso exposto com frequência é o do versículo 32 do capítulo 8º do livro do apóstolo João, habitualmente citado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL): "E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará" (algumas edições usam "conhecerão" em vez de "conhecereis", mas o assunto aqui não é esse). O trecho está na pregação de Jesus no Jardim das Oliveiras. Assim, não será espanto se algum conhecedor das escrituras se dedicar a conectar o dito Bolsonaro a, por exemplo, o livro do Apocalipse - atribuído também a João. Trata-se de um relato do fim dos tempos, no qual destacam-se as horrendas figuras de quatro cavaleiros: a peste (a covid-19), a morte (670 mil mortos pela doença no Brasil), a fome (33,1 milhões de pessoas sem comida no País) e a guerra (favorecida pela disseminação de armas entre a população).

*Quatro em um*

Se for exagerada a leitura de que Bolsonaro é a soma dos quatro cavaleiros do Apocalipse, restará para os crentes ler o versículo 34 de João, em mais uma fala atribuída a Jesus: "Digo a vocês a verdade: Todo aquele que vive pecando é escravo do pecado". Quem vive mentindo - ou espalhando fake news - seria, seguindo esse ensinamento, cativo do pecado. Aliás, que se leia e cumpra o nono mandamento.

*Motim contra a verdade*

Por falar nisso, note-se: notícias falsas que circularam nas redes sociais nos últimos dias, simulando páginas do portal G1 e atribuindo crimes ao ex-governador Camilo Santana (PT) e à governadora Izolda Cela (PDT), incomodaram bastante o petista - ao ponto de ele usar o perfil pessoal que mantém no Twitter para denunciar o ataque. Se bem que Camilo poderia até estar acostumado. Afinal, nos sombrios dias do motim na PM o que não faltava aos criminosos era a munição da mentira.

*Se liga*

Acendeu um sinal de alerta na Prefeitura de Fortaleza e nos setores de Inteligência da Polícia Civil. É que tem piscado com intensidade a suspeita de que as seguidas interrupções do funcionamento de semáforos não são obra do acaso. Teriam, sim, a mão de grupos do submundo político interessados em boicotar o já complicado trânsito da cidade. Os episódios estão sob investigação.

*Subo neste palco*

O grupo francês Les Productions du Bazar ("Bazar Produções", em tradução livre) se apresenta amanhã (sexta, 17) em Fortaleza, em espetáculo apoiado pela Secretaria de Cultura do Município. A trupe subirá ao palco do Teatro São José às 18h30min. O acesso é gratuito, mas o espectador terá de comprovar estar vacinado.

*Mãos à obra*

Leva a assinatura do vereador Antônio Henrique (PDT) projeto que viabiliza a doação de restos de material de construção para o Município repassar a famílias cadastradas em programas habitacionais. Vale tudo, de cimento a materiais hidráulico e elétrico, de telhas, portas e azulejos a tintas, tanques e tacos.

*Bastidores*

Entreouvido num corredor da Assembleia Legislativa: "Na briga entre Ciro e Eunício, tô torcendo pela briga!"

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COLUNA DE 17.6

Salário tem a ver com satisfação e resultados do trabalhador. Tem a ver também com a produtividade de agentes públicos e privados. O Governo do Ceará paga hoje a primeira parcela do 13º salário dos servidores estaduais. Faltando pouco mais de um mês para o período das convenções partidárias (20 de julho a 5 de agosto, conforme o calendário do TSE), a medida tem vários sentidos. No financeiro, dá um aconchego interessante ao bolso do funcionalismo e levanta a moral das categorias. Na economia, acrescenta musculatura à flacidez imposta pela políticas da dupla Bolsonaro-Guedes ao corpo. No caminho das urnas, pode ter o efeito de reduzir resistências a nomes apresentados ao eleitorado.

*Numerologia*

O pagamento da parcela inicial do 13º salário alcança diretamente a mais de 160 mil servidores da ativa e aposentados - que se relacionam a quase 1 milhão de cearenses. O Governo calcula que a repercussão financeira do desembolso chega a quase a R$ 2 bilhões.

*Em cartaz*

Leva as assinaturas dos deputados Marcos Sobreira e Evandro Leitao (PDT) projeto que obriga os cinemas do Ceará a reservarem uma vez por mês, no mínimo, sessão para pessoas com Transtorno do Espectro Autista e famílias. "O acesso das pessoas com TEA às salas de cinemas pode não ser tarefa fácil, pois a hiperatividade, a sensibilidade auditiva e visual, a dificuldade de concentração e a necessidade de permanecer sentado por longo tempo torna a sessão convencional de cinema, para essas pessoas, desafio por vezes intransponível", dizem os autores.

*Por fina força*

Avaliação da deputada Silvana Oliveira (PL) sobre a Enel, concessionária de energia elétrica do Ceará: "É uma empresa que tem desafiado a paciência, o bom senso e o bolso do contribuinte". A Enel meteu 25% de aumento na conta do cidadão e por isso vai passar, em pleno ano eleitoral, pelo julgamento político de quem busca holofotes.

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SÁBADO (18.6)

*A calhordice do ministro e a cumplicidade da omissão*

Foi o advogado Ricardo Salles, então ministro do Meio Ambiente, quem disse em reunião ministerial que o governo de Jair Bolsonaro (PL) deveria usar a comoção causada pela covid-19 para "ir passando a boiada". Ou seja, aproveitar a carnificina da pandemia para, sem que se notasse, cometer crimes ambientais. Havia na frase um conteúdo calhorda, é evidente. Mas, extraído o sumo do mal, aquilo poderia ter rendido uma vacina para o momento grave que o País enfrenta agora. Tivessem as "instituições", a iniciativa privada e o terceiro setor processado a falta de caráter de Salles para obrigar o Planalto a tomar medidas em defesa dos bens naturais, vidas poderiam ter sido salvas. E não nos referimos unicamente às do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips - que já estão na conta do inadimissível -, vítimas do banditismo que ocupa a Amazônia, dominada por milícias de garimpeiros e madereiros ilegais, grileiros, capangas e traficantes. É fato: a gestão de Bolsonaro é responsável por essa degradação moral, social, política e policial. Mas a omissão de quem poderia agir é cúmplice disso.

*Conteúdo e forma*

Ricardo Salles, oriundo do PSDB e do Novo, falou em 22 de abril de 2020 sobre a chance que a pandemia dava ao governo de alterar e manipular leis ambientais. A naturalidade e a falta de vergonha com que se pronunciou não deixaram dúvidas sobre o tipo de substância que se serve (ainda) naquela mesa.

*Em tese*

Num ambiente de saudável respeito ao direito e à Democracia, Ricardo Salles teria recebido voz de prisão e saído algemado do Palácio do Planalto. No entanto, ainda está à solta.

*Os desafios*

O Tribunal Regional do Ceará agendou para 12 e 13 de julho, no Sesc do Crato, seminário intitulado "Democracia, Informação e Voto: Desafios das Eleições 2022". As atividades serão presenciais, com inscrições de 26 de junho a 7 de julho, em www.tre-ce.jus.br. Os temas são os usualmente explorados em anos eleitorais, mas com um elemento em comum a ser combatido: as fake news.

*Não se assuste*

A prósito de Justiça Eleitoral, um lembrete: os portais do TRE e do Tribunal Superior Eleitoral na Internet, estão em manutenção até a próxima terça-feira, 21.6. Ou seja, se algum mentiroso de plantão espalhar fake news sobre o serviço ou inventar teoria conspiratória, dê de ombros.

*Razões*

Há essência política na nomeação dos aprovados em concurso da Assembleia Legislativa do Ceará. O ato será no próximo dia 30 - data anunciada pelo próprio presidente da Casa, deputado Evandro Leitão (PDT). Primeiro, por revitalizar o conceito de serviço público, fundamental para a sociedade mas frequentemente atacado no meio político. Depois, por atualizar e reforçar tecnicamente a instituição.

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TERÇA (21.6)

*O futuro vai pelo ralo*

O fomento à pesquisa científica e tecnológica no Brasil perdeu R$ 83 bilhões entre 2014 e 2021. O dado é do Observatório do Conhecimento e foi apresentado na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da Câmara dos Deputados. Esse intervalo de penúria, digamos assim, coincide com a efervescência do movimento de impeachment da então presidenta Dilma Rousseff (PT), recheado de pautas-bomba armadas pelo então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Também alcança o período mais violento da carnificina da covid-19. Impossível não mencionar: chega, ainda, às articulações para a eleição de Jair Bolsonaro ao Planalto, em 2018, completando dois terços do mandato do presidente da República. Como nada é por acaso, deve-se notar que abriram-se com os cortes lacunas graves em temas como saúde, ensino superior, infraestrutura, desenvolvimento, competitividade e economia - só para citar aqui os mais óbvios, abarcando interesses públicos e privados. A questão agora, não deve se ater unicamente ao que foi para o ralo, mas sobre o que se deve fazer para recuperar o que se perdeu.

*Fé com dinheiro público*

O vereador Jorge Pinheiro, bolsonarista, tucano e representante do pentecostalismo cristão, quer que o dinheiro público banque a construção de uma estátua de São Miguel Arcanjo no Parque Ecológico da Maraponga. O que Pinheiro diria se um parlamentar de matriz africana propusesse um monumento a Ogum?

*Bate-bola*

Está cada vez mais próxima a relação entre os bolsonaristas Wagner Sousa (União) e Eduardo Girão (Podemos). O deputado tem se derramado em paparicos ao senador, que vem buscando formas de ser enxergado pelo Planalto. O jogo tem se definido como vital para manter sobrevivendo, ainda que por aparelhos, os planos de poder da direita.

*Bola-bate*

Os times do Fortaleza e do Ceará estão entre os 20 maiores arrecadadores do futebol brasileiro. Essa seleção é liderada pelo Flamengo, o único a faturar mais de R$ 1 bilhão. O Leão do Pici entra no campo endinheirado com receita de R$ 175 milhões e é o 14º colocado. O Vozão soma R$ 159 milhões e é o 14º. A lista foi elaborada por uma empresa paulista, que analisou os mais recentes balanços dos clubes.

*Fora do campo*

Paralelamente, torcedores vêm dando espetáculos de solidariedade. As torcidas organizadas, mesmo sem apoio nem articulação dos clubes, têm feito campanhas internas para doação de sangue e medula óssea. Também estão realizando ações contra a fome, arrecadando gêneros alimentícios. Um exemplo e tanto que, se os cartolas observarem e seguirem, pode ser um golaço.

*Dignidade*

A Prefeitura de Fortaleza planeja investir R$ 4,3 milhões em serviços de exumação, remoção, acondicionamento e translado dos corpos nos cemitérios públicos da cidade. A empreitada compreende também a reforma e a recuperação de jazigos.

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QUINTA, 23.6

*"Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo..."

Os investimentos em infraestrutura turística terão reforço em Fortaleza. A Prefeitura vai licitar serviços para o desenvolvimento de arranjos produtivos locais. A ação cobre o Programa Aldeia da Praia - Fortaleza Cidade com Futuro e tem recursos de R$ 1,44 milhão, oriundos do Banco de Desenvolvimento da América Latina (CAF). Os ajustes para o Programa foram feitos entre a Prefeitura de Fortaleza e o CAF ainda na gestão de Roberto Cláudio (2012-2020), com ênfase na orla marítima. O objetivo é de o de estabelecer "estratégicas posicionadoras de um destino competitivo forte". Mas o Aldeia da Praia tem raio mais largo - contemplando segurança, trânsito, capacitação profissional e ambiente natural. Extremamente relevante é, num cenário econômico desordenado como o do País, a perspectiva de melhorias para a população local.

*Na ponta*

A cereja do bolo é a articulação social. O projeto prevê oito seminários, cada um com oito horas, com temas que vão de linhas de crédito a associativismo, além de 32 cursos e 60 consultorias e de uma feira denominada "Empreender é Preciso". Como o dinheiro vem de instituição internacional, a licitação também será internacional.

*Pra ensinar*

O deputado Leonardo Araújo (MDB) assina projeto que reforça no Ceará a prevenção e o combate à transfobia. A proposta mira num dos mais sensíveis e importantes meios sociais, as escolas públicas. Se tiver bons resultados, a campanha pode levar donos de escolas privadas a replicarem a ideia.

*Outro olhar*

Leonardo Araújo não é identificado com causas LGBTQIA+. Aliás, o perfil dele passa longe do tema, mas quem liga para isso? O alerta, afinal, é exemplar. Ele diz: "Recomendamos que, periodicamente, as escolas informem às autoridades competentes os casos de violência contra pessoas trans, facilitando, assim, a quantificação e punição dos infratores".

*Navegar é preciso*

Está marcado para amanhã (24.6) evento virtual da empresa Cast-A-Way em Fortaleza. A companhia está em busca de contratar no Brasil cerca de mil profissionais para vagas de trabalho em navios de cruzeiro. Inscrições em https://virtual.cruisejobfair.com/.

*Ao mar*

As vagas estão nas áreas de culinária, bares e restaurantes, limpeza, vendas, lavanderia, segurança, concierge, recepção, eventos, fotografia, música, médicos e enfermeiras de emergência, entretenimento, manutenção, marinheiros, engenheiros, TI, RH, finanças e de agência de viagens. Os salários começam em US$ 700 mensais, dependendo da função.

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COLUNA DE 25.6 (Sábado)

*A renda vai descendo a ladeira*

A média da renda do trabalho dos 40% mais pobres nas metrópoles brasileiras caiu no primeiro trimestre de 2022. Aliás, desabou. Foi de R$ 245,55 no último trimestre de 2021 para os atuais R$ 240,79. Essa é mais uma faceta da penúria em que se encontra o País. O cenário que não se define unicamente pela miséria, mas também pela desesperança. A informação consta do "Boletim - Desigualdade nas Metrópoles", já na oitava edição, produzido pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Observatório das Metrópoles e Rede de Observatórios da Dívida Social na América Latina. A base do estudo é a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do IBGE. Trata-se de uma apurada observação da renda domiciliar per capita do trabalho e inclui o setor informal. As 22 principais regiões metropolitanas do Brasil, obedecendo as definições, estão cobertas pelas informações.

*Linhas tortas*

Não é somente o decréscimo da renda que chama atenção, mas a trajetória. É que havia uma tendência de crescimento que foi interrompida. Entre o primeiro trimestre de 2020 - anterior à pandemia, portanto - e o terceiro daquele ano, a renda dos mais pobres chegou a ralos R$ 183,61. Depois disso, houve o avanço até R$ 245,55. Agora, é ladeira abaixo.

*Empate*

Os coordenadores do estudo explicam que a inflação é o principal motivo da curva para baixo. Mas a falta de políticas econômicas e de apoio ao trabalho também causa danos. É que, segundo os cálculos dos pesquisadores, na (remotíssima!) hipótese de inflação zero, a renda estaria mesmo era aumentando.

*Parla!*

Frase do professor André Salata, professor da Escola de Humanidades da PUCRS e um dos coordenadores do estudo: "A retomada da economia tem se dado, em grande medida, com base em empregos de baixa qualidade e remuneração".

*Olhar*

O poder de polícia sobre a propaganda eleitoral será exercido em Fortaleza pela comissão de fiscalização coordenada pela 118ª Zona Eleitoral. A definição foi adotada pelo TRE do Ceará e - aviso aos navegantes! - já está vigorando. O Tribunal também já disponibiliza um formulário eletrônico na Internet (www.tre-ce.jus.br) para receber denúncias.

*Fixação*

A vereadora Maria Valdenice Pinto Lima (Cidadania), mais conhecida pelo apelido de "Nêga do Henrique Jorge", cismou com o incipiente esporte chamado "futmesa", hortas sociais e centros de atenção psicosocial. De uma só vez, apresentou na Câmara de Fortaleza 12 projetos sobre esses temas.

*Outra plagas*

Além do portal InvestNordeste, o jornal Opinião (www.opiniaoce.com.br) também publica a Coluna do . E, semanalmente, estamos com o jornalista Maurício Lima no podcast Papo de Cabeça, que pode ser acessado nas plataformas YouTube e Spotify.

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COLUNA DO (TERÇA, 28.6)

*Não há solução para crise além da Democracia (ou "Não há solução para crise além do voto")*

Espelho da crise: a fila de famílias à espera do Auxílio Brasil já se aproxima de 3 milhões. A situação é preocupante em diferentes ângulos, mas sempre de forma extrema. Primeiro, por ser reveladora da penúria a que retornou o País - para a qual, diante do cenário nebuloso da economia e da falta de políticas públicas sérias e consequentes, não se enxergam soluções em curto e médio prazos. Depois, por exterminar esperanças, uma vez que a dependência de famílias de ações assistenciais do Estado sem contrapartidas é uma grave deformidade social. Por fim, por sequestrar as pessoas, seu sustento e seu futuro e confiná-las à vontade de grupos políticos mal-intencionados. Mais: o serviço de monitoramento de crédito Serasa registrou que abril passado, a inadimplência no Brasil atingiu 66,1 milhões de pessoas. É o maior índice da série histórica, iniciada em 2016. A rigor, só a democracia tem respostas para atenuar essas mazelas.

*Tony é um gênio*

O deputado Tony Brito (Pros) teve uma ideia de "jênio" (a grafia é jocosa, ressaltemos): "Fica estabelecida a gratuidade na taxa de expedição de documentos que passaram da forma física para a digital que seja emitido por órgãos ou entidades do Governo do Estado do Ceará". A proposta seria muito boa mesmo, mas só se o Estado cobrasse de algum modo pela expedição de documentos virtuais.

*Não é escolha*

O redator do projeto exemplificou: "Até a Carteira Nacional de Habilitação é preciso (sic) pagar a taxa de expedição mesmo que seja utilizada só a versão digital". Há um equívoco: não se opta entre modelos. A expedição efetiva é a da versão física, para a qual há custos de impressão, autenticação, transporte e guarda, entre outros. Só tem o modelo virtual quem tem o convencional.

*Em trânsito*

Passou na Comissão de Viação e Transportes da Câmara federal projeto que inclui gastos com funeral de vítimas de acidentes de trânsito entre despesas cobertas pelo Dpvat, o seguro para acidentes com veículos automotores. A proposta define pagamento até R$ 2,7 mil a herdeiro ou familiar da vítima como reembolso por custos com o sepultamento. As comissões de Finanças e Tributação e de Constituição e Justiça e de Cidadania ainda vão analisar o texto.

*Energizado*

Leva a assinatura do vereador Didi Mangueira (PDT) projeto que cria em Fortaleza programa público de uso de energia solar em conjuntos habitacionais da Prefeitura. Didi aponta que o custo de implantação de equipamentos com essa finalidade caiu 86% entre 2010 e 2020 - embora não cite a fonte da informação - e ressalta outras vantagens da energia fotovoltaica.

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COLUNA DE 30.06 (quinta-feira)

*O erro que se repete*

A Imprensa brasileira foi "parceira" (eufemismo aqui usado para tangenciar o uso direto da palavra "cúmplice") dos acontecimentos que resultaram no atual estado de coisas do País - a marca trágica de 671 mil mortos pela covid-19, a inflação desembestada, o desemprego recorde e a fome que tortura mais de 33 milhões de pessoas, por exemplo. Iniciou-se em 2013, como contam os registros históricos, uma avalanche de ataques e estímulos a manifestações violentas contra o governo. Quanto pior, melhor. Escancararam-se páginas de jornais e programas a qualquer opinião - mesmo as mais toscas - ou notícia falsa, assemelhando os meios convencionais a redes sociais mal-intencionadas. Seguiram-se o impeachment da presidenta Dilma Rousseff (PT), a prisão do ex-presidente Lula e a eleição de Jair Bolsonaro (então no PSL) ao Planalto. E, pelo visto, as lições dos últimos anos não serviram a nada. A propósito disso, vale destacar do jornal O Globo na última segunda-feira: "Dos quatro principais candidatos à Presidência, só Simone Tebet se compromete com lista tríplice do próximo PGR". Sim: Simone, do alto de seu 1% de intenção de voto, é considerada pela Globo uma das "quatro principais" candidaturas do Planalto.

*Em paralelo*

O ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, pré-candidato do PDT a governadora do Ceará, tem exposto diariamente a agenda que cumpre. As atividades variam de palestras, encontros com políticos e empresários, viagens ao Interior do Estado a - como ninguém é de ferro - exercícios físicos. A governadora Izolda Cela também não tem movido um milímetro da programação oficial de compromissos.

*Sinais*

Nem Roberto nem Izolda têm dado bola para ataques e provocações da oposição. Mais do que isso, têm ignorado solenemente insinuações até de pseudo-aliados - o que frustra, e com razão, os "geradores de tretas". Há analistas que avaliam esse comportamento como sinal de que um apoiará o outro após o PDT definir quem vai disputar o comando do Palácio da Abolição. E sem condições.

*Declaração fake?*

Reflexão do deputado Wagner Sousa no Twitter: "Em Atenas, o povo aplaudia na praça os oradores eloquentes e persuasivos, mas, no momento de escolher os dirigentes da cidade, ou líderes dos exércitos, ia buscar os que menos falavam é (sic) melhor procediam". Postou assim mesmo, com aspas, mas não informou a fonte "histórica" da frase. Uma busca na Internet não dá indícios da autoria.

*Sem fundo*

As denúncias de assédio sexual feitas por funcionárias contra o presidente da Caixa Econômica, Pedro Guimarães, provam que não é apenas o poço de abusos da gestão Bolsonaro que não tem fim. O esgoto também parece sem fundo.

*Outra plagas*

Além do jornal Opinião (www.opiniaoce.com.br), o portal InvestNordeste publica a Coluna do . Semanalmente, o autor está com o jornalista Maurício Lima no podcast Papo de Cabeça, que pode ser acessado nas plataformas YouTube e Spotify.

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Colunas julho/2022

COLUNA DE 2.7 (Sábado)

*PDT a caminho de resolver pendências*

O PDT deve definir e anunciar nesta semana, passada uma temporada de diálogos com aliados, o nome que lançará para concorrer ao Governo do Ceará. Havia quatro indicações, mas os resultados das pesquisas internas excluíram o deputado estadual Evandro Leitão, presidente da Assembleia Legislativa, e o deputado federal Mauro Benevides Filho. Permaneceram nas raias o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio e a governadora Izolda Cela. Internamente, Roberto é avaliado como o mais competitivo. Primeiro, por ser mais conhecido. Depois, por ter experiências parlamentares e administrativas que Izola não tem, além de ter se mostrado habilidoso em negociações com bases governistas. A favor de Izolda estão a maior proximidade com o PT e o fato de controlar a agenda do Palácio da Abolição.

*Virou meme*

No cipoal de especulações e jocosidades surgidas no entorno da decisão do PDT, merece destaque o ex-senador Eunício Oliveira (MDB). Ele, de peito inflado, declarou ter dado "carta branca" ao ex-governador Camilo Santana (PT) em apoio a Izolda Cela. Quando foi eleito pela última vez, em 2010, diria-se que Eunício virou piada. Hoje, que virou "meme".

*Rancores*

A fala de Eunício Oliveira tem dois motivos, ao menos: 1) Roberto Cláudio, quando prefeito, isolou o vice indicado por ele, Gaudêncio Lucena, e frustrou a atuação do ex-senador na gestão de Fortaleza; 2) Os irmãos Cid e Ciro Gomes, caciques do PDT, não apoiaram Eunício nas eleições de 2018 - sem sustentação, o ex-presidente do Senado perdeu a eleição para o novato Luís Eduardo Girão.

*Fez por merecer?*

A afirmação - que, mesmo que Eunício tivesse alguma influência no processo, seria no mínimo inconveniente - não apenas elegeu o ex-senador como autor da piada do mês. Um aliado do ex-governador foi direto e ácido: "Camilo agradece e dispensa tão generosa deferência. Tem coisa melhor para ouvir".

*De um polo ao outro*

O vereador Júlio Brizzi (PDT), com poucas canetadas, deu uma força bacana a dois projetos estratégicos para a gestão de José Sarto: o Costurando o Futuro e o Nossas Guerreiras. Num só dia, Júlio apresentou à Câmara 26 indicações para realização das ações em bairros de Fortaleza.

*Outra plagas*

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TERÇA-FEIRA (5.7)

*Wagner vê inimigos na própria sombra - e isso é grave*

Postagem do deputado federal Wagner Sousa (UB) nas redes sociais: "Lutamos/aprovamos a redução dos impostos na sua conta de energia, telefone e combustíveis. Infelizmente nossos adversários não querem que vc pague menos impostos. Entraram na justiça pra manter os elevados impostos nesses itens essenciais para sobreviver. Governo rico, povo pobre!" A referência é a ação com que governadores de 12 estados - inclusive o Ceará - ingressaram no STF tentando reverter o abocanhamento, pela União, de recurso tributário com que se pagam segurança, educação, saúde e infraestrutura. Candidato a governador do Ceará, o bolsonarista mostra sintomas de que se sente perseguido. A quem ele chama de "adversários"? Na eventualidade de ser eleito para o Palácio da Abolição, Wagner vai abrir mão de dinheiro para o erário estadual?

*Nada, nada, nada*

Se Wagner entende como "adversários" 12 governadores - inclusive nomes que, como ele, são do espectro bolsonarista -, o que diz da fome galopante, da inflação desembestada, do desemprego humilhante, do avanço das milícias, do esbanjamento de dinheiro público com cartões corporativos, do tráfico de influência de pastores no MEC e dos assédios moral e sexual institucionalizados no escalão superior da CEF? A acusação, aliás, é a mesma que o presidente Jair Bolsonaro (PL) faz a quem o contraria.

*Fora das "quatro linhas"*

Definição dos governadores: "Trata-se de intervencionismo sem precedentes da União Federal nos demais entes subnacionais, meio de tratos tributários (...) em ofensa às regras de repartição de competências postas na Constituição Federal de 1988". A ação classifica as determinações de Bolsonaro como "medidas inconsequentes".

*De um polo ao outro*

O vereador Júlio Brizzi (PDT), com poucas canetadas, deu uma força bacana a dois projetos estratégicos para a gestão de José Sarto: o Costurando o Futuro e o Nossas Guerreiras. Num só dia, Júlio apresentou à Câmara 26 indicações para realização das ações em bairros de Fortaleza.

*Espaços*

A Prefeitura de Fortaleza marcou para o próximo dia 29 licitação do uso de edificacoes no Parque da Liberdade, mais conhecido como "Cidade da Criança". Os locais têm áreas que variam de 85,85 m² a 134,41 m², com taxa mensal de uso de R$ 990,00 a R$ 7.050,00.

*Outras plagas*

Além do Opinião (www.opiniaoce.com.br), a Coluna do é publicada no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br). Semanalmente, o autor e o jornalista Maurício Lima participam do podcast Papo de Cabeça, que pode ser acessado nas plataformas YouTube e Spotify.

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COLUNA DE 7.7 (QUINTA-FEIRA)

*O risco de estender tapete vermelho para milícias*

A deputada Fernanda Pessoa (UB) assina projeto que oscila entre a polêmica e o alto risco social. Ela quer instituir o que chama de "política estadual de combate ao crime em áreas rurais". No fim das contas, a ideia é fazer com que o Estado, que tem a obrigação constitucional de prestar com eficiência serviços de segurança ao cidadão e aos patrimônios privados e públicos, afrouxe as funções que atualmente cumpre. O pretexto é de que seja para "estabelecer mecanismos para a efetivação de operações especializadas de segurança pública". No quinto item do artigo 3º, Fernanda cita a possibilidade de "fomentar a organização da sociedade civil para a adoção de práticas que busquem a prevenção social do crime" - o que, em termos bem diretos, pode resultar na criação de milícias. O artigo 4º não deixa dúvidas: "poderão ser firmados convênios com associações e outras instituições representativas da sociedade civil organizada para auxiliar na viabilização de meios necessários para o atendimento da política de combate aos crimes em áreas rurais".

*Outro meio*

Fernanda Pessoa, embora pertença a família atuante nos meios político e rural, não é parlamentar plenamente identificada com questões de segurança pública. Essa tem sido, no campo da oposição, pauta de ex-policiais como Noélio Oliveira e Francisco Cavalcante. O que os alinha é que os três são bolsonaristas.

*Dito e feito*

A propósito de projetos assim, vale lembrar declaração do então deputado Jair Bolsonaro em 2003: "Enquanto o Estado não tiver coragem de adotar a pena de morte, o crime de extermínio, no meu entender, será muito bem-vindo. Se não houver espaço para ele na Bahia, pode ir para o Rio de Janeiro. Se depender de mim, terá todo o meu apoio".

*Fala reforçada*

Outra de Bolsonaro, já como candidato a presidente da República, em 2018: "Tem gente que é favorável à milícia, que é a maneira que eles têm de se verem livres da violência. Naquela região onde a milícia é paga, não tem violência".

*Inflação desembestada*

A Câmara dos Deputados marcou para hoje, na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços, debate sobre políticas de reajuste e a desvalorização atual do salário mínimo - que deve passar dos atuais R$ 1.212 para R$ 1.294 no ano que vem. Tem de ser rápido, porque se não desvaloriza mais ainda.

*Aqui, ali e alhures*

Além do jornal Opinião (www.opiniaoce.com.br), o portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br) publica a Coluna do . Semanalmente, o autor e o jornalista Maurício Lima estão do podcast Papo de Cabeça, que pode ser acessado nas plataformas YouTube e Spotify.

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COLUNA DE 9.7 (SÁBADO)

*Saia da caixa você também*

O título acima, o leitor e a leitora já devem ter notado, é uma ironia com o slogan que por muitos anos serviu à publicidade da Caixa Econômica Federal. Não se trata de discurso contra o banco, longe disso. A CEF é uma das mais importantes instituições públicas do País - valor sobejamente comprovado nos 161 anos de existência da empresa. O que se pretende aqui é notar o permanente estado de assédio moral a que está submetido não apenas o funcionário do banco, mas o brasileiro de forma geral. Um assédio que também é político e que, em qualquer análise, se avoluma por ameaças golpistas aplicadas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros que se empenham para empalmar o poder do País. Assim como Pedro Guimarães é acusado de ter usado a força hierárquica para espezinhar subordinados e obter vantagens sexuais, deve-se atribuir o achaque verbal de Bolsonaro ao caráter questionável que marca os autoritários. Caráter que humilha, sufoca, tortura e mata física e moralmente.

*Bateu*

A mais recente voz destacada contra a Democracia é do anunciado candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro. Escreveu o general Braga Netto nas redes sociais na Internet: "A eleição de político ruim, ficha suja ou corrupto, nos dá oportunidade de avaliar não o político, mas a democracia, o sistema judiciário e principalmente o nível do eleitor".

*Levou*

Fala de Romi Márcia Bencke, integrante do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs: "Não há dúvidas que as urnas são seguras e confiáveis. Toda e qualquer suspeita levantada contra o sistema eleitoral brasileiro, e em especial a confiabilidade das urnas eletrônicas, não são condizentes com a postura democrática esperada de lideranças que ocupam cargos políticos".

*Parcerias*

Intercâmbio de conhecimento. É essa, segundo o presidente da Câmara de Fortaleza, a síntese dos objetivos da Escola do Parlamento criada na Casa. Antônio Henrique (PDT) explica que os diálogos e as experiências serão temas constantes das relações com outras instituições legislativas, sobretudo câmaras de vereadores na Região Metropolitana.

*Riscado do mapa*

Prefeito de Fortaleza por 11 anos (1990-92 e 1997-2004), tendo sido também articulador e principal influência da gestão de Antonio Cambraia (1993-96), o médico Juraci Magalhães foi o grande esquecido nos 30 anos da criação dos terminais de ônibus de Fortaleza. Também levam a assinatura dele o IJF, a Via Expressa, parques como o Rio Branco e o Parreão e avenidas como Bernardo Manuel e Raul Barbosa.

*Rei morto, rei posto*

A divulgação oficial da Prefeitura sobre o sistema integrado de transporte de Fortaleza não dedicou uma só linha à gestão de Juraci. Até o projeto dos viadutos do Cocó foi deixado por ele. O ex-prefeito morreu em 2009.

*Pontos de leitura*

Além do Opinião (www.opiniaoce.com.br), a Coluna do é publicada no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br). A cada semana, o autor e o jornalista Maurício Lima estão do podcast Papo de Cabeça, que pode ser acessado nas plataformas YouTube e Spotify.

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COLUNA DE 12.7 (TERÇA-FEIRA)

*Proteção para a educação*

Passou na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara federal a admissibilidade de Proposta de Emenda à Constituição que determina execução obrigatória de despesas orçamentárias com manutenção e desenvolvimento do ensino. O objetivo da matéria, da deputada Fernanda Melchionna (Psol-SP), é impedir o contingenciamento das verbas para políticas educacionais do Executivo. Fernanda quer evitar justamente o que expôs - de formas capenga, patética e com uma aritmética errada - o então ministro da Educação. Em maio de 2019, Abraham Weintraub espalhou um monte de chocolates numa mesa diante do presidente Jair Bolsonaro e tentou convencer a opinião pública de que o corte de recursos era positivo. Na época, Weintraub e o governo pagaram mico pelas contas que não souberam fazer. Não apenas trataram mal o ensino, mas ameaçaram o futuro.

*Traço na pandemia*

Cartunista dos mais criativos, o cearense Carlos Henrique "Guabiras" está com livro novo na praça. O título é "Como sobrevivi à covid-19". É um relato de resistência e superação da trágica pandemia do coronavírus. Tão bem-humorado quanto necessário, diga-se. Guabiras está vendendo a publicação pelo Facebook: https://www.facebook.com/guabiras.cartunista.

*Acelerado*

Por obra e graça do deputado Marcos Sobreira (PDT), o contribuinte bancou sessão na Assembleia Legislativa para comemorar 10 anos do "Anonimous Moto Grupo", entidade por meio da qual 11 - isso mesmo: onze, mas com respectivas garupeiras - motociclistas organizam passeios por estradas do Ceará. Bacana o que o parlamentar fez com seu dinheiro, né não? A propósito, a símbolo do nada anônimo "Anonymous" é uma caveira com asas.

*Essenciais*

Enquanto a turma do lazer acelera alegre e festivamente pelas estradas, casa legislativa nenhuma discute a situação dos motoqueiros que prestam serviços, em geral sob condições difíceis, a aplicativos de entrega de comida no Ceará. Essa categoria prestou serviços essenciais no pico da pandemia. E ainda presta.

*Amargo regresso*

O retorno do Brasil ao Mapa da Fome, delineado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), tem uma representação especialmente dolorosa. Primeiramente, por indicar vidas em risco ou perdidas pelo descumprimento dos mais elementares direitos do cidadão. Depois, por jogar o País de volta a uma condição de três décadas atrás. Isso: em apenas três anos recuamos 30. Como se recuperar disso?

*Frase*

A fome não é unicamente humilhante - o que já seria demais. É deletéria e criminosa. Pausa para o genial português José Saramago: "Não é a pornografia que é obscena. É a fome que é obscena".

*Aqui, ali e alhures*

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COLUNA DE 14.7 (QUINTA-FEIRA)

*Um fim de semana animado, mas não alegre*

O próximo fim de semana há de ser animado. O PDT do Ceará deve anunciar no sábado o nome com o qual concorrerá ao Governo do Estado. Busca-se o fim da confusa situação no partido. Discute-se por lá quem, entre Izolda Cela e Roberto Cláudio, com Evandro Leitão e Mauro Filho correndo por fora, reúne mais condições de enfrentar os adversários bolsonaristas nas eleições de outubro. A pressão maior é exercida de fora para dentro do partido - gente do Novo, do PSDB, do PT e de outros tenta porque tenta meter o bedelho na pauta. Milícias digitais têm se prestado a espalhar fake news e "análises", de olho em induzir os pedetistas a optarem por soluções menos eficientes. As redes sociais estão coalhadas de textos ruins e falas idem, sem sustentação nem substância política, no mais das vezes procurando meios de gerar atritos com aliados. Qualquer que seja a deliberação do PDT, o próximo fim de semana há de ser animado. Ou não.

*Se ficar o bicho pega, se correr o Ciro Gomes*

As grandes dúvidas são as seguintes: 1. Se a escolhida for Izolda, ela será competitiva sem o apoio da ala de Cid e Ciro Gomes e dos aliados deles? Se o escolhido for Roberto Cláudio, ele será competitivo sem o apoio do PT e do restante de esquerda? Quem souber morre.

*O Brasil avança*

O Brasil deixou a 13ª posição e agora está na 7ª posição no ranking de empreendedorismo mundial. Isso, em tese, é um avanço. Mas é positivo? Não, nem de longe. A listagem foi feita pela consultoria internacional Global Entrepreneurship Monitor (GEM, que pode ser traduzido como "monitor do empreendedoriamo global") e considera a taxa de empresas abertas há mais de três anos e meio em 50 países. Os dados do GEM indicam que o País tem 43 milhões de empreendedores.

*Camuflagem*

É nos números que se esconde uma realidade trágica: o crescimento de "empreendedores" no Brasil se deve, em parte, ao desemprego e ao processo de "pejotização", no qual trabalhadores são forçados a deixar a condição de pessoas físicas e a se tornarem pessoas jurídicas. Ou seja, trocam o CPF pelo CNPJ.

*No olho da rua, literalmente*

Motoristas de aplicativos e motoboys são categorias nas quais se concentra a mão-de-obra que, para sobreviver, precisou modificar o reconhecimento legal. São trabalhadores que tiveram de abrir renunciar a direitos como salário fixo, férias remuneradas, 13º salário e abonos. No Brasil, o marco da mutação é a reforma trabalhista de Michel Temer. Justamente três anos e meio atrás.

*Pode piorar? Pode*

Análise de Maria Brasil, presidenta da Confederação Nacional de Jovens Empresários: "Enquanto a taxa de empreendedores estabelecidos cresceu, a de empreendedores iniciais caiu". Segundo com ela, os mesmos motivos que representam o sucesso do empreendedorismo são os que provocam o fracasso: imediatismo e falta de gestão de renda, como para promover o pagamento dos empréstimos contratados com facilidade nesse período.

*Outras frentes*

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Colunas agosto/2022

COLUNA DE QUINTA (4.8)

*Resgate, proteção e respeito ao verde e amarelo*

Desde o último sábado, as redes sociais na Internet estão coalhadas de imagens da convenção do PT em Fortaleza, na qual se oficializou o deputado estadual Elmano Freitas como candidato a governador do Estado. Em geral, as fotos e os vídeos que circulam mostram a concentração de petistas e de aliados, destacando as figuras do ex-presidente Lula, do ex-governador Camilo Santana, candidato a senador, e do próprio Elmano. É natural que esforços assim de campanha privilegiem a expressividade e o entusiamo do público. Mas é importante que se notem elementos importantes nas cenas. A presença das cores verde e amarela vestindo militantes ou sendo acenadas por eles, por exemplo, chama atenção. O fato de Lula, Elmano e Camilo ostentarem uma grande bandeira do Brasil também é representativo. Está ali um gesto deliberado de resgate progressistas dos padrões nacionais - que, nos últimos anos, haviam sido apropriados pelas alas conservadoras e da direita. Resta esperar que a retomada seja uma mensagem enfática e definitiva de que os símbolos do País pertencem a todos; que não podem ser manipulados por grupos ou ajuntamentos. E que devem ser tratados com respeito e compostura.

*Do outro lado*

Alguém precisa avisar urgentemente ao Solidariedade que o deputado Heitor Férrer não é mais do partido. Ele debandou faz três meses para o União, tornando-se, por isso, bolsonarista e apoiador do Capitão Wagner. Mesmo assim, Heitor aparece no site da sigla na Internet (www.solidariedade.org.br/estado/ceara) como "Líder da Bancada Assembleia Legislativada (sic)".

*Cochilo*

Mas, sendo justo, a própria Assembleia derrapa ao afirmar que "Na atual legislatura, Heitor integra duas comissões (...) e é líder do Solidariedade no Parlamento Estadual". Veja em https://www.al.ce.gov.br/index.php/deputados/nomes-e-historico/164-partidos/199.

*Pra tirar o atraso da covid*

Projeto do prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT): "Se tudo correr bem, vamos ter o maior Réveillon da história da cidade, com dois dias de festas e atração internacional, para celebrarmos o reencontro com a vida".

*Falta um*

Termina amanhã o prazo para que partidos realizem convenções em que oficializarão candidatos às eleições deste ano. Grande parte dos que disputarão os governos estaduais está definida. Mas há no mercado do voto uma grave indefinição de nomes para vice.

*Grave*

A Comissão de Assuntos Sociais do Senado tem debatido neste turbulento período pré-eleitoral um tema pouquíssimo explorado - embora muito grave: o assédio institucional. A mazela se define como constrangimento, deslegitimação, desqualificação, perseguição e ameaça às atividades de órgão oficial e servidores para pautar interesses não governamentais às atividades de agentes públicos.

*Nome daqui*

O assassinato do servidor da Funai e indigenista Bruno Araújo, acompanhado do jornalista norte-americano Dom Philips é um exemplo de assédio institucional. Só há um cearense na Comissão: o bolsonarista Eduardo Girão (Podemos).

*Roberto Maciel é jornalista*

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COLUNA PARA SÁBADO (6.8)

*O que Amarílio, Cabeto e Régis representam para Roberto Cláudio*

O empresário Amarílio Macedo (PSDB), CEO do grupo J. Macedo, marca tradicional da economia regional; o médico e professor universitário Carlos Alberto Martins Rodrigues Sobrinho (Agir36), ex-secretário da Saúde do Estado; e o hoteleiro Régis Medeiros (Cidadania), ativo militante dos movimentos empresariais, são as caras novas da campanha do ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT) ao Governo do Ceará. Amarílio entra em cena para disputar o Senado, tendo Cabeto e Régis como suplentes. Pode-se dizer que nenhum tem experiência eleitoral. É fato, mas isso não importa tanto. Eles têm credenciais para tratar com setores sociais relevantes, têm cacifes dos quais candidato nenhum pode abrir mão. Pedir voto vai ser tarefa de Roberto Cláudio e do vice, Domingos Filho (PSD). Esse quadro cria um fluxo favorável aos peedetistas - algo que, nas frentes adversárias, não foi alcançado.

*Outro viés*

Do lado bolsonarista, o candidato Wagner Sousa (UB) conseguiu recrutar o deputado federal Raimundo Gomes de Matos (PL) para vice e a advogada Kamila Cardoso (Podemos) como candidata a senadora. Nenhum tem interlocução forte com segmentos empresariais, intelectuais e populares. Isso não é crítica, é fato. E mostra o tamanho do desafio que o bolsonarismo vai ter de enfrentar.

*Na toga*

A Justiça Eleitoral está se requebrando na toga para rebater fake news espalhadas em aplicativos na Internet. Criou até a página https://www.justicaeleitoral.jus.br/fato-ou-boato/# para publicar esclarecimentos. Mas poderia ir mais longe em vez de tentar enxugar gelo: processar com o máximo rigor que a lei permite as usinas de mentiras. A urna eletrônica tem sido a vítima mais frequente da pilantragem.

*Quem avisa...*

O presidente da Câmara de Fortaleza, Antônio Henrique (PDT), deu uma dura em quem costuma transformar o plenário em palanque: "Vamos nos esforçar para discutir e debater demandas da nossa gente. Não podemos e não vamos usar essa tribuna como palanque político, para favorecimento de um ou outro candidato".

*...Amigo é*

Henrique, para não deixar margem para dúvidas, completou: "A presidência desta Casa, em acordo com a Mesa Diretora e Colégio de Líderes, estará atenta e fará o que for necessário para que o nosso foco não seja desviado".

*Outro foco, né?*

A Assembleia Legislativa do Ceará, que abrigou na última quinta-feira convenção do PSDB, abre hoje portas para aulas presenciais do Programa Alcance - iniciativa de preparação de estudantes para as provas do Enem.

*Por aí*

A Coluna do Roberto Maciel é publicada também no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br). O autor e o jornalista Maurício Lima também mantêm no YouTube o canal Papo de Cabeça (https://bit.ly/3cP1JHu), com notícias e análises políticas.

*Roberto Maciel é jornalista*

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TERÇA, 9.8

*As juventudes se posicionam*

As mais recentes pesquisas de intenção de voto convergem para uma conclusão muito, muito positiva: o eleitorado jovem decidiu não abrir mão do poder de decidir. Mais: não se deixou levar pelo discurso de que política e corrupção andam de mãos dadas, de que políticos são todos iguais. Nesse cenário, há uma observação da qual não se pode tangenciar. É a de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se encontrou com as faixas mais novas dos votantes. Lula - que é o mais velho de todos os candidatos, aos 76 anos, é o que fala com mais eficiência para a garotada. Outros nomes, como a senadora Simone Tebet (MDB-MT), o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-governador Ciro Gomes (PDT), não passam nem perto do nível de proximidade que tem o diálogo do petista. Faltam, a partir desta terça-feira, 53 dias para as eleições. Isso: menos de dois meses. O tempo é curto para quem pretende ser levado a sério pelo eleitor.

*Muy amigo!*

Um eufórico petista - e bote eufórico nisso! - dizia ontem num grupo de aplicativo de mensagens que o nome ideal para vice do candidato ao Governo Elmano Freitas era a ex-prefeita Luizianne Lins. "Ela é do PT, é amiga do Elmano, trabalharam juntos na gestão, pode ser puxadora de votos, interage com as juventudes e os movimentos feministas e tem muita experiência".

*Eu? Nunquinha...*

Há quem diga que Luizianne não gosta nem de ouvir ideias assim. Nem como brincadeira - seja de militantes ou correligionários graduados. Deputada federal, ela só postula a reeleição.

*Tarefa intrincada*

A propósito, o tuxaua do MDB cearense, Eunício Oliveira, até ontem queimava pestanas para escolher uma mulher do partido ou da circunvizinhança para ser vice na chapa petista. Os currículos não estavam ajudando.

*Foi ou não foi?*

O presidente Jair Bolsonaro (PL) escolheu o popular podcast Flow para, ontem, ingressar no mundo das entrevistas na Internet. Talvez não tenha sido a opção mais adequada. É que foi lá que o influenciador digital Bruno Aiub, vulgo "Monark", disse que o nazismo deveria ser descriminalizado no Brasil - na ocasião, ganhou apoio do deputado federal Kim Kataguiri (UB-SP) e o repúdio de muita, muita gente séria, responsável e inteligente.

*Por aí*

Esta Coluna também é publicada no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br). O jornalista Roberto Maciel, com o jornalista Maurício Lima está, ainda, no YouTube o canal Papo de Cabeça (https://bit.ly/3cP1JHu), com notícias e análises políticas.

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COLUNA PARA 11.8

*Jade Romero já é alvo de xingamentos e ameaças na Internet*

Assim como a fisioterapeuta Renata Almeida, primeira indicada do MDB para a posição de vice na chapa do candidato petista Elmano Freitas ao Governo do Ceará, a administradora Jade Romero, designada para substitui-la na campanha, também está sendo alvo de ataques na Internet. Mensagens distribuídas em redes sociais, com tons misóginos e preconceituosos, em autêntica violência de gênero, têm sido a marca das agressões. Embora esse tipo de postura não seja raro, chama atenção. Primeiro, porque coincide com um (mau) comportamento que há anos vem ultrapassando os meios digitais e invadindo a política - trata-se de um caráter que em muitas situações pode ser classificado como criminoso. Depois, porque, mesmo com os avanços que o País experimentou em anos passados no combate às discriminações, percebe-se que há um esforço coordenado no sentido oposto ao da qualificação.

*Lilás*

A propósito, a Assembleia Legislativa está em plena campanha Agosto Lilás, integrada a outras instituições do Ceará que se posicionam contra a violência contra a mulher. "A Campanha tem como objetivos sensibilizar a sociedade sobre a violência doméstica e familiar contra a mulher, estimular reflexões sobre estratégias de prevenção e combate ao machismo e sobre os tipos de violência de gênero, além de divulgar a Lei Maria da Penha e os meios de denúncias disponíveis no Estado", diz o projeto da deputada Augusta Brito (PT) aprovado no início do ano.

*Questão de confiança*

Cacique emedebista no Ceará, o ex-senador Eunício Oliveira é considerado uma incógnita por parte dos aliados da esquerda. Afinal, foi como presidente do Congresso Nacional que ele conduziu o impeachment de Dilma Rousseff (PT). Há quem analise que, se Eunício quisesse ter feito articulações pela legalidade e contra o afastamento da então presidenta, a história hoje poderia ser outra.

*De fora*

A Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito - ou, simplesmente, "Carta pela Democracia" -, resultado de mobilização a partir da Universidade de São Paulo (USP), já supera 1 milhão de adesões. O documento será apresentado hoje, em ato na Faculdade de Direito da USP. O reitor da UFC, Cândido Albuquerque, advogado e professor, até ontem não figurava entre signatários.

*Saberes compartilhados*

O Ministério Público do Ceará lançou mobilização para arrecadar livros. Os volumes serão destinados a centros socioeducativos, que atendem jovens em conflito com a lei. Universidades estão engajadas na proposta. As doações poderão ser feitas até o fim deste ano.

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COLUNA SÁBADO (13.8)

*Medidas de Bolsonaro são declaração de guerra aos servidores*

Informações recentes que devem ser consideradas por quem se presta a analisar as marés da gestão pública neste período pré-eleitoral: 1) O Ministério da Economia edita resoluções com novas diretrizes para a governança federal - entre as quais a limitação a 50% do custeio dos planos de saúde por estatais. Isso, para representações dos trabalhadores, ameaça direitos de categorias diversas; 2) O presidente Jair Bolsonaro (PL) veta na Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2023 reajuste de salário para policiais e integrantes da Agência Brasileira de Inteligência. Cada medida assim deve ser apreciada separadamente, mas há de se questionar conjuntamente que tipo de política o Planalto está reservando ao serviço público para os próximos anos, na eventualidade da reeleição de Bolsonaro.

*Que caminho é esse?*

Não se argumenta aqui com a concessão de benefícios graciosos a setores específicos. Ou com a criação de castas privilegiadas - embora deva-se admitir que essa é uma defesa que persiste em alguns ninchos. O que precisa estar em pauta é o respeito à Constituição, que trata de modo muito nítido de direitos e deveres.

*Golpe*

Sobre o veto em relação ao reajuste salarial de policiais, é legítimo esperar que isso vá gerar impactos negativos na campanha do bolsonarista Wagner Sousa (UB) ao Governo do Ceará. Wagner, PM reformado, tem na área da Segurança uma parcela volumosa de aliados e simpatizantes. Vai ficar duro para ele explicar o porquê do golpe nos contracheques.

*Junto e misturado*

A Assembleia Legislativa marcou para a próxima terça-feira sessão solene para marcar o Dia do Economista - que transcorre hoje. A Casa não quer economizar em homenagem. A proposta foi encaminhada pelo deputado Sérgio Aguiar (PDT), que também não economiza em graduações: é formado em Economia, Administração e Direito.

*Pé de valsa*

O novo vereador da Câmara de Fortaleza, Veríssimo Freitas (Republicanos), é professor de dança. Ele substitui o pastor evangélico Ronaldo Martins, que foi cumprir suplência na Câmara dos Deputados. Pode-se até dizer que muita gente já dançou na política local, mas ensinar é coisa rara.

*Outras plagas*

A Coluna do Roberto Maciel é também publicada no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br). O jornalista participa, ainda, do podcast Papo de Cabeça, em canal no YouTube (https://bit.ly/3cP1JHu) e na plataforma Spotify. O podcast traz notícias e análises políticas.

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COLUNA TERÇA (16.8)

*Os degraus que a política impõe*

O Governo do Estado inaugurou no último fim de semana duas escadas rolantes no Mercado Central, em Fortaleza. Os equipamentos custaram R$ 97 mil do erário estadual - de fato, não foi gasto nem esforço expressivos. Mas obra era necessária: cerca de 2 mil pessoas, conforme a comunicação oficial, trabalham no local. Em períodos de alta estação, a frequência diária mais do que triplica, impulsonada por visitantes de diferentes origens interessados em conhecer o artesanato a cultura locais. A expectativa em relação às novas escadas era tão grande, mas tão grande, que a governadora Izolda Cela fez questão de ir pessoalmente à solenidade de entrega. O sobe-e-desce da política cearense está, literalmente, determinando que agendas simples assim ganhem pompa e circunstância.

*Não dá para entender*

Citaram-se na inauguração das escadas nomes, entre presentes e ausentes, que tiveram alguma participação no serviço. Mas não se falou do prefeito responsável pela construção do novo Mercado, Juraci Magalhães (PMDB), que em 1998 desativou o prédio insalubre no qual as lojas funcionavam desde 1809 e ergueu o atual, moderno e seguro. Foi uma omissão inexplicável.

*Dá para entender*

Também não se falou no ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT), que, com o então governador Camilo Santana (PT), lançou a ação intitulada "Juntos Por Fortaleza". Foi esse programa que projetou e executou a implantação das melhorias. E essa omissão, ao contrário da outra, é pra lá de explicável. Afinal, "juntos" é palavra que hoje não cabe entre os dois.

*Octógono*

Começa hoje a temporada de campanhas eleitorais autorizadas pelo TSE. É possível que não se testemunhem muitas hostilidades entre candidatos a presidente ou a governador nos meios oficiais - talvez seja mais interessante bancar diplomacia e bons modos. O jogo bruto mesmo está, há meses, nas redes sociais. Até igrejas evangélicas estão no vale-tudo. Resta esperar para ver como vão ficar os programas gratuitos em rádio e TV, que começam dia 26.

*Exemplo*

O prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), e o secretário de Cultura, Elpídio Nogueira, irmão dele, deram exemplar prova de civilidade e respeito à laicidade do Estado. Foi domingo passado. O Município apoiou integralmente a tradicional Festa de Iemanjá, promovida desde 1950. O evento se realizou tranquilo e seguro. Sarto e Elpídio são evangélicos.

*Preto-no-branco*

E Sarto sanciona hoje, em ato no Ginásio Paulo Sarasate, a lei que cria o novo piso salarial dos agentes comunitários de Saúde e dos agentes de combate às endemias. Será às 9h30min.

*Laços de família*

Se há alguém na expectativa de uma briga jurídica tucana entre o senador Tasso Jereissati e o ex-deputado Chiquinho Feitosa, em torno do mando no PSDB local, vale lembrar que Chiquinho é cunhado do ministro do STF Gilmar Mendes. É isso o que temos pra hoje.

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QUINTA-FEIRA - 18.8

*O primeiro aviso de Bolsonaro ao Capitão Wagner*

O deputado estadual André Fernandes (PL) serviu de portador de um duro recado ao Capitão Wagner (UB), candidato de direita que disputa o Governo do Ceará: se o deputado federal não se posicionar firmemente e retribuir o apoio que tem do presidente Jair Bolsonaro (PL) vai se dar mal, muito mal. As palavras de André numa rede social não permitem interpretação diferente: "Ele ter dito que respeita o Lula em entrevista ao jornal O Povo foi talvez o ápice até agora. Bandido não merece respeito, e sim desprezo! Como respeitar um ladrão que quer censurar a mídia, controlar a imprensa e impor uma ditadura no meu país? Essa fala foi desprezível". Para não deixar dúvidas, André registrou que "muitos dariam tudo pelo apoio do presidente Bolsonaro, enquanto alguns que o recebem de forma voluntária preferem ignorar e esconder. Quem não liga pro apoio do Bolsonaro também não deve se importar com o apoio dos bolsonaristas, né!?"

*Puxão de orelhas*

Como André Fernandes não tem autonomia política - e não tem pudor de afirmar isso, definindo-se publicamente como "soldado de Bolsonaro nessa guerra pela liberdade do nosso povo" -, a queixa foi entendida pelas tropas que cuidam da campanha de Wagner como um recado do próprio Planalto. Foi só o primeiro aviso. O comportamento futuro de Wagner vai mostrar se teve efeito.

*Ventriloquismo*

Os tuxauas wagneristas entenderam certinho. Afinal, política e aritmeticamente, não interessa a André Fernandes ou a qualquer outro candidato proporcional encrencar por conta própria com um postulante majoritário. Além de ambicionar a reeleição, André quer eleger o pai, Alcides, deputado federal. Dependendo de votos desse jeito, brigar com o topo da pirâmide bolsonarista nas eleições do Ceará não é bom negócio

*Olhares*

Prevê-se para hoje a divulgação de pesquisa de intenção de voto do Datafolha, encomendada pela Rede Globo e jornal Folha de S. Paulo. Já saíram nesta semana sondagens Globo/Ipec (antigo Ibope), BTG/FSP e Genial/Quaest. Todas indicam Lula (PT) na dianteira.

*Vox populi*

E por falar em voto, vale lembrar: a Prefeitura de Fortaleza abriu votação popular em que o cidadão poderá sugerir prioridades para a Lei Orçamentária Anual 2023. As participações são feitas pelo site https://participa.fortaleza.ce.gov.br/

*Se alguém perguntar por mim*

A Coluna do jornalista Roberto Maciel é também publicada no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br). O autor, em parceria com o jornalista Maurício Lima, ainda está no YouTube com o canal Papo de Cabeça (https://bit.ly/3cP1JHu), com notícias e análises políticas. O podcast também é disponibilizado, também gratuitamente, na plataforma de áudio Spotify.

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COLUNA SÁBADO (20.8)

*Palavras, atos e omissões*

Da ex-prefeita Luizianne Lins (PT), deputada estadual: "Eu tenho uma relação pessoal boa com o (Capitão) Wagner. A gente tem que aprender isso na política. A gente tem que ser generoso, até porque eu acredito que as pessoas, elas precisam ter relações cordiais, relações importantes. Eu sou colega de parlamento do Wagner".

*Minha culpa, minha tão grande culpa*

Imagine se, em nome da "generosidade" e das "relações cordiais", a deputada Maria do Rosário "acreditasse" no então deputado Jair Bolsonaro, que disse que não a estupraria porque a considerava "feia".

*Hora agá*

Do ex-governador Ciro Gomes (PDT), candidato a presidente da República: "Pode ser que esteja na hora de a gente entregar para o Capitão Wagner lá, o cara do Bolsonaro. Quem sabe a gente aprende a dar valor ao que tem. Se não, ok".

*Filtrando a história*

Imagine se, em nome de "aprender a dar valor ao que tem", o PMDB de Fortaleza achasse que em 1988 "estava na hora" de entregar a Prefeitura ao radialista Edson Silva.

*Domingão do Xandão*

Termina amanhã o prazo para que os tribunais eleitorais, partidos e federações políticas e entidades de empresas de rádio e de TV se acertem e façam planos de mídia para uso da parcela do horário eleitoral gratuito a que tenham direito. O TSE, agora sob o comando do ministro do STF Alexandre de Morais, estará de olho nesses entendimentos.

*Lance de dados*

Os tribunais, siglas e emissoras também deverão fazer sorteios nos quais se definirão as ordens de veiculação da propaganda em rede e de inserções provenientes de eventuais sobras de tempo. Pode parecer pouco, mas em muitos casos isso pode ser fundamental para a orientação dos conteúdos das campanhas.

*Diz que fui por aí*

Esta Coluna é publicada, ainda, no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br). O jornalista Roberto Maciel, com o jornalista Maurício Lima, está no YouTube com o canal Papo de Cabeça (https://bit.ly/3cP1JHu) apresentando notícias e análises políticas. O podcast é também disponibilizado gratuitamente na plataforma de áudio Spotify.

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COLUNA PARA TERÇA (23.8)

*A cor da Maria da Penha*

Lilás é a cor de agosto. A referência tem a ver com direitos da mulher e com a prevenção da violência doméstica, fruto do machismo entranhado nos mais profundos recônditos da sociedade. A Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara federal programou para amanhã audiência pública para tratar do tema - a ênfase serão o desafios da aplicação da Lei Maria da Penha. E não há de ser uma atividade excessiva. Após 16 anos de existência, a Lei Maria da Penha ainda sofre ataques, questionamentos e deboches de representações políticas e até do judiciário. No Ceará, duas mulheres com posições privilegiadas se destacam contrárias a uma legislação que, paradoxalmente, as protege: a deputada estadual Silvana Rodrigues e a vereadora Priscila Costa. Ambas são bolsonaristas, mas quem se espanta com isso?

*Fora do campo*

Uma das avaliações parlamentares é a de que a pandemia de covid-19 provocou o crescimento das taxas de violência doméstica e familiar. O Ceará tem apenas uma mulher na bancada federal - a ex-prefeita de Fortaleza Luizianne Lins (PT). Ela não participa da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara.

*Acidente?*

Merece atenção especial dos investigadores da Polícia Civil do Ceará: no último dia 12, no quilômetro 43 da BR 122, no município de Aracoiaba, um carro se desgovernou na estrada e caiu num rio. A bordo estava a médica Lara Florentino, 31 anos, que morreu em consequência dos ferimentos. Lara trabalhava no Hospital Regional do Sertão Central, em Quixeramobim.

*Olhares atentos*

Até aí, o caso poderia ser somado às estarrecedoras estatísticas do trânsito. Mas há elementos que exigem olhares mais cautelosos. Um é o fato de que Lara, dias antes, ter registrado na Delegacia da Mulher um Boletim de Ocorrência no qual denunciou estar sendo vítima de ameaças. Ela citou um homem com quem teria um relacionamento. Seria um juiz de Direito.

*Tiro de meta*

O candidato Ciro Gomes (PDT) dá sequência hoje a agenda de entrevistas do Jornal Nacional (Rede Globo) com presidenciáveis. A série havia programado para ontem Jair Bolsonaro (PL). Para quinta-feira, o nome é Lula (PT). Simone Tebet (MDB) encerra a lista. Amanhã não tem conversa, porque quarta é dia de futebol e ninguém é de ferro, né?

*Coisas estranhas*

Dependendo das falas dos candidatos, o Jornal Nacional vai acabar recolhendo material para roteiro de seriado capaz de rivalizar com o cultuado Strange Things.

*É fogo!*

O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Álvaro Pereira Leite, tem discurso agendado para hoje na abertura de evento sobre energia solar, em São Paulo. Pereira Leite é aquele que, como o antecessor, Ricardo Salles, tem enorme dificuldade para explicar o aumento do número de queimadas no Brasil.

*Outras plagas*

A Coluna do Roberto Maciel é também publicada no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br). O jornalista participa, ainda, do podcast Papo de Cabeça, em canal no YouTube (https://bit.ly/3cP1JHu) e na plataforma Spotify. O podcast traz notícias e análises políticas.

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QUINTA-FEIRA, 25.8

*Propaganda eleitoral começa amanhã em rádio e TV com o desafio de se reinventar*

Começa amanhã a propaganda eleitoral de rádio e televisão. As veiculações incluem, pela ordem, programas e inserções dos candidatos majoritários e proporcionais. A grande questão é: para quê? Num cenário em que as redes sociais na Internet assumiram importante papel para as campanhas políticas - da esquerda à direita, diga-se -, é de se admitir que mensagens dessa natureza em veículos que têm perdido audiência tendem a se esvaziar, a derreter. Além do mais, há uma concorrência que beira a deslealdade: as fake news. Paridas em meios que desprezam a ética e o respeito às leis, notícias falsas ganharam em 2018 status de estratégics. Mamadeira, kit gay, frases distorcidas, propostas esdrúxulas, propriedade de bens - tudo se presta à invencionice mais deletéria. Isso é feito para ser empurrado para os eleitores, mas, claro, não aparece nas produções monitoradas pela Justiça Eleitoral. O que se põe agora é a necessidade de novo fôlego, novas técnicas de criação, novos sentidos e eficiência para salvar o que está nas regras. Até porque isso só se faz porque tem dinheiro do cidadão.

*Telinha local*

No Ceará, os candidatos a governador terão os seguintes tempos: Wagner Sousa (UB) - 3min50seg; Elmano Freitas (PT) - 3min37seg; Roberto Cláudio (PDT) - 2min32seg; Chico Malta (PCB) - 20seg; Serley Leal (UP) - 20seg; Zé Raimundo (PSTU) - 20seg. A propaganda eleitoral para o Governo, além de deputados estaduais, terá início amanhã. A estreia será com Elmano, seguido de Wagner e Roberto Cláudio.

*Expostos*

Já os candidatos à Presidência terão os seguintes tempos de exposição por dia: Lula (PT) - 3 minutos e 39 segundos; Bolsonaro (PL) - 2min38seg; Simone Tebet (MDB) - 2min20seg; Soraya Thronicke (UB) - 2min10seg; Ciro (PDT) - 52seg; Roberto Jefferson (PTB) - 25seg; Luiz Felipe D´Ávila (Novo) - 22seg.

*Fora da vitrine*

Eymael (DC), Léo Péricles (UP), Vera Lúcia (PSTU) e Sofia Manzano (PCB) não atingiram os requisitos do TSE e não vão aparecer na TV e no rádio. Os partidos precisariam ter tido 1,5% dos votos válidos em 2018 em um terço dos estados ou nove deputados eleitos distribuídos por um terço do território nacional. Importante: a primeira cara que você verá sábado na propaganda dos presidenciáveis será a do ex-deputado, ex-detento e apêndice do bolsonarismo Roberto Jefferson, do qual nem se sabe se será mantido no páreo pela Justiça.

*Saúde, educação e respeito*

O deputado Audic Mota (MDB) pôs para tramitar na Assembleia Legislativa projeto que institui o Estatuto da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista no Ceará. A ideia é sistematizar políticas públicas intersetoriais. "Especialmente nas áreas da cultura, saúde, educação, capacitação profissional, emprego, renda e assistência social", diz o deputado.

*Vivências*

A AL mantém hoje o Centro Inclusivo para Atendimento e Desenvolvimento Infantil, setor no qual presta atendimento a crianças de 2 a 12 anos de idade e adolescentes até 16 anos com Transtorno do Espectro Autista. Lá também há serviços para crianças de 2 a 7 anos com Síndrome de Down. O público são filhos de servidores da Casa.

*Outras plagas*

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COLUNAS SETEMBRO 2022

"É política do governo manter o povo na ignorância"

O textinho a seguir foi pinçado do segundo volume de Escravidão, trilogia de livros do jornalista Laurentino Gomes. Trata-se de uma impressão sobre os brasileiros e sobre o comportamento do Governo: "Os habitantes parecem saber bem pouco acerca dos requintes da vida, passando a maior parte do tempo na mais completa indolência e lendo pouquíssimos livros, pois o conhecimento não está no rol de suas preocupações. É política assente do governo manter o povo na ignorância, já que isso o faz aceitar com mais docilidade as arbitrariedades do poder". Parece atual? Pois saiba: o relato é datado de 1764. É atribuído à viajante e escritora britânica Jemima Kindersley. A caminho da Índia, em 1764, Jamima fez uma escala em Salvador (BA) e se impressionou com a relação (ruim) entre a população - predominantemente negra, escravizada - e os donos do poder.

Olhar

Jemima Kindersley era uma típica personagem da era colonial. Casada com um militar que servia à Coroa Britânica na Índia - na época, assim como o Brasil, uma fonte de riquezas explorada pela Europa -, tornou-se atenta observadora de gentes e costumes. Seus livros são referenciais na língua inglesa.

Tudo como dantes

O que ela escreveu sobre o Brasil é espantoso, tanto pela precisão quanto pela persistência. O texto aqui citado soma 258 longos anos. Sob o ponto de vista da autora, nada mudou.

Ideia

O Centro Industrial do Ceará, que na década de 1980 se prestou como trampolim para que um grupo de empresários jovens chegasse ao poder no Estado, tomou fôlego novo. O CIC está agora propondo a criação do que, em logística, se chama de "porto seco". A estrutura seria uma conexão para que indústrias locais negociem com empresas da Zona Franca de Manaus (AM) com menores de custos, melhor fluxo de produtos e mercadorias e agilidade burocrática.

Solidariedade

O deputado Antônio Granja (PDT) assina projeto com o qual propõe que o Ceará crie um programa de conscientização e incentivo à doação de cabelos para pessoas em tratamento de câncer. A ideia, embora clonada de um texto já aprovado na Câmara dos Deputados, é de fato interessante e solidária.

Espaços

Esta Coluna também é publicada no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br). O jornalista Roberto Maciel ainda participa do podcast Papo de Cabeça, em canal no YouTube (https://bit.ly/3cP1JHu) e na plataforma Spotify. O podcast, trabalho conjunto com o jornalista Maurição Lima, reúne notícias, entrevistas e análises políticas.

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A Coluna do Roberto Maciel (3.9, sábado): Candidaturas impugnadas: de milicianos a fichas-sujas, o prazo entra na reta final

A Justiça Eleitoral tem somente mais 10 dias para julgar os registros de candidaturas que, sob argumentos diversos, foram impugnados perante o TSE ou os TREs. Não há de ser tarefa das mais suaves. É que há mais de 28,7 mil inscrições em todo o País, considerando gente disposta a disputas mandatos de deputado estadual, deputado federal, deputado distrital, governador, vice-governador, senador, suplente de senador, vice-presidente e presidente da República. Do meio disso, os magistrados terão de separar o joio do trigo. Só para comparar: é como se todos os habitantes de cinco cidades do tamanho da serrana Guaramiranga, no Ceará, entrassem no páreo. Há impugnações em diferentes níveis e por motivos diversos: desde contas públicas irregulares a crimes comuns.

Fim do prazo

Hoje é também o último dia para o Tribunal Superior Eleitoral convocar as entidades fiscalizadoras para a cerimônia de assinatura digital e lacração dos sistemas. Sabe aquele bafafá transbordante de ameaças antidemocráticas cometido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), envolvendo na quizumba até as Forças Armadas? Pois é: depois de hoje, não terá mais desculpa nenhuma.

Sextou

Já nos estados, termiinou ontem, sexta-feira, 2.9, o prazo para os tribunais regionais eleitorais designarem, em sessão pública, a Comissão de Auditoria da Votação Eletrônica. E ponto final.

Voz de vós

Fala do deputado Renato Roseno (Psol, foto abaixo), defendendo a criação de delegacia de Polícia para combater crimes de discriminação racial religiosa ou de orientação sexual: "Um adolescente vítima de violência devido à orientação sexual abandona escola e o racismo é coisa que não deve ser aceita. A única coisa intolerável é a intolerância. Não podemos conviver com esses crimes. A fé de um não descredencia a fé do outro".

O diabo está nos detalhes

É bom anotar: o projeto é do Poder Executivo e Roseno nem integra a base governista. Detalhe para aquecer o debate: nenhum parlamentar da bancada do mundo-cão, da qual se destacam Noélio Oliveira (UB) e Francisco Cavalcante (PL), se manifestou sobre a pauta. Nem da bancada evangélica.

Nem tanto à terra nem tanto ao mar

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(6.9): Um setor que prospera em dias de Bolsonaro é o da cobrança de dívidas

O Brasil tem 66,6 milhões de endividados. Segundo pesquisa do Serasa Experian, serviço de monitoramento do crédito, a população nunca esteve tão pendurada em contas. E sabe que ramo prosperou nesse campo? O de empresas especializadas em recuperação de créditos - ou seja, em apertar os devedores. Enganava-se quem achava que o governo de Bolsonaro não havia proporcionado crescimento a setor nenhum. Os cobradores de dívidas estão aí para provar o contrário. A atividade tem agora incorporado tecnologias modernas para agilizar o atendimento que presta. Uma empresa de Curitiba (PR) está divulgando que conseguiu localizar para clientes o equivalente a R$ 204 bilhões em ativos patrimoniais, representados em 106 mil imóveis.

Aí é outro nível

Quem consegue comprar 51 imóveis com dinheiro vivo, habilitando-se a escapulir das malhas da fiscalização tributária, até que pode não depender de recursos assim. Mas há muita gente, de um lado e do outro, no radar de aplicativos e outras inovações.

Como na canção

Letra de Chico Buarque de Hollanda para um clássico da resistência contra o autoritarismo nos anos 1970 - o que pode ser transposto para os dias de hoje - sobretudo amanhã, com ameaça de golpe - sem esforço: "Apesar de você/Amanhã há de ser/Outro dia/Você vai ter que ver/A manhã renascer/E esbanjar poesia".

O que é o que é?

O deputado Wagner Sousa (UB), que insiste em se apresentar como especialista em Segurança Pública - como se o fato de ser PM reformado o credenciasse compulsoriamente com ás do assunto - não explicou ainda como pretende implantar no Ceará um "padrão FBI".

Já avisaram?

Primeiro, o FBI sabe disso? Está disposto a transferir tecnologias e métodos para um político sul-americano? Por fim, o governo brasileiro, por meio do Ministério das Relações Exteriores, firmou algum acordo nesse sentido?

Aqui, ali, alhures

Além do jornal Opinião, a Coluna do Roberto Maciel é publicada no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br). Todo o acervo está neste site: https://bit.ly/3q4AETZ. O jornalista também participa do podcast Papo de Cabeça, em canal no YouTube (https://bit.ly/3cP1JHu) e na plataforma Spotify. O Papo de Cabeça, produzido com o jornalista Maurição Lima, contempla notícias, entrevistas e análises políticas.

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8.9 (QUINTA): Contra o entreguismo

Tramita na Câmara federal projeto que susta os efeitos do decreto do Planalto que inclui a empresa Pré-Sal Petróleo no Programa de Parcerias de Investimentos da Presidência da República. Se a intenção de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes passar, será enterrada definitivamente a política de defesa do patrimônio nacional instituída com a campanha O Petróleo é Nosso, nos anos 1940 - que resultaria em 1953 na fundação da Petrobras. A busca da soberania moveu não apenas gestos políticos, mas uma gigantesca articulação econômica. "O decreto representa clara ameaça à gestão pública dos recursos energéticos representados pelo petróleo e gás natural do pré-sal, que é um patrimônio de todos os brasileiros", diz o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), que assina o projeto de salvaguarda da Pré-Sal Petróleo.

*Caminhos...*

O texto de Reginaldo Lopes passará pelas comissões de Minas e Energia, na qual há dois cearenses - Heitor Freire e Vaidon Oliveira, ambos do União Brasil e ligados ao bolsonarismo -; de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços, na qual há só um cearense e como suplente - Robério Monteiro (PDT) - e de Constituição e Justiça e de Cidadania, que inclui Danilo Forte (UB), Domingos Neto (PSD), Eduardo Bismarck (PDT) e José Guimarães (PT). Está lá também o suplente Idilvan Alencar (PDT).

*...Tortuosos*

Como se pode perceber, as trilhas a serem percorridas pela matéria que exclui a empresa Pré-Sal da gana privatista não têm nada de suaves. Haja mobilização para quem é contra a venda, portanto.

*Grande negócio!*

O presidente da Câmara de Fortaleza, Antônio Henrique (PDT), está propondo que dinheiro público seja gasto na instalação de uma estação de pedalinhos, caiaques e stand up paddle na Lagoa do Mondubim. Como a Prefeitura não entende bulhufas desses assuntos, é certo concluir que a ideia é entregar os serviços à iniciativa privada.

*Nobre dúvida*

O jornalista e humorista gaúcho Aparício Torelly (1895-1971), comunista de carteirinha e ácido crítico de ditadores, concedeu a si um falso título nobiliárquico: Barão de Itararé. Era um chiste com uma batalha que não houve, embora tivesse sido anunciada na Imprensa de 1930 como um possível sangrento confronto entre aliados do governo e opositores. Repetindo "Aporelly", que título poderia ser dado a Bolsonaro pelo golpe de 7 de setembro que não houve? Marquês da Tchutchuquinha?

*Espaços*

Esta Coluna é publicada no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br), além do jornal Opinião. O acervo de textos pode ser lido em https://bit.ly/3q4AETZ. O jornalista Roberto Maciel também participa do podcast Papo de Cabeça, em canal no YouTube (https://bit.ly/3cP1JHu) e na plataforma Spotify. O podcast, resultado de parceria com o jornalista Maurição Lima, trata de notícias, entrevistas e análises políticas.

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COLUNA 10.9 (SÁBADO)

*Monsenhor Tabosa: perspectiva de novo fôlego*

Pegou bem para lojistas da Avenida Monsenhor Tabosa a proposta da Prefeitura de Fortaleza para recuperar a capacidade econômica que havia ali desde os anos 1970. A via está incluída no pacote de recomposição da Praia de Iracema. Curiosamente, a mais recente ação em favor da Monsenhor Tabosa - referência no comércio de confecções, calçados, artesanato e moda praia no Ceará, com ênfase especial no atendimento a turistas - foi tomada ainda na gestão do então prefeito Juraci Magalhães (MDB). Na época, o hoje prefeito José Sarto (PDT) era vereador da base aliada. Apoiou uma série de reformas na avenida, entre as quais um novo calçadão, iluminação moderna, estacionamento amplo e pavimento seguro. Por um desses lances do destino que não explica, cabe agora a Sarto dar novo vigor a um espaço privilegiado da cidade. É o tipo de oportunidade que ninguém ousa largar.

*Dos anais*

Curiosidade a se anotar: quando vereador, o tucano Idalmir Feitosa pôs em discussão a conversão da Monsenhor Tabosa numa rua 24 horas. O modelo seria o da que há em Curitiba (PR), inaugurada em 1991. Mas falou-se, falou-se e nada se resolveu. Pior: enquanto os vereadores falavam, os comerciantes faliam.

*Não é de se jogar fora*

Há estudos que indicam que a Monsenhor Tabosa gerou, nos bons tempos, cerca de 5 mil empregos diretos, sem contar os indiretos. Hoje, é um estirão de lojas fechadas - que não geram valores significativos para Fortaleza além de IPTU. Agora, a Prefeitura se propõe a reduzir até 60% na alíquota do ISS devido por empreendedores ali instalados, além de cortar até 95% de alíquotas de IPTU e ITBI.

*Dinheiro na veia*

A candidata Mayra Pinheiro (PL), bolsonarista conhecida como "Capitã Cloroquina", já comunicou à Justiça Eleitoral ter recebido R$ 529 mil de doações para a campanha. O partido ao qual pertence entrou com R$ 500 mil, oriundos do fundo eleitoral. Mayra faz, assim, jus ao título de "queridinha do Planalto". Como ela, André Fernandes, outro "peixe de Bolsonaro", registrou R$ 500 mil do PL.

*Cuidando das pessoas*

No entanto, só se juntarem tudo o que receberam do PL Mayra e André poderão se comparar a Luizianne Lins. A ex-prefeita de Fortaleza recebeu do PT R$ 1 milhão para tentar novo mandato de deputada federal.

*O cacique*

Mas nenhum pode ter a audácia de se comparar a Eunício Oliveira, senhor todo-poderoso do MDB cearense. O ex-presidente do Senado já soma no cofrinhom eleitoral doações de R$ 2,280 milhões. Dessa bufunfa, R$ 2 milhões são contribuinte, repassados pelo MDB via fundo eleitoral.

*No poleiro*

A presença do empresário Luciano Hang, vestido de Louro José, como sempre, no palanque do comício do presidente Jair Bolsonaro no 7 de setembro foi uma clara homenagem e um despudorado reconhecimento aos golpistas do WhatsApp - grupo de endinheirados, como Hang e o cearense Afrânio Barreira, flagrado pela Polícia Federal conspirando contra a Democracia.

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COLUNA 13.9 (TERÇA)

*O golpismo sem remédio: Enfermagem vira arma na guerra eleitoreira contra o STF*

Está em marcha um esforço brusco (mais um!) do Planalto e de aliados para desgastar o Poder Judiciário. O discurso é um poço de sofismas. Diz que o ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso impediu que se implantasse o piso salarial nacional dos profissionais de Enfermagem. É lorota. Na verdade, Barroso acatou argumentos da Confederação Nacional de Saúde, Hospitais e Estabelecimentos e Serviços, que alegou faltarem na articulação do Planalto com o Centrão - decisão com nítida inclinação eleitoreira - dados sobre impacto financeiro, riscos de demissões e possível redução na qualidade do serviço prestado. A Confederação se preocupa mais com o próprio caixa do que com a saúde, admita-se, mas rumou pelas trilhas legais. E Barroso agiu como cabe aos magistrados: reconheceu a legitimidade da ação mas não cerceou o direito de defesa da parte reclamada, dando ao governo federal, estados, Distrito Federal e entidades do setor 60 dias para prestarem os esclarecimentos devidos. Isso é o que há. O resto é queixume golpista.

*Perto do zero*

Tem sido ínfimo, trisquinho de nada, o engajamento do presidente da Câmara de Fortaleza, Antônio Henrique (PDT), na campanha do ex-prefeito Roberto Cláudio a governador. "Às vezes aparece em evento, fica pelos cantos e vaza rapidinho. É constrangedor", diz um assessor de RC. Henrique é candidato a deputado estadual.

*Estrebuchando*

Conhecido como "Véio da Havan", o milionário catarinense Luciano Hang, bolsonarista que integrava grupo de empresários no WhatsApp que, segundo a Polícia Federal, tramava contra a Democracia e defendia golpe de estado, está apelando para a Justiça. Do mesmo grupo participa o cearense Afrânio Barreira, dono de restaurantes.

*Condena a Justiça mas recorre à Justiça*

Hang está processando o deputado federal André Janones (Avante-MG) e cobrando indenização por danos morais. Quer R$ 200 mil de reparação por supostas ofensas. Curiosidade: o Judiciário é constantemente atacado por bolsonaristas, incluindo Luciano Hang, e mesmo por Jair Bolsonaro - com ameaças a magistrados e ao STF.

*Até a mãe*

O empresário foi citado na CPI do Genocídio, do Senado, que investigou a conduta do governo Bolsonaro na pandemia da covid-19. Teve até de depor e foi confrontado com uma terrível avaliação: a de que submeteu a mãe a tratamento precoce inútil contra a doença. A idosa morreu. Foi uma das 686 mil vítimas do coronavírus.

*Rumo*

Aliás, Hang tem dito que pretende instalar lojas em Fortaleza e em Juazeiro do Norte. Trata-se de uma rede especializada em vender produtos chineses. Da mesma forma que anuncia novos "empreendimentos", ameaça sair de mercados nos quais o bolsonarismo se enfraquece. Até cogita deixar o Brasil no caso de vitória de Lula (PT).

*Nojo*

Repugnantes, ao menos, é a palavra que cabe para definir o bolsonarista que humilhou publicamente uma mulher pobre, negando-lhe marmita porque ela revelou que votaria em Lula; e o que avisou que vai reagir na bala caso Jair Bolsonaro perca a eleição. Para ambos deve ser aplicada a mais severa Justiça. O primeiro se chama Cássio Canali e é um sonegador de impostos que opera no Interior de São Paulo. O outro é um elemento que atende pelo nome de Francisco Cavalcante, o vulgo "Delegado Cavalcante", e tem mandato na Assembleia Legislativa do Ceará.

*A tempo*

A propósito, a ex-vereadora Toinha Rocha apresentou à Assembleia representação contra o ameaçador Cavalcante.

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COLUNA EM 15.9.2022

O "limbo previdenciário" e uma solução à vista

Leva a assinatura do deputado cearense Eduardo Bismarck (PDT) projeto que assegura para mais um público - que, por sinal, tem crescido assustadoramente nestes dias de Bolsonaro - o acesso ao seguro-desemprego. A ideia é atender com até cinco parcelas mensais, a serem pagas mensalmente, o trabalhador que está no chamado "limbo previdenciário". "Limbo previdenciário" é a situação em que se incluem os empregados que estavam em auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez e receberam alta da perícia do INSS - no entanto, o médico da empresa não permite o retorno às rotinas por ainda considerá-lo inapto ao serviço. Muita gente nessa condição precisa, então, se virar como autônomo - entregador ou motorista, por exemplo - para ter dinheiro para sobreviver.

*Prevenção*

Bismarck diz que a finalidade do projeto é a de evitar a judicialização. E explica: "Embora a Justiça entenda que o limbo não suspende nem interrompe o contrato de trabalho e que a empresa deve retomar os pagamentos dos salários, não é essa a realidade vivida pelos segurados do INSS".

*Rumos*

O texto será analisado pelas comissões de Seguridade Social e Família, na qual estão os cearenses Robério Monteiro, Agripino Magalhães, Jaziel Pereira e Idilvan Alencar; de Trabalho, de Administração e Serviço Público, presidida por Leônidas Cristino e com a participação de André Figueiredo; de Finanças e Tributação, com AJ Albuquerque, Domingos Filho, Mauro Filho, Denis Bezerra e o próprio Eduardo Bismarck.

*Ponto final*

O martelo será batido pela Comissão de Constituição e Justiça, em que atuam os cearenses Danilo Forte, Domingos Filho, Eduardo Bismarck, Idilvan Alencar e José Guimarães. Podem apostar, leitor e leitora: um ou outro pode até votar contra, mas nenhum terá coragem para se posicionar publicamente contrário a projeto dessa natureza.

*Outra disputa*

Segue até 30 de novembro a temporada de inscrições para o I Prêmio IRB de Monografia, do Instituto Rui Barbosa - entidade mantida pelos tribunais de contas brasileiros. Ou seja, até lá já serão conhecidos os vencedores das disputas eleitorais no País.

*Assunto de sobra*

O tema da edição inicial do Prêmio IRB é "Desafios para as instituições públicas no mundo digital". O trabalho vencedor receberá R$ 20 mil. O segundo lugar ficará com R$ 10 mil. O terceiro ganhará R$ 5 mil. Informações em https://irbcontas.org.br/.

*Outros ângulos*

Esta Coluna é publicada no jornal Opinião e no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br). O acervo de textos está no site: https://bit.ly/3q4AETZ. O jornalista Roberto Maciel também participa do podcast Papo de Cabeça, no YouTube (https://bit.ly/3cP1JHu) e na plataforma Spotify. O Papo de Cabeça, produzido em parceria com o jornalista Maurição Lima, aborda notícias, entrevistas e análises políticas.

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COLUNA EM 17.9.2022

Os ciristas estão encurralados pelo voto útil?

A grande dúvida do momento é a seguinte: apoiadores e simpatizantes da campanha do ex-ministro Ciro Gomes (PDT) vão se manter firmes diante do esforço pelo voto útil empreendido por aliados de Lula? Para Ciro, a questão não se limita a ele mesmo nem ao campo nacional. Afinal, abrir mão da candidatura a presidente - algo posto como relevante na luta contra o bolsonarismo - eliminaria também a competitividade política do grupo que ele lidera no Ceará. E, se perder essa capacidade, Ciro estaria decretando não só o encerramento da própria carreira, mas o fim de uma geração que chegou ao poder em 1986, com Tasso Jereissati, Amarílio Macedo e Sérgio Machado, entre outros empresários, aos quais os Ferreira Gomes iriam se unir posteriormente. Não se pode esperar, de fato, que Ciro largue mão da postulação ao Planalto em nome de valores democráticos - isso não é do feitio dele. Mas não se pode dizer o mesmo dos que veem num reposicionamento de voto a possibilidade de resolver a parada já no primeiro turno.

*Destempero*

Os ataques virulentos de Ciro Gomes a Lula - para críticos, chegando ao desequilíbrio emocional - têm um lado B. Segundo especialistas, acabam fortalecendo o lado petista. É que seriam vistos como articulação do pedetista com Jair Bolsonaro. E isso o eleitor progressista não perdoa.

*No ar*

Dois aviões cedidos pelo Governo do Estado vão dar suporte ao TRE no teste de integridade de urnas nas eleições deste ano no Ceará. Vão operar em áreas próximas aos aeroportos de Campos Sales e Iguatu e de São Benedito e Crateús. O teste será aplicado em urnas a serem definidas pelas entidades fiscalizadoras do processo, que têm representação social.

*Elmano com L*

Alguém precisa ensinar urgentemente aos locutores dos programas petistas de rádio e TV que o nome do candidato ao governador é Elmano Freitas (alguns se referem a ele como "de Freitas", do jeito que está na certidão de nascimento). Não pode é ficar chamando-o de "Eumano". Repita comigo: "El-ma-no". Isso: com "L".

*Terra e mar*

A Prefeitura de Caucaia está organizando neste sábado, Dia Mundial da Limpeza de Praias e Rios, uma ação no estilo "pente-fino" na movimentada orla do município. Seis pontos estratégicos terão postos de coleta de resíduos: Pacheco, Iparana, Icaraí, Tabuba, Cumbuco e Cauípe.

*Ponta a ponta*

Caucaia projetou uma agenda de atividades que engaja diferentes públicos do município, de estudantes e turistas, passando por moradores de comunidades e por trabalhadores das praias. É bom que seja assim. Afinal, um ambiente saudável só se consegue com participação social ampla, consciente e incondicional. Os trabalhos terão início às 8 horas e serão realizados ao longo de 10 quilômetros de praias.

*Outros ângulos*

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20.9 (TERÇA)

Há armas apontadas para você, mas você não sabe - nem o Exército - quem está com o dedo no gatilho

A política armamentista do presidente Jair Bolsonaro (PL) conseguiu o que parecia pretender: tornou a posse de revólveres, pistolas, fuzis e carabinas, entre outros modelos que causam mortes, uma epidemia incontrolável. Uma doença sem vacina, pode-se dizer. Em resposta à Controladoria Geral da União, a corporação militar - que, segundo a fala de Bolsonaro, tem "inteligência" para fiscalizar as urnas e as eleições - reconheceu que ignora quantas armas existem em cada cidade do País sob a responsabilidade de colecionadores, atiradores esportivos e caçadores (os chamados CACs). Esse desconhecimento torna dramática a situação do cidadão, considerando a vulnerabilidade a que está submetido, a violência disseminada por atos e palavras de governantes. A questão já não é saber se há armas apontadas para a sua cabeça, mas prever quem vai disparar.

*Não vai não, ele não vai não!*

Deve ser pendurado na conta da carochinha projeto do vereador Emanuel Acrízio que indica à Prefeitura de Fortaleza isenção do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) "a profissionais liberais e autônomos recém-formados". A proposta mão-aberta, além de desprezar o rigor fiscal que a lei impõe aos gestores públicos, é vaga e sem fundamentos técnicos que valham o nome.

*Linha de chegada*

Termina segunda-feira (26.9) o prazo do Sistema de Registro de Pesquisas Eleitorais (PesqEle), do TSE, de protocolo de sondagens de intenção de votos realizadas em data anterior ao dia das eleições e planejadas para serem divulgadas em 2 de outubro. Mas só para as que serão tornadas públicas.

*Dando um grau*

O deputado Nelinho (MDB), mesmo aparentando não saber muito bem do que se trata, pôs para tramitar na Assembleia Legislativa projeto que prentende tornar o esporte denominado de "Wheeling" como "prática esportiva em todo o território do estado". A modalidade tem levado muitos ciclistas e motociclistas ao IJF.

*Do chão não passa...*

"Wheeling" é também chamado de "Grau". Consiste em empinar a roda dianteira da bicicleta ou da moto e dirigir assim por alguns metros, fazendo manobras com alguma velocidade. Quem consegue não cair já estará fazendo muita coisa. É nisso o que Nelinho quer colocar dinheiro do contribuinte.

*...Mas o céu pode ser o limite*

Para quem não entendeu direito, a Coluna tem uma definição bacana: "Wheeling" é uma roleta russa sobre rodas.

*Faces*

Esta Coluna é publicada também no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br). Os textos estão no site https://bit.ly/3q4AETZ. O jornalista ainda participa do podcast Papo de Cabeça, no YouTube (https://bit.ly/3cP1JHu) e na plataforma Spotify. O Papo de Cabeça, produzido em parceria com o jornalista Maurição Lima, aborda notícias, entrevistas e análises políticas.

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QUINTA-FEIRA, 22.9

Gira Girão: o senador está para Wagner assim como Olavo de Carvalho estava para Bolsonaro

O mais importante integrante da campanha do deputado Wagner Sousa (UB) ao Governo do Ceará é o senador Luís Eduardo Girão (Podemos). A mesma influência que exerce nos rumos do comitê do ex-capitão está presente no que faz o da candidata a senadora Kamila Cardoso (Podemos). Bolsonarista, Girão é uma mescla de guru transcendental e orientador ideológico, algo como era o astrólogo Olavo de Carvalho para o presidente da República. É ele quem manda e desmanda, com mão de ferro, no que é abordado. Se não passar pelo crivo do senador, não tem acordo. Propostas da equipe de publicitários e estrategistas têm sido impiedosamente desprezadas se não coincidirem com o que ele acha - no mais das vezes sob o lema franciscano "paz e bem". Os conteúdos veiculados correspondem religiosamente aos que Girão publica nas redes sociais que mantém na Internet. Por isso, ninguém se espante se um dia, em vez de necessárias explicações sobre motins nas polícias, aparecerem nas campanhas discursos sobre discos voadores.

*Perdido no Espaço*

Para quem está no mundo da lua, uma observação: é de Girão requerimento para a realização no Senado de sessão comemorativa aos 75 anos do Dia Mundial da Ufologia (24 de junho passado). Também foi dele a ideia de levar um religioso orientalista para benzer eleitores dos capitães Wagner e Bolsonaro na Praça do Ferreira.

*Fumo e voltemo*

O senador, quando ainda estava fora da política, pagou publicidade em jornais chamando professores de "lombrados" e gerou, pela ofensa, um espesso esfumaçamento nas relações que tinha com o magistério. Torcedores do Fortaleza Esporte Clube, time o qual presidiu, também não têm diálogos com ele.

*Em Pânico*

Depois de dar entrevista ao programa Pânico, da rádio Jovem Pan, o candidato do PDT à Presidência da República participou do Programa do Ratinho, no SBT. As duas emissoras são bolsonaristas-carluxistas - inclusive difundindo fake news.

*Zerou*

Ciro Gomes mandou às favas a preocupação que poderia - e deveria - ter com a imagem pública que vinha construindo desde os anos 1970. Entrar para a história como aliado de Jair Bolsonaro é o pior desfecho de carreira que pode ter.

*Plataformas*

Esta Coluna é publicada no jornal Opinião (www.opiniaoce.com.br) e no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br). Os textos podem ser lidos, ainda, no site https://bit.ly/3q4AETZ. O autor participa semanalmente do podcast Papo de Cabeça, que é veiculado no YouTube (https://bit.ly/3cP1JHu) e nas plataformas Spotify e Deezer. O Papo de Cabeça, em parceria com o jornalista Maurição Lima, aborda notícias, entrevistas e análises políticas.

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SÁBADO - 24.9

É preciso estar atento e forte

Pesquisa do Datafolha, sob encomenda do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e da Rede de Ação Política pela Sustentabilidade, indica que 67,5% dos entrevistados brasileiros têm "muito medo" ou "um pouco de medo, de ser vítima de violência física por causa da opção política ou partidária que manifestar para as eleições deste ano. No primeiro caso, são 49,9%e os que revelam estar intimidados. No segundo, 17,6%. É assustador. Os números revelam que as estratégias de difundir terror na sociedade têm dado certo. Há até relatos de milícias pressionando comunidades inteiras. É pertinente estimar que pessoas deixem de votar porque querem prevenir ataques e outras hostilidades. Mas a pior situação há de ser o cidadão recuando e abrindo mão de seu direito. Essa seria a vitória dos criminosos - contra o que devem estar a postos as polícias e outras forças de segurança.

*Eleições sujas de sangue*

Dois casos deixam marcas profundas na memória e na Democracia brasileiras. Primeiro, o do agente municipal assassinado a tiros no Paraná por um bolsonarista, quando comemorava aniversário de 50 anos de idade. Depois, o agricultor executado com 15 facadas no rosto no Mato Grosso do Sul - o matador, um colega que é bolsonarista, ainda tentou decapita o corpo a machadadas.

*Ao lado*

Mas nem tudo é medo e desesperança. Saiba que 2 de outubro é o Dia do Anjo da Guarda. Todos temos um, acredita-se. É também o Dia Internacional da Não-Violência.

*Reaja*

No Ceará, denúncias de intolerância e ameaças podem ser enviadas para https://bit.ly/2VEz3UB. Os informes podem ser anônimos. Denunciar abusos é reagir e se erguer contra o fascismo.

*Bença, paim!*

Da série "Coisas gozadas que só a política oferece": O deputado André Fernandes (PL) dá as caras ao lado do pai, Alcides, e diz: "Nesse eu confio!". Seria ruim se um filho não confiasse no pai. Seria péssimo, aliás.

*Fona*

Já Soraya Thronicke (UB) diz que adversários "sujaram as mãos". E tasca: "Se você quer votar em quem tem as mãos limpas e coragem pra fazer o que é certo, agora você tem opção". Se se considerar a margem de erro, a opção Soraya vai ficar com saldo negativo de votos.

*É não, é?*

A candidata a senadora Kamila Cardoso (Podemos) aparece com mais essa pérola, entre as muitas que já despejou na propaganda eleitoral: "Ser governador é uma coisa, ser senador é outra!". Descobriu a pólvora.

*Semana final*

É uma pena que a campanha já esteja pertinho de terminar. Faltam oito dias para o fim da propaganda eleitoral e cinco dias para a votação em primeiro turno.

*Frentes*

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TERÇA-FEIRA (27.9)

Ciro e o "manifesto à nação": o que seria atômico não foi mais do que um traque molhado

O ex-ministro de Lula Ciro Gomes (PDT) tem uma enorme capacidade de frustrar quem espera dele algo impactante. Após anunciar para a manhã de segunda-feira (26.9) um "manifesto à nação", leu em público uma nota desbocada na qual tenta impor aos outros sua própria incompetência para, de modo minimamente equilibrado, conquistar eleitores e votos. Repetiu o mantra com o qual, sem êxito, pelo visto, tenta equiparar Lula e Bolsonaro. E voltou a tentar vestir a capapuça de "rebelde". Em nenhuma passagem sinalizou com o que possa ao menos se aproximar de uma autocrítica. E, claro, passou a largo das relações próximas que teve com o autoritarismo da ditadura militar (quando começou na carreira política, pelo então PDS) e o com os governos do PT (como ministro de Lula). O que Ciro fez ontem equivale a um eventual pronunciamento de José Maria Eymael afirmando, em tons rancorosos, que se mantém candidato a presidente do Brasil.

Em paralelo

A propósito de Eymael, ele teve oito filiações partidárias - PDC (1962-65), Arena, PDS, PTB, PDC (1985-93), PSDC, PPR, PPB e DC. Já as relações de Ciro com partidos seguem a caminho disso - após estar muito próximo da Arena, devido às posições políticas da família, passou pelo PDS, PMDB, PSDB, PPS, PSB, Pros e PDT.

Andar com fé

José Maria Eymael se diz católico, mesma fé religiosa que Ciro Gomes atribui a si. Eymael foi um deputado de expressão opaca. Ciro também. Essa é a sexta vez que o "democrata cristão" disputa o Planalto. Ciro já está na quarta experiência como presidenciável.

Briga boa

É do deputado Leonardo Araújo (MDB) projeto que propõe instituição de sistema de cota racial nas escolas privadas do Ceará. Leonardo se arrisca a comprar encrenca com uma corporação que não costuma ceder um centímetro sequer dos privilégios que tem.

Tudo a ver

Ídolos de agroboys e agrogirls, os artistas Rick & Renner - que, como outros sertanejos, fazem a alegria de bolsonaristas que vão a shows pagos com verbas de prefeituras - estão lançando nova música. O título é chulamente sugestivo: "Pôrra nenhuma".

Não tem jeito

A propósito, a escorregada do presidente Jair Bolsonaro (PL) no tobogã das pesquisas de intenção de voto continua vinculada à condição de "imbrochável" da qual ele diz padecer. "Se fosse ao menos priapismo...", queixou-se vereadora bolsominion de Fortaleza, entre uma oração e outra.

Plataformas

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QUINTA, 29.9

Debate de hoje na Globo revela também uma Imprensa que deve se questionar pelo que fez

Termina hoje (quinta-feira, 29.9) a exposição midiática, pelo menos nos meios convencionais de rádio e TV, das propostas (e não-propostas) de candidatos às eleições de outubro. A regra vale para quem ambiciona qualquer mandato. O mesmo serve para a realização de debates públicos. É aí que entra a Rede Globo. Força essencial para a explosão de movimentos contra a presidenta Dilma Rousseff (PT) de 2013 a 2016, quando ela foi guindada do poder por impeachment, a emissora cumpriu na época uma receita que se mostrou infalível: alinhada com empresas como os jornais "Folha de S. Paulo", "Veja", "IstoÉ", "Jovem Pan" e o "Estado de S. Paulo", entre outras, a Globo abriu mão de cumprir regras básicas do exercício jornalístico e se prestou a ponta de lança de articuladores da ação contra Dilma - personalidades como Aécio Neves e Eduardo Cunha, Roberto Jefferson e Agripino Maia. Como consequência disso, pavimentou o caminho para a ascenção ao Planalto de um obscuro deputado que, entre outras referências no Congresso, era citado como apoiador de milicianos e praticante convicto da "rachadinha": Jair Bolsonaro. Essa é a História.

O point da vibe

A Globo volta a receber nesta quinta-feira, no derradeiro confronto dos candidatos, aquele que se elegeu embalado pela ação da empresa e de outras corporações da indústria de notícias. Contumaz em ameaçar negar a renovação da concessão da emissora, Jair Bolsonaro a chama de "Globolixo".

Alguma nova carta na manga?

Em entrevista no principal noticioso da Rede Globo, em 22 de agosto passado, Bolsonaro rabiscou na mão esquerda o nome do doleiro Dario Mercer. Como uma "cola", uma "pesca" de aluno ruim. Mas é possível que não fosse. Conhecido como "Rei dos Doleiros", Mercer teria relações perigosas com os donos da emissora. A garatuja riscada na mão - e mostrada sem pudor - seria, então, um modo de intimidar os entrevistadores.

Poderes de Grayskull

O vereador conhecido como "Germano He-Man" quer que a Prefeitura de Fortaleza institua "a prática do exame móvel de combate ao câncer de próstata". Acredite: é desse jeito que está escrito no projeto. Deve haver aí alguma construção indevida, mas, por via das dúvidas, é preciso ter cuidado com o que o He-Man está sugerindo.

Sem freios

O deputado federal paulista Abou Anni (União) apresentou projeto com o qual pretende que o conceito de transporte escolar seja ampliado. E que passe a ser considerado "atividade extracurricular" até para deslocamentos a cursos de idiomas. Achou que não tinha como piorar? Achou errado!

Reflita

Útil é o voto que pode mudar os rumos da sociedade.

Frentes

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Colunas outubro/2022

SÁBADO, 1.10

"A eleição mais importante das nossas vidas"

O que faz coincidirem opiniões como as do jornalista Josias de Souza, do economista Paulo Nogueira Batista Jr., da ex-senadora Marina Silva (Rede), do deputado e professor Marcelo Freixo (PSB)? A resposta é até fácil: as eleições que têm o primeiro turno amanhã são as mais importantes das vidas de todos os brasileiros - inclusive dos que ainda estão por vir. O País, que neste fim de semana deve chegar a cerca de 690 mil mortos pela covid-19, tem uma oportunidade de confrontar o luto com as cores de um novo horizonte. A essas cores deve-se chamar, de forma objetiva e simples, de Democracia. Essa palavra resume direito ao trabalho, à saúde, à educação, à cultura, à moradia, à alimentação ao lazer e à mera capacidade de planejar. Voto não é obrigação nem deve sustentar o medo. Voto é futuro.

Foco

As emissoras e demais veículos de comunicação da Assembleia Legislativa articularam uma cobertura ampla das eleições deste ano. O ponto alto será amanhã, mas desde o início da semana a pauta dava atenção especial ao tema. E é bom que seja assim. Afinal, instituição política tem de estar de olho na política.

Outra ameaça

Os bolsonaristas estão permanentemente alertas contra direitos sociais. Primeiro foram ameaçadas as reservas indígenas. Agora, o alvo são as terras quilombolas. Um deputado federal catarinense quer porque quer tomar posses que hoje abrigam remanescentes de escravos.

Extermínio

Texto de um certo deputado "Coronel Armando (PL-SC)" propõe que só sejam reconhecidas como quilombolas as terras que efetivamente estavam ocupadas em 5 de outubro de 1988 - quando foi promulgada a Constituição Federal. Se essa "mão-grande" funcionar, as comunidades quilombolas instaladas nos últimos 34 anos serão irremediavelmente prejudicadas.

Explica-se

Algum iluminado descobriu porque Jair Bolsonaro se acha "imbrochável". É que os estoques de Viagra e de próteses penianas comprados pelas Forças Armadas (!) o autorizam a essa bravata, registrou-se nas redes sociais da Internet. Ou seja, há chances de não ser priapismo.

Faces

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TERÇA, 4.10

O fino trato político de Simone Tebet

A candidata Simone Tebet (MDB, 4,2% dos votos), que ficou em terceiro lugar na disputa presidencial, deu na noite de domingo uma exemplar demonstração de fino trato político. Disse que aguardava manifestação do partido ao qual pertence e dos coligados - PSDB e Cidadania - sobre o apoio a ser definido no segundo turno (ou mesmo a neutralidade). No entanto, deixou muito claro: "Tenho lado". Professora de Direito e jurista, integrante destacada da CPI da Covid no Senado, Simone Tebet já deu sinais fartos de que diverge profundamente do governo atual. Ainda assim, Lula (PT, 48,4%) e Bolsonaro (PL, 43,2%) esperam, certamente com ansiedade, o "chá revelação" que ela fará. Mas calculam, de acordo com o comportamentos e opiniões expressadas no primeiro turno, em que sentido seguirá o esforço da senadora.

Reação

É importante destacar a postura de Simone por dois motivos, ao menos: 1) Ela foi grosseiramente boicotada por caciques do MDB - nomes como Renan Calheiros (AL) e Eunício Oliveira (CE) não a queriam na disputa, chegando a boicotá-la abertamente; 2) Mesmo com as dificuldades em que topou, superou obstáculos e ultrapassou o experiente Ciro Gomes (PDT, 3% dos votos).

Ça va

Já o tetra presidenciável Ciro Gomes (foto) está na dúvida para que lado seguirá no segundo turno da eleição - se fica do Jair Bolsonaro, com quem trocou figurinhas e camaradagens ao longo do primeiro turno, ou com Lula, contra quem disparou pesada artilharia de críticas. O simpatizante admite que a escolha é legítima, só não aceita que Ciro vá outra vez para Paris.

Atestado

Recebi ontem de um estimado colega: "O discurso da urna fraudulenta se esvaiu com tantos bolsonaristas eleitos para todos os cargos. Insistir nessa tecla será prova cabal de grave doença mental". Sem retoques.

Velho Guerreiro

No fim das contas, deve-se reeditar a máxima chacriniana sobre o programa que apresentava na TV: "Só acaba quando termina". Isso cabe, justinho, em qualquer processo eleitoral.

Novo rumo

Da candidata a senadora pelo Avante, Kamila ("com A") Cardoso pode-se dizer que, apesar de ter feito apenas faíscas nas urnas de domingo passado, lançou as bases de campanha para vereadora em 2024. Isso faz toda a diferença.

Em cada cabeça uma sentença

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QUINTA, 6.10

Elmano terá bancadas largas e diversificadas

O governador eleito Elmano de Freitas (PT) terá uma bancada bem expressiva para apoiá-lo na Assembleia Legislativa. O partido dele fez oito deputados (Diassis Diniz, Fernando Santana, Jô Farias, Juliana Lucena, Julinho, Larissa Gaspar, Missias do MST e Moisés Braz) e aliados conseguiram cinco cadeiras (Agenor Neto, Danniel Oliveira e Davi de Raimundão, pelo MDB; Renato Roseno, PSOL; Alysson Aguiar, PCdoB), sem contar as demais filiações que podem se aproximar, como as do PDT (13 deputados), PSD (três) e PSDB (uma). Assim, somam 30 entre 46 posições. Pode-se avaliar que, mesmo oscilante em algumas situações, esse desenho pode oferecer algum conforto e alguma segurança para Elmano.

Não necessariamente nessa ordem

Três fatores devem ser considerados essenciais para a base que Elmano terá quando começar os trabalhos em 1º de janeiro de 2023. O primeiro é o próprio Elmano - com 54,02% dos votos, somando 2.808.300. O segundo se chama Lula. No Ceará, o ex-presidente conseguiu 3.578.355 votos, representando 65,91% dos válidos. O outro foi Camilo Santana, com 69,76% das indicações dos eleitores, totalizando 3.389.513.

Ponte aérea

Na Câmara federal, a bancada do Ceará terá 13 deputados (sim, 13!) com perfis potencialmente favoráveis a Elmano e nove alinhados com o bolsonarismo (os quatro do União e os cinco do PL).

Pai, filho e espírito eleitoral

Mais votado entre os deputados federais eleitos, o bolsominion André Fernandes (PL) inaugurou uma nova linha política no Ceará: a dos filhos que elegem pais. André recebeu 229.509 votos e, com isso, ajudou decisivamente a eleger o pai dele, Alcides, para a Assembleia Legislativa. Alcides, que obteve 79.207 votos, tem expressão magra no meio em atua profissionalmente - ele é pastor evangélico em Iguatu.

Pirou

Se houver fila do Sine em Miami (EUA), o ex-agente do FBI George Piro pode já começar a se encaminhar para lá. Personagem da campanha de Wagner Sousa, Piro traria para o Ceará tecnologias e métodos da política federal norte-americana. Era só conversa mole: acordo assim precisaria de aval dos governos brasileiro e dos EUA e dos senados dos dois países.

Em cada cabeça uma sentença

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SÁBADO, 8.10

Por que Ciro não falou o nome de Lula? (ou "Ciro e o 'apito de cachorro'")

O fato de o ex-presidenciável Ciro Gomes (PDT) não ter citado o nome de Lula, ao manifestar submissão à decisão partidária de apoio ao petista, despertou especulações nas redes sociais. Polêmica natural. Uma das hipóteses mais fortes é a de que Ciro tentou se posicionar não só criticamente a Lula, mas também aos pedetistas. Seria um troco à forma fria com que parte dos trabalhistas, sobretudo históricos, tratou a candidatura dele. Poderia também ser o que se chama de "apito de cachorro". Um atento observador da política, ativo nos movimentos de esquerda, chama atenção para isso. Diz ele que seria algo para ser ouvido e compreendido apenas por um público restrito - no caso, influenciadores ligados à campanha de Ciro Gomes. Um jeito de avisar a aliados influenciadores que não façam campanha por Lula. Ou, se se pronunciarem, que seja em oposição ao petista.

Escolheu o lado

Ganha força a tese de que Ciro ambiciona ser líder da oposição num eventual novo governo de Lula. Ao se apropriar da retórica bolsonarista, estaria apostando no esvaziamento do atual presidente e de olho em ocupar lacunas no campo conservador. O fato é que Ciro, desde as fraldas políticas, nunca se afastou da direita.

Traje

Ciro Gomes até que tentou nos últimos anos assumir o figurino progressista. Aninhou-se primeiro no PSB e, depois, ao PDT - com passagem pelo Pros, de inspiração conservadora. Mas a participação no gabinete de Lula, no Ministério da Integração (2003-06), resultou para ele mais rancores do que bagagem.

Freud explica. Ou não

Diante de qualquer explicação que seja, é indispensável reconhecer a necessidade de se analisar a fala de Ciro e o caráter ressentido que imprimiu à política.

Fator Izolda

Especialistas em política atribuem a Izolda Cela influência decisiva na eleição de nove mulheres para compor a Assembleia Legislativa a partir de janeiro de 2023. O desempenho da governadora teria sido o motor para mudar, positivamente, posturas sociais - um avanço e tanto contra a misoginia frequente no meio conservador. A bancada feminina será de 19,5% da AL. Hoje, é de 10,8%.

Na medida

Do presidente da Assembleia do Ceará, deputado Evandro Leitão (PDT, foto abaixo), sobre ataque de Bolsonaro aos nordestinos: "O atual presidente da República desconhece o Nordeste. O Ceará é referência nacional no combate ao analfabetismo e por uma série de políticas que fortalecem o ensino de qualidade para todos".

Finalizando

Izolda Cela também não deixou barato: "O presidente, que deveria cuidar de todos os brasileiros e todas as brasileiras, destila preconceito e xenofobia contra o povo nordestino". E encerrou observando que Bolsonaro "não tem o mínimo conhecimento".

Aqui e acolá

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TERÇA-FEIRA, 11.10

A Coluna do Roberto Maciel (terça, 11.10): O segundo turno na ponta do lápis

Para quem tem se sentido aflito e vem se debruçando sobre os números obtidos por Bolsonaro e Lula no primeiro turno, tentando projetar resultados para 30 de outubro, a Coluna oferece um ponto de reflexão. É pura aritmética. Aliados e simpatizantes de um lado e outro podem ficar à vontade, aliás. Ao avaliar os desempenhos nas urnas dos candidatos que agora estão no segundo turno, um analista local cravou: "É tecnicamente impossível virar", diz, referindo-se a quantitativos registrados pela Justiça Eleitoral. E continua: "A vantagem de Lula no Nordeste (que tem 27,11% dos eleitores do País) foi de 12.965.745 votos. Lula perdeu no Sudeste (onde estão 42,64% dos eleitores) por 2.433.435). A vantagem de Bolsonaro no Centro-Oeste (que tem 8% dos eleitores do País) foi de pífios 935.864 votos. E arremata: "Só o Estado da Paraíba mata essa diferença".

O que é o que é?

Em resumo, não se pode ter como absoluto um ou outro cenário, mas é necessário considerar prognósticos demonstrados pelos números. Isso não é exatamente político, mas é essencialmente matemático.

Triste fim

Refletindo sobre o episódio em que Jair Bolsonaro admitiu querer comer um índio: já pensaram no que aquele índio escapou? Seria mastigado, percorreria os intestinos e sairia de maneira inglória do organismo de Bolsonaro. Sabem lá que desgraças de vida e morte teriam sido aquelas?

Bancando o delito

Tramita na Câmara federal projeto com o qual se propõe que o contribuinte pague por "assistência judiciária integral e gratuita aos membros das forças de segurança pública quando submetidos a processos administrativos disciplinares e judiciais".

Sem mais

Significa o seguinte: se estivesse já vigorando, os policiais rodoviários federais que transformaram uma viatura em câmara de gás e assassinaram Genivaldo de Jesus em Sergipe, em maio passado, poderiam se valer do serviço. Os criminosos amotinados no Ceará - como o que atirou no senador Cid Gomes (PDT) - também.

Um assassinato mostrado para o mundo todo

Desvio

Não se trata aqui de negar direito a atenção jurídica a ninguém, mas de não impor ao cidadão que pague pela bala que o mata. Simples assim.

Apoio

A Assembleia Legislativa sediará nesta terça-feira seminário sobre a legislação que cria no Ceará o Código do Patrimônio Cultural. A iniciativa é do deputado Renato Roseno (PSOL), reeleito com largo apoio de agentes da cultura.

Onde estamos

O jornal Opinião (www.opiniaoce.com.br) e o portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br) publicam esta Coluna . Os textos também podem ser encontrados no site https://bit.ly/3q4AETZ. Roberto Maciel participa, ainda, do podcast Papo de Cabeça, no YouTube (https://bit.ly/3cP1JHu) e nas plataformas Deezer e Spotify. O podcast, produzido em parceria com o jornalista Maurição Lima, aborda notícias, entrevistas e análises políticas.

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QUINTA-FEIRA, 13.10

A Coluna do Roberto Maciel (quinta, 13.10): Como dizemos no Nordeste: "mente que nem se sente!"

O presidente Jair Bolsonaro (PL) opera com muita fluidez e desenvoltura no campo da ficção. É criador habilidoso, admita-se. É expert em atacar adversários com meias-verdades ou informações deformadas - essa, reconheçamos, não é característica exclusiva dele, posto que outros políticos tiveram ou têm comportamento semelhante. Foi na campanha eleitoral de Bolsonaro em 2018 que as fake news, as mentiras deslavadas, ganharam status de estratégia. No governo dele, aprimoraram-se com uma assessoria especial denominada pelos opositores de "Gabinete do Ódio". Neste ano, num contexto mais acirrado ainda, a situação vem ganhando ares crônicos. Até contra si Bolsonaro cria fake news. Vá entender.

Papo furado

Circula com intensidade e volume nas redes sociais trecho de uma entrevista de Bolsonaro a uma emissora estrangeira. Lá, ele diz que teve vontade de comer um índio num ritual yanomâmi. E que chegou a ser convidado. Só não foi porque outros que o acompanhavam rejeitaram a experiência.

Razões

A declaração, reveladora de caráter, tem tudo para ser mentira. Não há registro na História e na antropologia brasileiras de índigenas que comiam ou comem outros em circunstâncias diferentes das de guerras. O canibalismo não era praticado com objetivo nutricional. Era, no entendimento primitivo, uma forma mística de absorver coragem e valentia de adversários abatidos em batalhas.

Mentira após mentira

Sabe-se que tupinambás e caetés eram antropófagos - sempre no sentido ritualístico associado à guerra -, mas não há informação disso com yanomâmis. Outro dado que torna mais irreal a lorota de Bolsonaro: o canibalismo não era praticado com membros das tribos. Havia, sim, o "exocanibalismo" - tendo como alvo só homens de comunidades inimigas. E não se convidava ninguém de fora para partilhar do ritual.

Extinção

Após a colonização do País e a pacificação e a evangelização de tribos de índios brasileiros, a antropofagia que existia foi completamente erradicada. Acredita-se que entre os séculos XVII e XVIII. Moral da história: Conta outra, Bolsonaro!

Agora aguenta!

Ex-ministra e agora senadora eleita pelos brasilienses, Damares Alves (abaixo) juntou crianças para falar de sexo oral e sexo anal. A obsessão de Damares não tem limite. Aliás, ela e a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, devem fazer amanhã tour por redutos evangélicos de Fortaleza. Bolsonaro vem no sábado.

Aqui e acolá

Esta Coluna é publicada no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br) e no jornal Opinião (www.opiniaoce.com.br). Os textos estão, ainda, no site https://bit.ly/3q4AETZ. O jornalista Roberto Maciel também participa do podcast Papo de Cabeça, no YouTube (https://bit.ly/3cP1JHu) e nas plataformas Deezer e Spotify. O Papo de Cabeça, produzido em parceria com o jornalista Maurição Lima, aborda notícias, entrevistas e análises políticas.

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SÁBADO, 15.10

A Coluna do Roberto Maciel (sábado, 15.10): Cavar votos no Nordeste: um desafio e tanto para quem agride e humilha os nordestinos

O presidente Jair Bolsonaro (PL) tem agenda neste sábado em Fortaleza. Vem tentar arranjar votos na busca de mais uma temporada no Palácio do Planalto. Mas talvez esteja cometendo um erro - outro, aliás, já que sarar as feridas que causa com ataques que sistematicamente comete contra nordestinos não há de ser tarefa fácil. Se se debruçasse sobre números, o que demonstra não fazer nem permitir que assessores façam, é possível que escolhesse pousar em outro lugar que lhe seja mais hospitaleiro. Afinal, a rejeição a ele por estas bandas não é das menores (Repare: não falo de adesão, mas de rejeição). Entre os eleitores da cidade, Bolsonaro obteve 530.162 votos, somando só 35,17% do total. Lula, do PT, recebeu 802.009 votos, representando 53,2% do eleitorado. Atrás deles ficaram Ciro Gomes (PDT), com 130.584 votos (8,66%), e a emedebista Simone Tebet (MDB), com 30.491 votos (2,02%) - perfazendo quase 1 milhão de votos. Não se quer dizer aqui que candidatos com menos votos não devem procurar reverter revezes, mas os quantitativos locais foram verdadeiramente acachapantes. Bem dizer um menifesto de repúdio.

O buraco é mais embaixo

No Ceará, a diferença foi ainda maior. Lula conseguiu 65,91% e Bolsonaro teve 25,38%. A questão não é somente política, como se vê - o que já seria muito. É aritmética.

Agressão

A propósito, publicou-se isso no perfil de Bolsonaro na rede social Twitter: "É preciso estar atento aos sinais. O apoio maciço de presos e de chefe de facção ao Lula não é mera admiração. Eles sabem que o PT no poder representa vida boa para o crime. E essa é a fórmula perfeita para a violência voltar a crescer, porque bandido só respeita o que teme".

Teu passado te condena

Quando deputado, Jair Bolsonaro fez discursos de apoio ao miliciano Adriano da Nóbrega, ex-capitão da PM do Rio de Janeiro morto em 2020. O filho mais velho dele, Flávio, hoje senador, empregou no gabinete que tinha na Assembleia fluminense a mãe e a mulher de Adriano. Chegaram a visitá-lo na cadeia. Flávio tinha Fabrício Queiroz, ex-sargento do Exército e da PM-RJ, como braço direito no esquema de rachadinhas. Um vizinho de condomíno, Ronnie Lessa, também militar reformado, é acusado de assassinar a vereadora Marielle Franco e o motorista dela, Anderson Gomes.

Tempos idos

Declaração de Bolsonaro em 2003, na tribuna da Câmara federal: "Enquanto o Estado não tiver coragem de adotar a pena de morte, o crime de extermínio, no meu entender, será muito bem-vindo. Se não houver espaço para ele na Bahia, pode ir para o Rio de Janeiro. Se depender de mim, terá todo o meu apoio".

A paz

O projeto Embaixadores da Paz, tocado pela Prefeitura de Fortaleza e que tem estudantes - e a comunidade escolar inteira - como público-alvo, promove hoje aula inaugural. Será a partir das 8 horas, na Assembleia Legislativa.

Tudo sob controle

A Controladoria e Ouvidoria Geral do Ceará está inscrevendo para o XVI Encontro Estadual de Controle Interno. A edição de 2022 ano será realizada em 9 de novembro, no Centro de Eventos. O tema será "Controle Interno Conectando Redes em Ambientes Complexos".

Aqui, ali e alhures

Esta Coluna é publicada no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br) e no jornal Opinião (www.opiniaoce.com.br). Os textos estão, ainda, no site https://bit.ly/3q4AETZ. O jornalista Roberto Maciel também participa do podcast Papo de Cabeça, no YouTube (https://bit.ly/3cP1JHu) e nas plataformas Deezer e Spotify. O Papo de Cabeça, produzido em parceria com o jornalista Maurição Lima, aborda notícias, entrevistas e análises políticas.

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A Coluna do Roberto Maciel (sábado, 22.10): Os desafios do orçamento para o Ceará

O projeto de lei orçamentária anual para 2023, já em tramitação na Assembleia Legislativa do Ceará, prevê R$ 36,4 bilhões de receitas e despesas para o Estado. Em relação ao orçamento em vigência neste ano, registra-se aumento de 27,7%. A questão é se, embora aparente e nominalmente seja uma dinheirama volumosa, os recursos serão suficientes para ações fundamentais. Há lacunas graves escancaradas por restrições e medidas determinadas pelo Governo Federal. Emblemático é o caso da crise energética. A partir de decisão do Planalto, chancelada pelo Congresso, o Estado do Ceará teve de reduzir de 29% para 18% o ICMS sobre combustíveis, energia elétrica e serviços de transportes. Quando anunciou o corte, em julho, a governadora Izolda Cela manifestou preocupação e contrariedade com a situação. "Continuaremos lutando para que o Estado não perca recursos para a educação, saúde, segurança e programas sociais", disse na época. Pois perdeu. E muito. Traduzido em cifrões, o canibalismo tributário determinado por Jair Bolsonaro ao Ceará terá mastigado R$ 2,16 bilhões só até o fim de 2022. O governador eleito, Elmano de Freitas (PT), ainda não tratou do assunto publicamente.

Em campo

A Câmara dos Deputados analisa projeto que define proteção para vítimas de assédio e importunação sexual em estádios de futebol. A matéria passará pelas comissões de Esporte (na qual estão os cearenses Heitor Freire e André Figueiredo); de Defesa dos Direitos da Mulher (sem parlamentares locais); e de Constituição e Justiça e de Cidadania (com Danilo Forte, Domingos Neto, Eduardo Bismarck e José Guimarães, como titulares, e Idilvan Alencar na suplência).

Respeito e responsabilidade

Conforme o texto, de Sâmia Bonfim (Psol-SP), órgãos públicos e entidades privadas envolvidas em jogos - incluindo times e federações - têm o dever de proteger as pessoas de assédios, assegurando a elas auxílio para casos de investigação e denúncia.

Receita

Da deputada Silvana Oliveira (PL), defendendo atos do governo Bolsonaro durante a pandemia: "Sou médica, não tenho nenhum processo contra mim e usei cloroquina. Tomei também a ivermectina e defendi que usássemos todas as armas para salvar as pessoas". Em resumo: contrariando a ciência, a médica tomou medicamentos inócuos para a doença, receitados por um ex-capitão do Exército; contrariando a política e as famílias, a deputada ainda ignora 680 mil mortes.

Conclusão (Ou "Pra não dizer que não falei de flores")

A "Rainha dos Baixinhos", veja só!, continua reinando. O vídeo (veja em https://www.instagram.com/p/Cj6SOaCsyeo/) em que Xuxa Meneghel põe a nu o arroubo pedófilo do presidente Jair Bolsonaro já soma mais de 1,5 milhão de visualizações no perfil dela no Instagram. Sem contar os compartilhamentos feitos por seguidores.

Para gostar de ler

A Prefeitura de Fortaleza está encaminhando uma superlicitação para comprar livros literários, técnicos e paradidáticos para professores e alunos de escolas municipais. Dividido em pelo menos sete pregões, o processo supera R$ 7 milhões.

Entrelinhas

Destaque para autores cearenses nas listas dos editais. Nomes como Demitri Túlio e Nukácia Araújo, Klevisson Viana e Carlos Henrique Guabiras são exemplos da boa política que é a valorização de talentos locais.

Quatro cantos

A Coluna do Roberto Maciel é publicada no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br) e no jornal Opinião (www.opiniaoce.com.br). Os textos estão, ainda, no site https://bit.ly/3q4AETZ. O jornalista também participa do podcast Papo de Cabeça, no YouTube (https://bit.ly/3cP1JHu) e nas plataformas Deezer e Spotify. O podcast, produzido em parceria com o jornalista Maurição Lima, aborda notícias, entrevistas e análises políticas.

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COLUNAS SETEMBRO 2022

"É política do governo manter o povo na ignorância"

O textinho a seguir foi pinçado do segundo volume de Escravidão, trilogia de livros do jornalista Laurentino Gomes. Trata-se de uma impressão sobre os brasileiros e sobre o comportamento do Governo: "Os habitantes parecem saber bem pouco acerca dos requintes da vida, passando a maior parte do tempo na mais completa indolência e lendo pouquíssimos livros, pois o conhecimento não está no rol de suas preocupações. É política assente do governo manter o povo na ignorância, já que isso o faz aceitar com mais docilidade as arbitrariedades do poder". Parece atual? Pois saiba: o relato é datado de 1764. É atribuído à viajante e escritora britânica Jemima Kindersley. A caminho da Índia, em 1764, Jamima fez uma escala em Salvador (BA) e se impressionou com a relação (ruim) entre a população - predominantemente negra, escravizada - e os donos do poder.

Olhar

Jemima Kindersley era uma típica personagem da era colonial. Casada com um militar que servia à Coroa Britânica na Índia - na época, assim como o Brasil, uma fonte de riquezas explorada pela Europa -, tornou-se atenta observadora de gentes e costumes. Seus livros são referenciais na língua inglesa.

Tudo como dantes

O que ela escreveu sobre o Brasil é espantoso, tanto pela precisão quanto pela persistência. O texto aqui citado soma 258 longos anos. Sob o ponto de vista da autora, nada mudou.

Ideia

O Centro Industrial do Ceará, que na década de 1980 se prestou como trampolim para que um grupo de empresários jovens chegasse ao poder no Estado, tomou fôlego novo. O CIC está agora propondo a criação do que, em logística, se chama de "porto seco". A estrutura seria uma conexão para que indústrias locais negociem com empresas da Zona Franca de Manaus (AM) com menores de custos, melhor fluxo de produtos e mercadorias e agilidade burocrática.

Solidariedade

O deputado Antônio Granja (PDT) assina projeto com o qual propõe que o Ceará crie um programa de conscientização e incentivo à doação de cabelos para pessoas em tratamento de câncer. A ideia, embora clonada de um texto já aprovado na Câmara dos Deputados, é de fato interessante e solidária.

Espaços

Esta Coluna também é publicada no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br). O jornalista Roberto Maciel ainda participa do podcast Papo de Cabeça, em canal no YouTube (https://bit.ly/3cP1JHu) e na plataforma Spotify. O podcast, trabalho conjunto com o jornalista Maurição Lima, reúne notícias, entrevistas e análises políticas.

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A Coluna do Roberto Maciel (3.9, sábado): Candidaturas impugnadas: de milicianos a fichas-sujas, o prazo entra na reta final

A Justiça Eleitoral tem somente mais 10 dias para julgar os registros de candidaturas que, sob argumentos diversos, foram impugnados perante o TSE ou os TREs. Não há de ser tarefa das mais suaves. É que há mais de 28,7 mil inscrições em todo o País, considerando gente disposta a disputas mandatos de deputado estadual, deputado federal, deputado distrital, governador, vice-governador, senador, suplente de senador, vice-presidente e presidente da República. Do meio disso, os magistrados terão de separar o joio do trigo. Só para comparar: é como se todos os habitantes de cinco cidades do tamanho da serrana Guaramiranga, no Ceará, entrassem no páreo. Há impugnações em diferentes níveis e por motivos diversos: desde contas públicas irregulares a crimes comuns.

Fim do prazo

Hoje é também o último dia para o Tribunal Superior Eleitoral convocar as entidades fiscalizadoras para a cerimônia de assinatura digital e lacração dos sistemas. Sabe aquele bafafá transbordante de ameaças antidemocráticas cometido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), envolvendo na quizumba até as Forças Armadas? Pois é: depois de hoje, não terá mais desculpa nenhuma.

Sextou

Já nos estados, termiinou ontem, sexta-feira, 2.9, o prazo para os tribunais regionais eleitorais designarem, em sessão pública, a Comissão de Auditoria da Votação Eletrônica. E ponto final.

Voz de vós

Fala do deputado Renato Roseno (Psol, foto abaixo), defendendo a criação de delegacia de Polícia para combater crimes de discriminação racial religiosa ou de orientação sexual: "Um adolescente vítima de violência devido à orientação sexual abandona escola e o racismo é coisa que não deve ser aceita. A única coisa intolerável é a intolerância. Não podemos conviver com esses crimes. A fé de um não descredencia a fé do outro".

O diabo está nos detalhes

É bom anotar: o projeto é do Poder Executivo e Roseno nem integra a base governista. Detalhe para aquecer o debate: nenhum parlamentar da bancada do mundo-cão, da qual se destacam Noélio Oliveira (UB) e Francisco Cavalcante (PL), se manifestou sobre a pauta. Nem da bancada evangélica.

Nem tanto à terra nem tanto ao mar

A Coluna do Roberto Maciel é publicada, além do jornal Opinião, no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br). O jornalista participa, também, do podcast Papo de Cabeça, em canal no YouTube (https://bit.ly/3cP1JHu) e na plataforma Spotify. O Papo de Cabeça, produzido com o jornalista Maurição Lima, contempla notícias, entrevistas e análises políticas.

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(6.9): Um setor que prospera em dias de Bolsonaro é o da cobrança de dívidas

O Brasil tem 66,6 milhões de endividados. Segundo pesquisa do Serasa Experian, serviço de monitoramento do crédito, a população nunca esteve tão pendurada em contas. E sabe que ramo prosperou nesse campo? O de empresas especializadas em recuperação de créditos - ou seja, em apertar os devedores. Enganava-se quem achava que o governo de Bolsonaro não havia proporcionado crescimento a setor nenhum. Os cobradores de dívidas estão aí para provar o contrário. A atividade tem agora incorporado tecnologias modernas para agilizar o atendimento que presta. Uma empresa de Curitiba (PR) está divulgando que conseguiu localizar para clientes o equivalente a R$ 204 bilhões em ativos patrimoniais, representados em 106 mil imóveis.

Aí é outro nível

Quem consegue comprar 51 imóveis com dinheiro vivo, habilitando-se a escapulir das malhas da fiscalização tributária, até que pode não depender de recursos assim. Mas há muita gente, de um lado e do outro, no radar de aplicativos e outras inovações.

Como na canção

Letra de Chico Buarque de Hollanda para um clássico da resistência contra o autoritarismo nos anos 1970 - o que pode ser transposto para os dias de hoje - sobretudo amanhã, com ameaça de golpe - sem esforço: "Apesar de você/Amanhã há de ser/Outro dia/Você vai ter que ver/A manhã renascer/E esbanjar poesia".

O que é o que é?

O deputado Wagner Sousa (UB), que insiste em se apresentar como especialista em Segurança Pública - como se o fato de ser PM reformado o credenciasse compulsoriamente com ás do assunto - não explicou ainda como pretende implantar no Ceará um "padrão FBI".

Já avisaram?

Primeiro, o FBI sabe disso? Está disposto a transferir tecnologias e métodos para um político sul-americano? Por fim, o governo brasileiro, por meio do Ministério das Relações Exteriores, firmou algum acordo nesse sentido?

Aqui, ali, alhures

Além do jornal Opinião, a Coluna do Roberto Maciel é publicada no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br). Todo o acervo está neste site: https://bit.ly/3q4AETZ. O jornalista também participa do podcast Papo de Cabeça, em canal no YouTube (https://bit.ly/3cP1JHu) e na plataforma Spotify. O Papo de Cabeça, produzido com o jornalista Maurição Lima, contempla notícias, entrevistas e análises políticas.

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8.9 (QUINTA): Contra o entreguismo

Tramita na Câmara federal projeto que susta os efeitos do decreto do Planalto que inclui a empresa Pré-Sal Petróleo no Programa de Parcerias de Investimentos da Presidência da República. Se a intenção de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes passar, será enterrada definitivamente a política de defesa do patrimônio nacional instituída com a campanha O Petróleo é Nosso, nos anos 1940 - que resultaria em 1953 na fundação da Petrobras. A busca da soberania moveu não apenas gestos políticos, mas uma gigantesca articulação econômica. "O decreto representa clara ameaça à gestão pública dos recursos energéticos representados pelo petróleo e gás natural do pré-sal, que é um patrimônio de todos os brasileiros", diz o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), que assina o projeto de salvaguarda da Pré-Sal Petróleo.

*Caminhos...*

O texto de Reginaldo Lopes passará pelas comissões de Minas e Energia, na qual há dois cearenses - Heitor Freire e Vaidon Oliveira, ambos do União Brasil e ligados ao bolsonarismo -; de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços, na qual há só um cearense e como suplente - Robério Monteiro (PDT) - e de Constituição e Justiça e de Cidadania, que inclui Danilo Forte (UB), Domingos Neto (PSD), Eduardo Bismarck (PDT) e José Guimarães (PT). Está lá também o suplente Idilvan Alencar (PDT).

*...Tortuosos*

Como se pode perceber, as trilhas a serem percorridas pela matéria que exclui a empresa Pré-Sal da gana privatista não têm nada de suaves. Haja mobilização para quem é contra a venda, portanto.

*Grande negócio!*

O presidente da Câmara de Fortaleza, Antônio Henrique (PDT), está propondo que dinheiro público seja gasto na instalação de uma estação de pedalinhos, caiaques e stand up paddle na Lagoa do Mondubim. Como a Prefeitura não entende bulhufas desses assuntos, é certo concluir que a ideia é entregar os serviços à iniciativa privada.

*Nobre dúvida*

O jornalista e humorista gaúcho Aparício Torelly (1895-1971), comunista de carteirinha e ácido crítico de ditadores, concedeu a si um falso título nobiliárquico: Barão de Itararé. Era um chiste com uma batalha que não houve, embora tivesse sido anunciada na Imprensa de 1930 como um possível sangrento confronto entre aliados do governo e opositores. Repetindo "Aporelly", que título poderia ser dado a Bolsonaro pelo golpe de 7 de setembro que não houve? Marquês da Tchutchuquinha?

*Espaços*

Esta Coluna é publicada no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br), além do jornal Opinião. O acervo de textos pode ser lido em https://bit.ly/3q4AETZ. O jornalista Roberto Maciel também participa do podcast Papo de Cabeça, em canal no YouTube (https://bit.ly/3cP1JHu) e na plataforma Spotify. O podcast, resultado de parceria com o jornalista Maurição Lima, trata de notícias, entrevistas e análises políticas.

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COLUNA 10.9 (SÁBADO)

*Monsenhor Tabosa: perspectiva de novo fôlego*

Pegou bem para lojistas da Avenida Monsenhor Tabosa a proposta da Prefeitura de Fortaleza para recuperar a capacidade econômica que havia ali desde os anos 1970. A via está incluída no pacote de recomposição da Praia de Iracema. Curiosamente, a mais recente ação em favor da Monsenhor Tabosa - referência no comércio de confecções, calçados, artesanato e moda praia no Ceará, com ênfase especial no atendimento a turistas - foi tomada ainda na gestão do então prefeito Juraci Magalhães (MDB). Na época, o hoje prefeito José Sarto (PDT) era vereador da base aliada. Apoiou uma série de reformas na avenida, entre as quais um novo calçadão, iluminação moderna, estacionamento amplo e pavimento seguro. Por um desses lances do destino que não explica, cabe agora a Sarto dar novo vigor a um espaço privilegiado da cidade. É o tipo de oportunidade que ninguém ousa largar.

*Dos anais*

Curiosidade a se anotar: quando vereador, o tucano Idalmir Feitosa pôs em discussão a conversão da Monsenhor Tabosa numa rua 24 horas. O modelo seria o da que há em Curitiba (PR), inaugurada em 1991. Mas falou-se, falou-se e nada se resolveu. Pior: enquanto os vereadores falavam, os comerciantes faliam.

*Não é de se jogar fora*

Há estudos que indicam que a Monsenhor Tabosa gerou, nos bons tempos, cerca de 5 mil empregos diretos, sem contar os indiretos. Hoje, é um estirão de lojas fechadas - que não geram valores significativos para Fortaleza além de IPTU. Agora, a Prefeitura se propõe a reduzir até 60% na alíquota do ISS devido por empreendedores ali instalados, além de cortar até 95% de alíquotas de IPTU e ITBI.

*Dinheiro na veia*

A candidata Mayra Pinheiro (PL), bolsonarista conhecida como "Capitã Cloroquina", já comunicou à Justiça Eleitoral ter recebido R$ 529 mil de doações para a campanha. O partido ao qual pertence entrou com R$ 500 mil, oriundos do fundo eleitoral. Mayra faz, assim, jus ao título de "queridinha do Planalto". Como ela, André Fernandes, outro "peixe de Bolsonaro", registrou R$ 500 mil do PL.

*Cuidando das pessoas*

No entanto, só se juntarem tudo o que receberam do PL Mayra e André poderão se comparar a Luizianne Lins. A ex-prefeita de Fortaleza recebeu do PT R$ 1 milhão para tentar novo mandato de deputada federal.

*O cacique*

Mas nenhum pode ter a audácia de se comparar a Eunício Oliveira, senhor todo-poderoso do MDB cearense. O ex-presidente do Senado já soma no cofrinhom eleitoral doações de R$ 2,280 milhões. Dessa bufunfa, R$ 2 milhões são contribuinte, repassados pelo MDB via fundo eleitoral.

*No poleiro*

A presença do empresário Luciano Hang, vestido de Louro José, como sempre, no palanque do comício do presidente Jair Bolsonaro no 7 de setembro foi uma clara homenagem e um despudorado reconhecimento aos golpistas do WhatsApp - grupo de endinheirados, como Hang e o cearense Afrânio Barreira, flagrado pela Polícia Federal conspirando contra a Democracia.

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COLUNA 13.9 (TERÇA)

*O golpismo sem remédio: Enfermagem vira arma na guerra eleitoreira contra o STF*

Está em marcha um esforço brusco (mais um!) do Planalto e de aliados para desgastar o Poder Judiciário. O discurso é um poço de sofismas. Diz que o ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso impediu que se implantasse o piso salarial nacional dos profissionais de Enfermagem. É lorota. Na verdade, Barroso acatou argumentos da Confederação Nacional de Saúde, Hospitais e Estabelecimentos e Serviços, que alegou faltarem na articulação do Planalto com o Centrão - decisão com nítida inclinação eleitoreira - dados sobre impacto financeiro, riscos de demissões e possível redução na qualidade do serviço prestado. A Confederação se preocupa mais com o próprio caixa do que com a saúde, admita-se, mas rumou pelas trilhas legais. E Barroso agiu como cabe aos magistrados: reconheceu a legitimidade da ação mas não cerceou o direito de defesa da parte reclamada, dando ao governo federal, estados, Distrito Federal e entidades do setor 60 dias para prestarem os esclarecimentos devidos. Isso é o que há. O resto é queixume golpista.

*Perto do zero*

Tem sido ínfimo, trisquinho de nada, o engajamento do presidente da Câmara de Fortaleza, Antônio Henrique (PDT), na campanha do ex-prefeito Roberto Cláudio a governador. "Às vezes aparece em evento, fica pelos cantos e vaza rapidinho. É constrangedor", diz um assessor de RC. Henrique é candidato a deputado estadual.

*Estrebuchando*

Conhecido como "Véio da Havan", o milionário catarinense Luciano Hang, bolsonarista que integrava grupo de empresários no WhatsApp que, segundo a Polícia Federal, tramava contra a Democracia e defendia golpe de estado, está apelando para a Justiça. Do mesmo grupo participa o cearense Afrânio Barreira, dono de restaurantes.

*Condena a Justiça mas recorre à Justiça*

Hang está processando o deputado federal André Janones (Avante-MG) e cobrando indenização por danos morais. Quer R$ 200 mil de reparação por supostas ofensas. Curiosidade: o Judiciário é constantemente atacado por bolsonaristas, incluindo Luciano Hang, e mesmo por Jair Bolsonaro - com ameaças a magistrados e ao STF.

*Até a mãe*

O empresário foi citado na CPI do Genocídio, do Senado, que investigou a conduta do governo Bolsonaro na pandemia da covid-19. Teve até de depor e foi confrontado com uma terrível avaliação: a de que submeteu a mãe a tratamento precoce inútil contra a doença. A idosa morreu. Foi uma das 686 mil vítimas do coronavírus.

*Rumo*

Aliás, Hang tem dito que pretende instalar lojas em Fortaleza e em Juazeiro do Norte. Trata-se de uma rede especializada em vender produtos chineses. Da mesma forma que anuncia novos "empreendimentos", ameaça sair de mercados nos quais o bolsonarismo se enfraquece. Até cogita deixar o Brasil no caso de vitória de Lula (PT).

*Nojo*

Repugnantes, ao menos, é a palavra que cabe para definir o bolsonarista que humilhou publicamente uma mulher pobre, negando-lhe marmita porque ela revelou que votaria em Lula; e o que avisou que vai reagir na bala caso Jair Bolsonaro perca a eleição. Para ambos deve ser aplicada a mais severa Justiça. O primeiro se chama Cássio Canali e é um sonegador de impostos que opera no Interior de São Paulo. O outro é um elemento que atende pelo nome de Francisco Cavalcante, o vulgo "Delegado Cavalcante", e tem mandato na Assembleia Legislativa do Ceará.

*A tempo*

A propósito, a ex-vereadora Toinha Rocha apresentou à Assembleia representação contra o ameaçador Cavalcante.

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COLUNA EM 15.9.2022

O "limbo previdenciário" e uma solução à vista

Leva a assinatura do deputado cearense Eduardo Bismarck (PDT) projeto que assegura para mais um público - que, por sinal, tem crescido assustadoramente nestes dias de Bolsonaro - o acesso ao seguro-desemprego. A ideia é atender com até cinco parcelas mensais, a serem pagas mensalmente, o trabalhador que está no chamado "limbo previdenciário". "Limbo previdenciário" é a situação em que se incluem os empregados que estavam em auxílio-doença ou aposentadoria por invalidez e receberam alta da perícia do INSS - no entanto, o médico da empresa não permite o retorno às rotinas por ainda considerá-lo inapto ao serviço. Muita gente nessa condição precisa, então, se virar como autônomo - entregador ou motorista, por exemplo - para ter dinheiro para sobreviver.

*Prevenção*

Bismarck diz que a finalidade do projeto é a de evitar a judicialização. E explica: "Embora a Justiça entenda que o limbo não suspende nem interrompe o contrato de trabalho e que a empresa deve retomar os pagamentos dos salários, não é essa a realidade vivida pelos segurados do INSS".

*Rumos*

O texto será analisado pelas comissões de Seguridade Social e Família, na qual estão os cearenses Robério Monteiro, Agripino Magalhães, Jaziel Pereira e Idilvan Alencar; de Trabalho, de Administração e Serviço Público, presidida por Leônidas Cristino e com a participação de André Figueiredo; de Finanças e Tributação, com AJ Albuquerque, Domingos Filho, Mauro Filho, Denis Bezerra e o próprio Eduardo Bismarck.

*Ponto final*

O martelo será batido pela Comissão de Constituição e Justiça, em que atuam os cearenses Danilo Forte, Domingos Filho, Eduardo Bismarck, Idilvan Alencar e José Guimarães. Podem apostar, leitor e leitora: um ou outro pode até votar contra, mas nenhum terá coragem para se posicionar publicamente contrário a projeto dessa natureza.

*Outra disputa*

Segue até 30 de novembro a temporada de inscrições para o I Prêmio IRB de Monografia, do Instituto Rui Barbosa - entidade mantida pelos tribunais de contas brasileiros. Ou seja, até lá já serão conhecidos os vencedores das disputas eleitorais no País.

*Assunto de sobra*

O tema da edição inicial do Prêmio IRB é "Desafios para as instituições públicas no mundo digital". O trabalho vencedor receberá R$ 20 mil. O segundo lugar ficará com R$ 10 mil. O terceiro ganhará R$ 5 mil. Informações em https://irbcontas.org.br/.

*Outros ângulos*

Esta Coluna é publicada no jornal Opinião e no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br). O acervo de textos está no site: https://bit.ly/3q4AETZ. O jornalista Roberto Maciel também participa do podcast Papo de Cabeça, no YouTube (https://bit.ly/3cP1JHu) e na plataforma Spotify. O Papo de Cabeça, produzido em parceria com o jornalista Maurição Lima, aborda notícias, entrevistas e análises políticas.

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COLUNA EM 17.9.2022

Os ciristas estão encurralados pelo voto útil?

A grande dúvida do momento é a seguinte: apoiadores e simpatizantes da campanha do ex-ministro Ciro Gomes (PDT) vão se manter firmes diante do esforço pelo voto útil empreendido por aliados de Lula? Para Ciro, a questão não se limita a ele mesmo nem ao campo nacional. Afinal, abrir mão da candidatura a presidente - algo posto como relevante na luta contra o bolsonarismo - eliminaria também a competitividade política do grupo que ele lidera no Ceará. E, se perder essa capacidade, Ciro estaria decretando não só o encerramento da própria carreira, mas o fim de uma geração que chegou ao poder em 1986, com Tasso Jereissati, Amarílio Macedo e Sérgio Machado, entre outros empresários, aos quais os Ferreira Gomes iriam se unir posteriormente. Não se pode esperar, de fato, que Ciro largue mão da postulação ao Planalto em nome de valores democráticos - isso não é do feitio dele. Mas não se pode dizer o mesmo dos que veem num reposicionamento de voto a possibilidade de resolver a parada já no primeiro turno.

*Destempero*

Os ataques virulentos de Ciro Gomes a Lula - para críticos, chegando ao desequilíbrio emocional - têm um lado B. Segundo especialistas, acabam fortalecendo o lado petista. É que seriam vistos como articulação do pedetista com Jair Bolsonaro. E isso o eleitor progressista não perdoa.

*No ar*

Dois aviões cedidos pelo Governo do Estado vão dar suporte ao TRE no teste de integridade de urnas nas eleições deste ano no Ceará. Vão operar em áreas próximas aos aeroportos de Campos Sales e Iguatu e de São Benedito e Crateús. O teste será aplicado em urnas a serem definidas pelas entidades fiscalizadoras do processo, que têm representação social.

*Elmano com L*

Alguém precisa ensinar urgentemente aos locutores dos programas petistas de rádio e TV que o nome do candidato ao governador é Elmano Freitas (alguns se referem a ele como "de Freitas", do jeito que está na certidão de nascimento). Não pode é ficar chamando-o de "Eumano". Repita comigo: "El-ma-no". Isso: com "L".

*Terra e mar*

A Prefeitura de Caucaia está organizando neste sábado, Dia Mundial da Limpeza de Praias e Rios, uma ação no estilo "pente-fino" na movimentada orla do município. Seis pontos estratégicos terão postos de coleta de resíduos: Pacheco, Iparana, Icaraí, Tabuba, Cumbuco e Cauípe.

*Ponta a ponta*

Caucaia projetou uma agenda de atividades que engaja diferentes públicos do município, de estudantes e turistas, passando por moradores de comunidades e por trabalhadores das praias. É bom que seja assim. Afinal, um ambiente saudável só se consegue com participação social ampla, consciente e incondicional. Os trabalhos terão início às 8 horas e serão realizados ao longo de 10 quilômetros de praias.

*Outros ângulos*

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20.9 (TERÇA)

Há armas apontadas para você, mas você não sabe - nem o Exército - quem está com o dedo no gatilho

A política armamentista do presidente Jair Bolsonaro (PL) conseguiu o que parecia pretender: tornou a posse de revólveres, pistolas, fuzis e carabinas, entre outros modelos que causam mortes, uma epidemia incontrolável. Uma doença sem vacina, pode-se dizer. Em resposta à Controladoria Geral da União, a corporação militar - que, segundo a fala de Bolsonaro, tem "inteligência" para fiscalizar as urnas e as eleições - reconheceu que ignora quantas armas existem em cada cidade do País sob a responsabilidade de colecionadores, atiradores esportivos e caçadores (os chamados CACs). Esse desconhecimento torna dramática a situação do cidadão, considerando a vulnerabilidade a que está submetido, a violência disseminada por atos e palavras de governantes. A questão já não é saber se há armas apontadas para a sua cabeça, mas prever quem vai disparar.

*Não vai não, ele não vai não!*

Deve ser pendurado na conta da carochinha projeto do vereador Emanuel Acrízio que indica à Prefeitura de Fortaleza isenção do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) "a profissionais liberais e autônomos recém-formados". A proposta mão-aberta, além de desprezar o rigor fiscal que a lei impõe aos gestores públicos, é vaga e sem fundamentos técnicos que valham o nome.

*Linha de chegada*

Termina segunda-feira (26.9) o prazo do Sistema de Registro de Pesquisas Eleitorais (PesqEle), do TSE, de protocolo de sondagens de intenção de votos realizadas em data anterior ao dia das eleições e planejadas para serem divulgadas em 2 de outubro. Mas só para as que serão tornadas públicas.

*Dando um grau*

O deputado Nelinho (MDB), mesmo aparentando não saber muito bem do que se trata, pôs para tramitar na Assembleia Legislativa projeto que prentende tornar o esporte denominado de "Wheeling" como "prática esportiva em todo o território do estado". A modalidade tem levado muitos ciclistas e motociclistas ao IJF.

*Do chão não passa...*

"Wheeling" é também chamado de "Grau". Consiste em empinar a roda dianteira da bicicleta ou da moto e dirigir assim por alguns metros, fazendo manobras com alguma velocidade. Quem consegue não cair já estará fazendo muita coisa. É nisso o que Nelinho quer colocar dinheiro do contribuinte.

*...Mas o céu pode ser o limite*

Para quem não entendeu direito, a Coluna tem uma definição bacana: "Wheeling" é uma roleta russa sobre rodas.

*Faces*

Esta Coluna é publicada também no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br). Os textos estão no site https://bit.ly/3q4AETZ. O jornalista ainda participa do podcast Papo de Cabeça, no YouTube (https://bit.ly/3cP1JHu) e na plataforma Spotify. O Papo de Cabeça, produzido em parceria com o jornalista Maurição Lima, aborda notícias, entrevistas e análises políticas.

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QUINTA-FEIRA, 22.9

Gira Girão: o senador está para Wagner assim como Olavo de Carvalho estava para Bolsonaro

O mais importante integrante da campanha do deputado Wagner Sousa (UB) ao Governo do Ceará é o senador Luís Eduardo Girão (Podemos). A mesma influência que exerce nos rumos do comitê do ex-capitão está presente no que faz o da candidata a senadora Kamila Cardoso (Podemos). Bolsonarista, Girão é uma mescla de guru transcendental e orientador ideológico, algo como era o astrólogo Olavo de Carvalho para o presidente da República. É ele quem manda e desmanda, com mão de ferro, no que é abordado. Se não passar pelo crivo do senador, não tem acordo. Propostas da equipe de publicitários e estrategistas têm sido impiedosamente desprezadas se não coincidirem com o que ele acha - no mais das vezes sob o lema franciscano "paz e bem". Os conteúdos veiculados correspondem religiosamente aos que Girão publica nas redes sociais que mantém na Internet. Por isso, ninguém se espante se um dia, em vez de necessárias explicações sobre motins nas polícias, aparecerem nas campanhas discursos sobre discos voadores.

*Perdido no Espaço*

Para quem está no mundo da lua, uma observação: é de Girão requerimento para a realização no Senado de sessão comemorativa aos 75 anos do Dia Mundial da Ufologia (24 de junho passado). Também foi dele a ideia de levar um religioso orientalista para benzer eleitores dos capitães Wagner e Bolsonaro na Praça do Ferreira.

*Fumo e voltemo*

O senador, quando ainda estava fora da política, pagou publicidade em jornais chamando professores de "lombrados" e gerou, pela ofensa, um espesso esfumaçamento nas relações que tinha com o magistério. Torcedores do Fortaleza Esporte Clube, time o qual presidiu, também não têm diálogos com ele.

*Em Pânico*

Depois de dar entrevista ao programa Pânico, da rádio Jovem Pan, o candidato do PDT à Presidência da República participou do Programa do Ratinho, no SBT. As duas emissoras são bolsonaristas-carluxistas - inclusive difundindo fake news.

*Zerou*

Ciro Gomes mandou às favas a preocupação que poderia - e deveria - ter com a imagem pública que vinha construindo desde os anos 1970. Entrar para a história como aliado de Jair Bolsonaro é o pior desfecho de carreira que pode ter.

*Plataformas*

Esta Coluna é publicada no jornal Opinião (www.opiniaoce.com.br) e no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br). Os textos podem ser lidos, ainda, no site https://bit.ly/3q4AETZ. O autor participa semanalmente do podcast Papo de Cabeça, que é veiculado no YouTube (https://bit.ly/3cP1JHu) e nas plataformas Spotify e Deezer. O Papo de Cabeça, em parceria com o jornalista Maurição Lima, aborda notícias, entrevistas e análises políticas.

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SÁBADO - 24.9

É preciso estar atento e forte

Pesquisa do Datafolha, sob encomenda do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e da Rede de Ação Política pela Sustentabilidade, indica que 67,5% dos entrevistados brasileiros têm "muito medo" ou "um pouco de medo, de ser vítima de violência física por causa da opção política ou partidária que manifestar para as eleições deste ano. No primeiro caso, são 49,9%e os que revelam estar intimidados. No segundo, 17,6%. É assustador. Os números revelam que as estratégias de difundir terror na sociedade têm dado certo. Há até relatos de milícias pressionando comunidades inteiras. É pertinente estimar que pessoas deixem de votar porque querem prevenir ataques e outras hostilidades. Mas a pior situação há de ser o cidadão recuando e abrindo mão de seu direito. Essa seria a vitória dos criminosos - contra o que devem estar a postos as polícias e outras forças de segurança.

*Eleições sujas de sangue*

Dois casos deixam marcas profundas na memória e na Democracia brasileiras. Primeiro, o do agente municipal assassinado a tiros no Paraná por um bolsonarista, quando comemorava aniversário de 50 anos de idade. Depois, o agricultor executado com 15 facadas no rosto no Mato Grosso do Sul - o matador, um colega que é bolsonarista, ainda tentou decapita o corpo a machadadas.

*Ao lado*

Mas nem tudo é medo e desesperança. Saiba que 2 de outubro é o Dia do Anjo da Guarda. Todos temos um, acredita-se. É também o Dia Internacional da Não-Violência.

*Reaja*

No Ceará, denúncias de intolerância e ameaças podem ser enviadas para https://bit.ly/2VEz3UB. Os informes podem ser anônimos. Denunciar abusos é reagir e se erguer contra o fascismo.

*Bença, paim!*

Da série "Coisas gozadas que só a política oferece": O deputado André Fernandes (PL) dá as caras ao lado do pai, Alcides, e diz: "Nesse eu confio!". Seria ruim se um filho não confiasse no pai. Seria péssimo, aliás.

*Fona*

Já Soraya Thronicke (UB) diz que adversários "sujaram as mãos". E tasca: "Se você quer votar em quem tem as mãos limpas e coragem pra fazer o que é certo, agora você tem opção". Se se considerar a margem de erro, a opção Soraya vai ficar com saldo negativo de votos.

*É não, é?*

A candidata a senadora Kamila Cardoso (Podemos) aparece com mais essa pérola, entre as muitas que já despejou na propaganda eleitoral: "Ser governador é uma coisa, ser senador é outra!". Descobriu a pólvora.

*Semana final*

É uma pena que a campanha já esteja pertinho de terminar. Faltam oito dias para o fim da propaganda eleitoral e cinco dias para a votação em primeiro turno.

*Frentes*

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TERÇA-FEIRA (27.9)

Ciro e o "manifesto à nação": o que seria atômico não foi mais do que um traque molhado

O ex-ministro de Lula Ciro Gomes (PDT) tem uma enorme capacidade de frustrar quem espera dele algo impactante. Após anunciar para a manhã de segunda-feira (26.9) um "manifesto à nação", leu em público uma nota desbocada na qual tenta impor aos outros sua própria incompetência para, de modo minimamente equilibrado, conquistar eleitores e votos. Repetiu o mantra com o qual, sem êxito, pelo visto, tenta equiparar Lula e Bolsonaro. E voltou a tentar vestir a capapuça de "rebelde". Em nenhuma passagem sinalizou com o que possa ao menos se aproximar de uma autocrítica. E, claro, passou a largo das relações próximas que teve com o autoritarismo da ditadura militar (quando começou na carreira política, pelo então PDS) e o com os governos do PT (como ministro de Lula). O que Ciro fez ontem equivale a um eventual pronunciamento de José Maria Eymael afirmando, em tons rancorosos, que se mantém candidato a presidente do Brasil.

Em paralelo

A propósito de Eymael, ele teve oito filiações partidárias - PDC (1962-65), Arena, PDS, PTB, PDC (1985-93), PSDC, PPR, PPB e DC. Já as relações de Ciro com partidos seguem a caminho disso - após estar muito próximo da Arena, devido às posições políticas da família, passou pelo PDS, PMDB, PSDB, PPS, PSB, Pros e PDT.

Andar com fé

José Maria Eymael se diz católico, mesma fé religiosa que Ciro Gomes atribui a si. Eymael foi um deputado de expressão opaca. Ciro também. Essa é a sexta vez que o "democrata cristão" disputa o Planalto. Ciro já está na quarta experiência como presidenciável.

Briga boa

É do deputado Leonardo Araújo (MDB) projeto que propõe instituição de sistema de cota racial nas escolas privadas do Ceará. Leonardo se arrisca a comprar encrenca com uma corporação que não costuma ceder um centímetro sequer dos privilégios que tem.

Tudo a ver

Ídolos de agroboys e agrogirls, os artistas Rick & Renner - que, como outros sertanejos, fazem a alegria de bolsonaristas que vão a shows pagos com verbas de prefeituras - estão lançando nova música. O título é chulamente sugestivo: "Pôrra nenhuma".

Não tem jeito

A propósito, a escorregada do presidente Jair Bolsonaro (PL) no tobogã das pesquisas de intenção de voto continua vinculada à condição de "imbrochável" da qual ele diz padecer. "Se fosse ao menos priapismo...", queixou-se vereadora bolsominion de Fortaleza, entre uma oração e outra.

Plataformas

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QUINTA, 29.9

Debate de hoje na Globo revela também uma Imprensa que deve se questionar pelo que fez

Termina hoje (quinta-feira, 29.9) a exposição midiática, pelo menos nos meios convencionais de rádio e TV, das propostas (e não-propostas) de candidatos às eleições de outubro. A regra vale para quem ambiciona qualquer mandato. O mesmo serve para a realização de debates públicos. É aí que entra a Rede Globo. Força essencial para a explosão de movimentos contra a presidenta Dilma Rousseff (PT) de 2013 a 2016, quando ela foi guindada do poder por impeachment, a emissora cumpriu na época uma receita que se mostrou infalível: alinhada com empresas como os jornais "Folha de S. Paulo", "Veja", "IstoÉ", "Jovem Pan" e o "Estado de S. Paulo", entre outras, a Globo abriu mão de cumprir regras básicas do exercício jornalístico e se prestou a ponta de lança de articuladores da ação contra Dilma - personalidades como Aécio Neves e Eduardo Cunha, Roberto Jefferson e Agripino Maia. Como consequência disso, pavimentou o caminho para a ascenção ao Planalto de um obscuro deputado que, entre outras referências no Congresso, era citado como apoiador de milicianos e praticante convicto da "rachadinha": Jair Bolsonaro. Essa é a História.

O point da vibe

A Globo volta a receber nesta quinta-feira, no derradeiro confronto dos candidatos, aquele que se elegeu embalado pela ação da empresa e de outras corporações da indústria de notícias. Contumaz em ameaçar negar a renovação da concessão da emissora, Jair Bolsonaro a chama de "Globolixo".

Alguma nova carta na manga?

Em entrevista no principal noticioso da Rede Globo, em 22 de agosto passado, Bolsonaro rabiscou na mão esquerda o nome do doleiro Dario Mercer. Como uma "cola", uma "pesca" de aluno ruim. Mas é possível que não fosse. Conhecido como "Rei dos Doleiros", Mercer teria relações perigosas com os donos da emissora. A garatuja riscada na mão - e mostrada sem pudor - seria, então, um modo de intimidar os entrevistadores.

Poderes de Grayskull

O vereador conhecido como "Germano He-Man" quer que a Prefeitura de Fortaleza institua "a prática do exame móvel de combate ao câncer de próstata". Acredite: é desse jeito que está escrito no projeto. Deve haver aí alguma construção indevida, mas, por via das dúvidas, é preciso ter cuidado com o que o He-Man está sugerindo.

Sem freios

O deputado federal paulista Abou Anni (União) apresentou projeto com o qual pretende que o conceito de transporte escolar seja ampliado. E que passe a ser considerado "atividade extracurricular" até para deslocamentos a cursos de idiomas. Achou que não tinha como piorar? Achou errado!

Reflita

Útil é o voto que pode mudar os rumos da sociedade.

Frentes

A Coluna do Roberto Maciel é publicada no jornal Opinião e no portal InvestNordeste. Os textos também podem ser lidos no site próprio da Coluna. O autor ainda participa do podcast Papo de Cabeça, no YouTube e nas plataformas Spotify e Deezer. O Papo de Cabeça, em parceria com o jornalista Maurição Lima, aborda notícias, entrevistas e análises políticas.

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***Colunas outubro 2023

COLUNA 3.10, Terça-feira

A Coluna do Roberto Maciel:

*Faz o L: Larissa ou Luizianne? (Ou "O jogo da política é pesado, cansativo e difícil de ser disputado")*

Enquanto a deputada federal e ex-prefeita Luizianne Lins não elaborou ainda nenhuma consideração crítica incisiva sobre a gestão do prefeito José Sarto (PDT), ao qual diz querer suceder, a deputada estadual Larissa Gaspar já botou o bloco na rua. Em vídeo que circula nas redes sociais, Larissa afirma que o prefeito mente em relação à taxa do lixo ser obrigatória. E diz que "os problemas de Sarto são a incompetência e a falta de vontade política". O que aproxima uma da outra, sendo as duas pré-candidatas à Prefeitura de Fortaleza, são somente a inicial "L" nos nomes, a filiação ao PT e as madeixas longas e louras (novamente o "L", reparou?). Enquanto Luizianne faz de tudo para não se expor no atual momento político, procurando evitar desgastes, Larissa vai à luta em busca de espaços preciosos no cenário político. Não se pode dizer que uma ou outra está errada - até porque ambas tentam superar dificuldades que as afligem -, mas pode ter certeza: vão ter, de um lado ou de outro, de se mexer muito para ganhar a musculatura que uma eleição exige.

*Tal pai, tal filho*

Já escrevemos aqui sobre a praga dos projetos clonados, marmota legislativa na qual um parlamentar copia proposta de outro, de estado ou cidade diferente, sem sequer se preocupar em adaptar o texto para a realidade local. Pois o deputado Alcides Fernandes (PL) aprimorou esse arranjo além do que se poderia esperar. Merece o troféu Macunaíma de Preguiça. Ou a Medalha Pedro Malasartes de Malandragem. Ou Oscar João Grilo de Enrolação.

*Só respeitou os erros de português*

Pois Alcides pastorou, tinTim por tinTim, proposta do filho André Fernandes, de quando o bolsominion era deputado estadual. Em 2020, André Fernandes pôs para tramitar matéria na qual propunha que unidades de saúde não impusessem "qualquer tratamento diferenciado entre pacientes custeados por recursos próprios e aqueles advindo de panos de saúde ou seguros privados de assistência". Alcides a tirou inteirinha da lixeira. Não mudou nem a ortografia.

*Puxando o fio da meada*

O engraçado, para não usar outra palavra, é que o mesmo projeto havia sido copiado de um que havia tramitado no Amapá, que já havia sido chupado de um texto da Assembleia de São Paulo. Ambos os "originais" datam de 2016.

*Bucho de ouro*

Um restaurante de Curitiba, que se define como "novo fenômeno da gastronomia paranaense", lançou item no menu que destoa absurda e debochadamente do necessário senso de responsabilidade na luta contra a fome e a desnutrição. Trata-se de uma refeição envolta "em folha de ouro, acompanhada de tomates cereja confitados, tiras de focaccia artesanal e redução de balsâmico".

*Não se perca pelo nome*

Não deve ser por acaso que o "fenômeno da gastronomia" surgiu onde se criou a "República de Curitiba", aleijão político nutrido pela deletéria Operação Lava Jato. E onde um vereador acusou que "nordestinos não gostam de trabalhar". E um desembargador disse que paranaenses têm nível intelectual superior. Também não deve ser por acaso que o prato folheado a ouro se chama "burrata".

*Paralelepípedo de crack*

Vem aí mais uma CPI insana da Câmara federal. É a que esta sendo proposta pela seita bolsonarista para "investigar o aumento do uso de crack no País". Mais de 170 deputados assinaram o requerimento, entre os quais os cearenses André Fernandes e Jaziel Pereira (PL), Luiz Gastão (PSD), Dayanny Bittecourt, Fernanda Pessoa, Danilo Forte e Moses Rodrigues (UB). Será que a CPI da Nóia vai se arriscar a chamar algum miliciano-traficante para depor?

*Nossos cantos*

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A Coluna do Roberto Maciel (quinta, 5.10):

*O desemprego e a política*

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do IBGE, aponta que a taxa de desocupação no País foi de 7,8% no trimestre de junho, julho e agosto de 2023. Trata-se do índice mais alentado desde fevereiro de 2015, quando se registraram 7,5%. E é uma das referências das quais a política não vai abrir mão por estes dias, pode ficar certo. Não à toa, claro. Primeiro, porque indica um salto qualitativo do País nas políticas públicas e nos temas da economia que falam mais alto às parcelas sociais de renda mais baixa. Depois, porque permitem um estratégico constrangimento aos governos de Michel Temer e de Jair Bolsonaro, que sucederam à gestão da presidenta Dilma Rousseff. Por fim, porque abastece as alas progressistas de mais um argumento segundo o qual atribuir ao petismo a pecha de incompetência pode não ser bom negócio para os opositores. Sobretudo para os que alimentaram o golpe e a recessão. E se alimentaram deles.

*Ao ponto*

Vem aí a quarta edição do Festival Viva La Carne. O evento será realizado no Aquaville, resort no Porto das Dunas, em Aquiraz. É aí que queima a ironia do destino: num ambiente predominantemente bolsominion, onde se registraram discussões ásperas e agressivas contra petistas na campanha eleitoral de 2022, será promovida uma autêntica celebração do churrasco - que, junto com a cervejinha, é uma obsessão retórica do presidente Lula.

*Perto do fogo*

O Festival Viva La Carne será em 21 deste mês e tem na pauta a participação de alguns dos mais paparicados chefs churrasqueiros do País, como Ednardo Alencar, Edvaldo Caribé e Jimmy McManis ("Ogro"). E haja carvão!

*Aumigo*

O deputado Agenor Neto (MDB) pôs para tramitar na Assembleia projeto que garante a pessoas com transtornos psíquicos o direito a ingressar e permanecer acompanhado de animal de assistência emocional em estabelecimentos públicos e privados e em meios de transporte. É uma força e tanto para quem defende a utilização de pets, como cães, nos tratamentos de saúde.

*Certo, Sarto?*

Na cruzada do vereador John Monteiro contra o prefeito José Sarto (PDT) sobrou até para a simpática e fofa cadelinha Marrion, símbolo-pet da campanha do prefeito em 2020. Fala John: "Sarto estava em casa, tomando conta da cachorra, e nós estávamos na rua, cuidando da eleição dele. Posso votar em qualquer candidato no ano que vem, menos no do PDT. Do PDT só quero distância. Quer levar um traço? Pois vote no Sarto". Sério: Marrion não merece reprimenda.

*Muita água pra correr debaixo da ponte*

E Sarto não está nem ligando para o John, reconheça-se. Está mais preocupado é com bate-bola. É dele a seguinte postagem em redes sociais: "Fortaleza foi escolhida uma das cidades-sede da Copa do Mundo de Futebol Feminino 2027, caso o Brasil seja escolhido como sede". Ou seja, depende, né?

*O bom velhinho*

Soma R$ 325 mil o edital que a Secultfor lançou para o ciclo de atividades natalinas deste ano em Fortaleza. O valor teve acréscimo significativo em relação ao de 2022, que foi de R$ 250 mil. Mas, no presépio político, há quem ache que Papai Noel só virá mesmo em 2024. Em outubro.

*Trincheiras*

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A Coluna do Roberto Maciel (sábado, 7.10):

*O que é público precisa ter uma razão de ser*

A tarefa essencial das instituições públicas é servir à sociedade. É para isso que são públicas, numa obviedade que, admitimos, soa estrondosa. Não devem se portar assim só nas tarefas formais, comezinhas mesmo, previstas nos estatutos, mas abrindo-se à transparência, à participação e à colaboração popular. A Assembleia Legislativa realizará no próximo dia 22 uma série de atividades voltadas para a comunidade, numa iniciativa que atesta novas compreensões e perspectivas de diálogo. A proposta recebeu a denominação de "Vem pra Alece" e é abarcada por um projeto maior, o "Movimento Parlamento Aberto". Diz o presidente da Casa, deputado Evandro Leitão: "Estamos dando uma dinâmica para a população, sobretudo fortalezense, de estar conhecendo o parlamento e as atividades desenvolvidas pelos 46 deputados. O evento vem na perspectiva de fortalecer a cidadania, a garantia dos direitos e da nossa democracia". Todos os setores da Assembleia estão mobilizados para o esforço.

*Livro de cabeceira*

A propósito, já está circulando o livro "Gestão, Governança e Produção Legislativa". Trata-se de um trabalho pra lá de alentado sobre tudo o que se fez na Assembleia entre 2019 e 2022. A coordenação e o desenvolvimento do projeto ficaram a cargo do diretor Legislativo da Alece, Fabrício Machado, à frente de uma equipe multidisciplinar de profissionais. "Essa produção técnica possui o intuito de oferecer informações essenciais, com foco na praticidade, para consulta rápida e eficaz", observa Fabrício.

*Quebra o galho, Sarto!*

Se a gestão do prefeito José Sarto (PDT) adotar uma estratégia de poda e conservação da cobertura vegetal de Fortaleza, identificando árvores danificadas ou doentes, que ameaçam vidas e patrimônios, estará prestando significativo serviço aos cidadãos. A cada semana, sobretudo nestes meses de ventos fortes, multiplicam-se episódios de galhos partidos e árvores desabadas.

*Conversa mole*

O deputado Luiz Henrique, que se denomina "apóstolo", pôs para tramitar na Assembleia projeto com o qual visa a garantir aos templos "a liberdade para atribuir o uso e distribuição de seus espaços internos e externos, e de suas dependências, incluindo banheiros e vestuários, conforme suas concepções religiosas". É só papo-furado, conversa fiada, miolo de pote.

*Tempo e dinheiro jogados fora*

Luiz Henrique nutre a fake news dos "banheiros unissex", que passariam a ser impostos para homens e mulheres. O que há, na verdade, é uma resolução de 19 de setembro sobre as escolas disponibilizarem banheiros individuais, independentemente do gênero de quem os usa. É um documento do Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Trans, Queers e Intersexos, que não tem força de lei. Em resumo: o deputado quer criar uma lei para confrontar algo que não é lei.

*Coincidência, só coincidência*

O local onde foram assinados os três médicos na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, fica a menos de 300 metros de um condomínio muito famoso nos arredores. É onde morava o ex-PM Ronnie Lessa, acusado de matar a vereadora Marielle Franco. Também é lá onde têm casas o ex-presidente Jair Bolsonaro e o filho 02 dele, o vereador Carlos "Carluxo".

*Sorria, você está sendo filmado*

Vereador-bolsominion, Pedro Matos (PL) quer impor ao contribuinte mais um custo. É dele projeto que propõe a implantação de equipamentos de videomonitoramento em conselhos tutelares de Fortaleza. Matos não indica o quanto seria gasto no sistema. Mais valia teria ums proposta de esclarecimento à população sobre a importância dos conselhos e dos conselheiros na defesa do Estatuto da Criança e do Adolescente.

*Por aí*

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COLUNA 10.10

*Sinal de tempos novos: comércio exterior se recupera*

Atento na divulgação e celebração de números positivos, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve chegar ao fim deste ano com superávit comercial de US$ 90 bilhões nos negócios internacionais. EsTima-se que somente em setembro passado o montante foi de US$ 9 bilhões - somando-se a US$ 62,4 bilhões acumulados desde janeiro. De modo simplificado, isso significa que Lula terá conseguido reverter danos graves da política bolsonarista que isolou o Brasil nos cenários externos - num ciclo que impôs ao País dependência, vulnerabilidade e incapacidade de negociar com condições de equilíbrio com outras nações. E se tiver revertido, de fato, terá obtido um feito surpreendente entre líderes de países com problemas de caixa. Diante das perspectivas, torna-se importante questionar de que modo o ganho vai ser compartilhado com municípios e estados - e, de todo modo, com a sociedade. Sem esclarecer isso, qualquer animação perde o sentido.

*Zurrou*

A frase a seguir foi proferida em outubro de 2020 e saiu da cabeça descerebrada de Ernesto Araújo, discípulo que o astrólogo Olavo de Carvalho plantou no governo Bolsonaro para comandar o Ministério das Relações Exteriores: "O Brasil hoje fala de liberdade através do mundo. Se isso faz de nós um pária internacional, então que sejamos esse pária". Três anos depois, o Brasil não é mais pária e vem reconquistando espaços, crédito e parcerias.

*Lixo verbal*

A fala de Ernesto Araújo, sujeito que tanto causou problemas às interações do País no comércio exterior e em outras frentes da diplomacia, se seguiu de outra que, não bastando, agrediu parceiros e pôs a honestidade alheia sob desconfiança. "Talvez seja melhor ser esse pária deixado ao relento, deixado de fora, do que ser conviva no banquete no cinismo interesseiro dos globalistas, dos corruptos e semicorruptos".

*Meio errado*

E, pela curiosidade, registre-se o neologismo "semicorrupto". Deve ser referência a quem é corrupto só do lado esquerdo do corpo. Os com problemas à direita escapam, considerando o currículo do autor da palavra.

*Casa de ferreiro, espeto de pau*

O prefeito José Sarto faria bem à humanidade, ou ao menos ao fortalezense, se passasse a aceitar como prova de residência documentos emitidos pela própria Prefeitura. Os boletos do IPTU, por exemplo. Fortaleza deve ser a única cidade do mundo que não reconhece como válidos para atestar moradia documentos que ela mesma expede.

*Elmano gente-fina*

O governador Elmano de Freitas não perde a oportunidade de anunciar que está para assinar acordo com a União. A ideia é garantir mais uma parcela de precatórios para profissionais da educação. Nas contas de Elmano, R$ 898 milhões serão repassados pelo Governo Federal para o Estado. Desse valor, mais de R$ 538 milhões irão para os professores da rede pública. O restante vai para o desenvolvimento de escolas de tempo integral.

*Cantos*

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COLUNA QUINTA, 12.10

*Informação qualificada é alimento essencial à sociedade*

Jornalistas de todo o País vão fazer corpo-a-corpo com deputados e senadores. A mobilização será de 24 a 26 deste mês. A expectativa é de que seja significativa. Dirigentes da Federação Nacional dos Jornalistas e de sindicatos de trabalhadores elegeram a estratégia de marcação cerrada sobre os parlamentares pela aprovação da PEC 206/2012. Trata-se de matéria que restabelece a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão - que havia sido derrubada pelo Supremo Tribunal Federal, mediante parecer do ministro Gilmar Mendes, 14 anos atrás, por oito votos contra um - o do então ministro Marco Aurélio Mello foi o único a divergir do relator. A decisão do STF foi alcançada após pressão intensa, constante e inarredável das grandes corporações da Imprensa, que viam na exigência do diploma um elemento que "encarecia" os custos de produção. A "Folha de S.Paulo" e "O Estado de S. Paulo" foram decisivos na cobrança do fim do diploma. O preço alto da decisão já vem se fazendo sentir por abusos, erros formais e desastres éticos, pela desqualificação do jornalismo e pela inescapável perda de público pelas empresas.

*Bomba, bomba!*

Vale observar: no parecer, Gilmar Mendes comparou jornalistas a chefes de cozinha. Ele alegou que, como chefes não precisam de diploma para fazer comida, jornalistas também não precisariam para produzir notícias. Foi graças a essa decisão que Wellington Macedo, o terrorista que tentou explodir o aeroporto de Brasília, obteve registro profissional.

*Do contra*

Da bancada do Ceará, somente a minoria bolsonarista é favorável à não-obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo. Os parlamentares de direita falam em "liberdade de expressão".

*Quem é quem*

A PEC 206/2012 tem a assinatura do ex-senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE). Paralelamente, tramita na Câmara proposta que torna novamente obrigatória a necessidade de curso superior específico para jornalista. Esse segundo texto é do então deputado Paulo Pimenta (PT-RS), hoje secretário da Comunicação da Presidência da República.

*O amor está no ar!*

Lula é um prodígio - uma versão nordestina e barbuda de Afrodite, deusa grega do amor, só pode. Segundo o filho 04 do ex-presidente Jair Bolsonaro, é por culpa de Lula que tem-se atribuído a ele uma relação homoafetiva com um ex-assessor. Jair Renan Bolsonaro nem pisca quando conta essa lorota.

*Encantado*

Começa às 9 horas e segue até às 18 horas a programação que o Centro Dragão do Mar criou para a criançada se esbaldar de diversão hoje. As opções incluem visitas ao Planetário, oficinas de pintura, narração de histórias, cinema, exposição, origami e oficina de brinquedos.

*Elmano gente-fina*

O governador Elmano de Freitas não perde a oportunidade de anunciar que está para assinar acordo com a União. A ideia é garantir mais uma parcela de precatórios para profissionais da educação. Nas contas de Elmano, R$ 898 milhões serão repassados pelo Governo Federal para o Estado. Desse valor, mais de R$ 538 milhões irão para os professores da rede pública. O restante vai para o desenvolvimento de escolas de tempo integral.

*Cantos*

A Coluna do jornalista Roberto Maciel é publicada às terças e quintas-feiras e aos sábados no jornal Opinião (www.opiniaoce.com.br) e no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br). Os textos também são veiculados no site https://bit.ly/3q4AETZ.

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Colunas novembro/2022

TERÇA, 1.11

*Lula: cercado de expectativas e com muito o que fazer*

Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-operário que um dia saiu do Nordeste para tentar a vida em São Paulo, menino ainda, embarcado como retirante num caminhão pau-de-arara, retornará à Presidência da República 12 anos após tê-la deixado e transmitido o poder para a sucessora, Dilma Rousseff. Lula conquistou domingo mais uma façanha histórica: torna-se, pela terceira vez, presidente de todos os brasileiros - é aí que está uma das mais largas diferenças em relação ao antecessor, como veremos abaixo. Como gosta de dizer, "nunca antes na história desse País" um trabalhador chegou tão longe e com tamanho apoio popular. Vai reassumir cercado de expectativas, necessidades e cobranças. E é importante que não perca isso de vista. A festa que desde domingo toma conta do País vai ter de ser amenizada o mais rapidamente possível. Vai precisar terminar. E há muito trabalho, muito mesmo, a se fazer.

*Palavras de um*

Fala do atual presidente da República: "Para onde nós iremos cedendo às minorias? As leis existem, no meu entender, para proteger as maiorias. As minorias têm que se adequar".

*Palavras de outro*

Fala de Lula: "A partir de 1º de janeiro de 2023 vou governar para 215 milhões de brasileiros e brasileiros e não para apenas aqueles que votaram em mim (...). Esse povo não quer mais brigar. Esse povo está cansado de chegar no outro inimigo e ser temido ou destruído. É hora de baixar as armas que jamais deveriam ter sido empunhadas".

*Inútil curiosidade*

Lula, com o número 13, será o 39º presidente do Brasil. Foi eleito para o cargo pela terceira vez. Faça as contas: 39 divididos por 3 dá 13. Sabe o que isso significa? Nada, absolutamente nada.

*Luto*

Amanhã é Dia de Finados - uma data tristemente emblemática para um País que perdeu, por falta de políticas sérias e responsáveis, 690 mil vidas para a covid-19. A letalidade da pandemia poderia ter sido atenuada se, em vez de se tentar impor tratamentos inócuos aos pacientes, tivesse sido implementada pela União uma ação rápida para a aquisição de vacinas e estruturação de serviços hospitalares.

*Os fatores da soma*

A primeira morte confirmada pela covid-19 no Brasil ocorreu, segundo o Ministério da Saúde, em 12 de março de 2020. A vítima havia sido uma mulher de 57 anos, que estava internada num hospital de São Paulo. Desde então, são quase três anos de luto, apreensão, saudade e revolta.

*Fim da linha*

O deputado Heitor Férrer (UB) está defendendo que se forme uma comissão de transição entre a gestão de Izolda Cela - que termina em 31 de dezembro - e a de Elmano Freitas - que começa em 1º de janeiro. Mas é só conversa mole. Comissões assim são criadas em situações de divergência. E oposição, vamos combinar, não é o caso do Governo do Ceará. Em tempo: Heitor não foi reeleito para novo mandato.

*Aqui e acolá*

Esta Coluna é publicada no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br) e no jornal Opinião (www.opiniaoce.com.br). Os textos estão, ainda, no site https://bit.ly/3q4AETZ. O jornalista Roberto Maciel também participa do podcast Papo de Cabeça, no YouTube (https://bit.ly/3cP1JHu) e nas plataformas Deezer e Spotify. O Papo de Cabeça, produzido em parceria com o jornalista Maurição Lima, aborda notícias, entrevistas e análises políticas.

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QUINTA, 3.11

*Militância já se manifesta sobre sucessão de Lula*

Não é o caso de se contar com o ovo ainda na galinha, mas despontam em fóruns de discussão e grupos de trocas de mensagens indicadores de que a política progressista já está atenta à sucessão de Luiz Inácio Lula da Silva. Será em 2026. Hoje com 77 anos de idade, o petista chegará ao fim do mandato - que se inicia em 1º de janeiro próximo - com 81 anos. E, não só considerando a justa, merecida e necessária aposentadoria, mas também a demanda de renovação política, Lula anunciou que não se recandidatará. Ou seja, deixou nas entrelinhas que correligionários e aliados devem, de pronto, pensar em novos nomes. Esse é um exercício da democracia. Resta saber quem terá mais fôlego, disposição e musculatura para enfrentá-lo.

*Hoje*

No cenário atual, pelo menos quatro opções são aventadas por petistas e parceiros: o ex-governador e senador eleito Camilo Santana (PT), o senador Flávio Dino (PSB-MA), a senadora Simone Tebet (MDB-MS) e o advogado e deputado federal eleito Guilherme Boulos (PSOL-SP). Todos terão, no Congresso, chances de se projetarem como formuladores e articuladores.

*Canto direito do ringue*

No lado oposto, fala-se com maior ênfase em Romeu Zema (Novo), reeleito governador de Minas Gerais, mas há quem defenda mais uma tentativa com Jair Bolsonaro (PL) - nesse caso, a depender dos desgastes no pós-Planalto. Ou mesmo com um dos três filhos políticos do presidente, se se pretender fazer acenos mais radicais à direita extrema.

*Nem lá na cá*

E há cartas fora do baralho? Há, sim. E muitas. A mais citada, porém, é o ex-governador e ex-ministro Ciro Gomes (PDT). Ciro teria cultivado desconfianças na esquerda, na direita e no centro. Destruiu navios e queimou pontes. É o elemento 3C: comportamento, compostura e confiança.

*Papo*

As comissões técnicas permanentes da Assembleia Legislativa terão pautas hoje. Embora não sejam espaços para a retórica comum do plenário, as atividades das comissões neste período pós-eleitoral tendem a abrir espaços para muita falação. Assunto é o que não falta.

*Foi longe*

E a pauta principal da Assembleia tem sido desde segunda-feira não apenas a eleição presidencial, vencida por Luiz Inácio Lula da Silva com estreitíssima margem de votos, mas o desempenho do Ceará em apoio ao petista. Lula ganhou em todos os 184 municípios do Estado, alcançando astronômicos 69,97% dos votos.

*Assinaturas*

O passeio de Lula pelas urnas do Ceará teve as grifes da governadora Izolda Cela, do senador eleito Camilo Santana e do governador eleito Elmano de Freitas, com participação do senador Cid Gomes (PDT). Essa conjução sinaliza para reaproximação em 2024?

*Sem fronteiras*

A Coluna do Roberto Maciel está em diversas plataformas. É publicada no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br) e no jornal Opinião (www.opiniaoce.com.br) e os textos estão, ainda, no site https://bit.ly/3q4AETZ. O jornalista também participa do podcast Papo de Cabeça, no YouTube (https://bit.ly/3cP1JHu) e nos aplicativos de áudio Deezer e Spotify. O podcast, produzido em parceria com o jornalista Maurição Lima, aborda notícias, entrevistas e análises políticas.

*Roberto Maciel é jornalista*

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SÁBADO, 5.11

*Bolsonaro usa palavras para não falar o que deseja*

A suscinta e retoricamente paupérrima manifestação do presidente Jair Bolsonaro (PL) na última segunda-feira, reconhecendo a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições deste ano, não revela só incapacidade de articular argumentos. A fala indica, acima de tudo e de todos, uma tentativa extrema de, buscando assumir a liderança da direita radical, se proteger das consequências cabíveis ao fim do mandato. O sucessor já o advertiu até que derrubará os sigilos de 100 anos sobre documentos, agendas e medidas imposto por Bolsonaro como forma de sonegar ao público informações sensíveis - como, por exemplo, reuniões com pastores acusados de cobrar propinas em ouro no Ministério da Educação. A equação diante de Jair Bolsonaro é até simples: se mantiver em torno dele um séquito e uma legião de amparadores capazes de, por exemplo, gerar caos nas estradas, pode preservar a blindagem que (ainda hoje) tem.

*Coisa ruim*

A articulação com arruaceiros que se dizem caminhoneiros, que pôs em risco a segurança e a saúde das pessoas, o abastecimento de alimentos e outros direitos básicos, serve como ameaça às instituições. Como uma sombra permanente sobre o necessário e indispensável ambiente democrático.

*Foice*

Jair Bolsonaro entra para a história não apenas como o presidente em cuja gestão, por falta de vacinas e por abundância de fake news, morreram mais de 690 mil pessoas vítimas da covid-19. Entra também como o único a não se reeleger após a instituição da renovação de mandato. FHC, Lula e Dilma ganharam segunda chance. Temer, golpista, nem tentou. Jair já foi.

*Tudo junto...*

Passou na Comissão de Constituição, Justiça e Redação da Assembleia Legislativa proposta de Emenda Constitucional que unifica fundos de financiamento de programas, projetos e ações para âmbito da Política da pessoas com deficiência no Estado. A PEC é de autoria do Poder Executivo.

*...E misturado*

A perspectiva é de que as mudanças facilitem aspectos sociais da gestão de Elmano de Freitas (PT). Não somente na desburocratização, mas na agilidade de implementação de medidas. Detalhe: a PEC propõe a eliminação de termos como "portadores de deficiência" e "excepcionalidade física e sensorial", que, nas normas legais do Estado, podem suscitar preconceito.

*Viver é melhor que sonhar*

Está a um compasso de ser oficializado no Calendário de Eventos do Estado o Dia da Música Cearense. Projeto do deputado Queiroz Filho (PDT) define 26 de outubro - data do nascimento do genial Antônio Carlos Belchior - como referência cultural.

*Cuida!*

A Coluna do Roberto Maciel é publicada no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br) e no jornal Opinião (www.opiniaoce.com.br). Os textos também são disponibilizados no site https://bit.ly/3q4AETZ. O jornalista participa, ainda, do podcast Papo de Cabeça, no YouTube (https://bit.ly/3cP1JHu) e nas plataformas Deezer e Spotify. O Papo de Cabeça, produzido em parceria com o jornalista Maurição Lima, aborda notícias, entrevistas e análises políticas.

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TERÇA, 8.11

*A transição de Elmano*

Para serem fluidas, eficientes e positivas, transições entre gestões estão invariavelmente subordinadas ao diálogo, ao respeito e à qualificação profissional. Isso serve tanto para atividades públicas quanto para da inciativa privada. Dependem menos de aproximações ou semelhanças conceituais ou ideológicas, e mais de honestidade de propósitos e de responsabilidade. Essa rápida observação se refere aos grupos que cuidarão da passagem de poder do governo de Izolda Cela para o de Elmano de Freitas no Ceará. Há sintonias políticas entre os grupos, não se questiona isso, mas acima do alinhamento estão os conteúdos e experiências de ambas as bancadas. É justo mencionar que os currículos das equipes, coletiva ou individualmente, permitem projeções otimistas. Mas é fundamental que, ultrapassando o mero, bucólico, romântico e simplista campo da harmonia, encontre-se um ponto técnico sobre o qual se firmem os interesses do Ceará.

*Convergência*

Há um fórum importante que não está sendo ignorado na transição do Governo do Ceará: o Poder Legislativo. Representantes de Elmano de Freitas - quando não o próprio - têm tido encontros com diferentes alas da Assembleia. Elmano diz buscar relações de parceria com o Parlamento. "Relações republicanas", afirma.

*O outro lado*

E é importante que a transição local esteja muito atenta à transição federal. O fato é que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva não receberá o bastão do de Jair Bolsonaro de forma tão respeitosa quanto deve ser. Nem tão organizada.

*Rombo ou tombo?*

A estarrecedora informação de que o buraco deixado por Bolsonaro nas contas públicas - cerca de R$ 400 bilhões, segundo o ex-ministro Henrique Meirelles, integrante da comissão de Lula - serve de referência para que se antevejam os dias turbulentos que virão, nos quais o rombo pode se transformar em tombo.

*Expectativa*

Entre analistas políticos, há quem defenda a tese de que não é só o ranço de Bolsonaro contra Lula que causa mal-cheiro na transição no Planalto. Também existem demandas de criação de cortinas de fumaça. "Para cada desmando descoberto deve aparecer como resposta, um ataque, uma provocação ou uma acusação", estima observador, acrescentando: "Mesmo que seja uma fake news".

*A registrar*

Trecho de artigo do jurista Pedro Telles no site Uol: "No campo da esquerda, o desafio é reconstruir a capacidade de pautar o debate público mesmo que isso signifique questionar posturas do novo governo Lula, e fazê-lo de forma hábil para evitar armadilhas. Com a dominância da voz da extrema direita ao longo dos últimos anos, normalizamos absurdos que precisam voltar a ser vistos como absurdos".

*Sons*

Vem aí a edição 2022 do Festival Canoa Blues - o único exclusivamente voltado para o gênero no Ceará. Neste ano, as atrações são X'Roll, David Tanganelli, Roberto Lessa Trio, Nanda Moura, Felipe Cazaux e Caíke Falcão. Governo do Ceará e Assembleia Legislativa patrocinam o evento, que se realiza em 25 e 26.11 (Canoa Quebrada) e 10.12 (Fortaleza, no BNB Clube). Mais informações em www.canoablues.com.br.

*Aqui e acolá*

Além do jornal Opinião, esta Coluna é publicada no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br). Os textos estão, ainda, no site https://bit.ly/3q4AETZ. O jornalista Roberto Maciel também participa do podcast Papo de Cabeça, no YouTube (https://bit.ly/3cP1JHu) e nas plataformas Deezer e Spotify. O Papo de Cabeça, produzido em parceria com o jornalista Maurição Lima, aborda notícias, entrevistas e análises políticas.

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QUINTA, 10.11

A experiência do Ceará contra a fome pode bater à porta de Lula

Quando tomar posse, em 1º de janeiro, o novo governador do Ceará terá na pauta a manutenção do Cartão Mais Infância. A ação é uma lição de como se combater a miséria. Elmano de Freitas receberá a gestão de Izolda Cela com a obrigação de assegurar o benefício para uma legião de famílias que depende das políticas públicas para comer. Hoje, há cerca de 150 mil famílias atendidas pelo Mais Infância - o que chega perto de 750 mil cearenses - recebendo R$ 100 mensais. Nos últimos cinco anos, a proposta mobilizou R$ 424 milhões. O centro das atenções são crianças de zero a seis anos de idade em situação de vulnerabilidade. E veja só: as boas relações com o novo comando do Planalto põem no menu de Elmano uma chance que Camilo Santana e Izolda não tiveram - a de indicar a experiência local como opção para o País. Os números, afinal, atestam o quanto vale para a população o investimento do Estado. Mais, até: mostram o quanto empatia e responsabilidade valem para a políticas.

*Cinco letras que choram*

O mergulho do presidente Jair Bolsonaro (PL) após a derrota nas urnas indica, para seguidores mais fanáticos, que o líder largou o rebanho. E isso, para alguns, aponta para uma gravíssima lacuna de comando. Abandono assim, entre militares, é impensável. É falta punível pela lei marcial.

*Uns*

Alguém ouviu uma palavra de Bolsonaro em defesa da deputada Carla Zambelli (PL), que escapuliu para os Estados Unidos ao farejar a possibilidade de ser presa por ameaçar pessoas com uma arma? E sobre o julgamento que se realiza agora da ex-deputada Flordelis, acusada de mandar matar o marido?

*Outros*

E sobre Gabriel Monteiro, o ex-vereador preso por abusos sexuais? E sobre Douglas Garcia, deputado estadual de São Paulo que intimidou jornalista e que agora pede falência à Justiça? Bolsonaro manifestou pesar à família do ex-ator Guilherme de Pádua, assassino do atriz Daniela Perez, morto por infarto nesta semana?

*A realidade*

Esses são os casos rumorosos mais recentes com bolsonaristas. Sem contar com o súbito interesse dos filhos Flávio e Eduardo de, com a cidadania italiana, sair do País. Diante do abandono, muitos que teimam em empunhar bandeiras nas ruas, chorando e orando por Bolsonaro, correm o risco de enfrentar um forte choque de realidade: o saber que, mais do que a eleição, perderam o líder.

*Análise*

Trecho de artigo do jornalista Josias de Souza, do site UOL, sobre o sumiço do presidente da República: "Lula é compelido pelas circunstâncias a governar antes de tomar posse. Recluso no Alvorada, Bolsonaro já não administra adequadamente nem os seus rancores". Irretocável.

*Arte*

A edição 2022 do Festival Canoa Blues começou ontem, com atividade de arte-educação para crianças e adolescentes de Canoa Quebrada. Trata-se de curso com o artista plástico Gleidson Santos, natural da comunidade, que trabalha com areia colorida. Neste ano, as atrações musicais do festival são X'Roll, David Tanganelli, Roberto Lessa Trio, Nanda Moura, Felipe Cazaux e Caíke Falcão. Governo do Ceará e Assembleia Legislativa apoiam o Canoa Blues, que terá shows em 25 e 26.11 (Canoa Quebrada) e 10.12 (Fortaleza, no BNB Clube). Leia mais em www.canoablues.com.br.

*Aqui e acolá*

Esta Coluna é publicada também no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br). Os textos podem ser lidos no site https://bit.ly/3q4AETZ. O jornalista Roberto Maciel ainda participa do podcast Papo de Cabeça, no YouTube (https://bit.ly/3cP1JHu) e nas plataformas Deezer e Spotify. O Papo de Cabeça, produzido em parceria com o jornalista Maurição Lima, aborda notícias, entrevistas e análises políticas.

COLUNA SÁBADO, 12.11

*O Ceará à frente da transição energética*

A governadora Izolda Cela vai deixar para o sucessor, Elmano de Freitas (PT), uma expectativa pra lá de positiva nos campos ambiental e econômico. É que ela firmou no Egito, onde se realiza a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27), protocolo de intenções para a implantação de uma usina de hidrogênio verde no Complexo do Pecém. Assinado com uma multinacional de origem australiana, a Fortescue Future Industries, o acordo estima a geração de 2,5 mil empregos na fase de construção da unidade e 800 na fase de operação. O investimento previsto é de US$ 6 bilhões. Izolda está, assim, dando sequência a uma política definida na gestão de Camilo Santana - a da transição energética a partir do fim da emissão de carbono para a atmosfera. E a oportunidade também se coloca para Elmano. O cenário soma da preservação do ambiente com a otimização de recursos. E, com doses fartas de tecnologia e ciência, põe o Ceará na vanguarda da transição energética.

*Êxito*

A Rua Grande ficou pequena. Iniciada ontem, com agenda até amanhã, a quinta edição do Festival de Gastronomia e Cultura do Aracati está recebendo cerca de 10 mil visitantes a cada noite na Rua Coronel Alexanzito, a "Rua Grande". A estimativa é da Prefeitura. No fim das contas, encerrado o Festival, será como se um a cada habitante da cidade tivesse passado por lá.

*Rodas e corrente*

Pedalou pela Comissão de Constituição e Justiça e Redação da Assembleia Legislativa do Ceará projeto que garante aos passageiros o direito de transportar de bicicletas nas estações e nos vagões do VLT. A proposta é do deputado Renato Roseno (PSOL). Vai seguir agora para o plenário.

*Surreal*

Por incrível que pareça, um fundamento do transporte público - a integração entre modais - estava sob ameaça por falta de legislação específica. Não havia nada que assegurasse aos usuários a possibilidade de contemplar no mesmo itinerário bicicleta e metrô.

*Diálogo*

As chances de Evandro Leitão (PDT) obter novo mandato como presidente da Assembleia se reforçam com um elemento básico: a política de portas abertas. No mandato atual, o deputado conseguiu se relacionar proativamente com parlamentares de todos os partidos. E isso conta ponto.

*Pontos*

A Coluna do jornalista Roberto Maciel é publicada no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br) e no jornal Opinião (www.opiniaoce.com.br). Os textos também são disponibilizados no site https://bit.ly/3q4AETZ. O autor participa, ainda, do podcast Papo de Cabeça, no YouTube (https://bit.ly/3cP1JHu) e nas plataformas Deezer e Spotify. O Papo de Cabeça, produzido em parceria com o jornalista Maurição Lima, aborda notícias, entrevistas e análises políticas.

*Roberto Maciel é jornalista*

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COLUNA TERÇA-FEIRA, 15.11

*Diferenças que não são detalhes*

Anote essa frase: "Somos um país cristão. (...) Vamos fazer o Brasil para as maiorias. As minorias têm que se curvar às maiorias. As minorias se adequam ou simplesmente desaparecem". Agora, veja essa: "Eu queria dizer pra vocês: os perdedores vão ter o direito de escrever e vão ter o direito de participar desse processo de transição e dessa governança". Garimpamo-as em passagens distintas do noticiário para oferecer ao leitor um ponto de reflexão no momento político atual. Há uma oposição nítida de sentidos, princípios e propósitos das falas de que as proferiu e é a isso que pegamos aqui.

*Eriçado*

A primeira foi registrada em 2017. É do então deputado federal Jair Bolsonaro, eriçado pelo crescimento da direita no País após o impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

*Sentimentos*

Impulsionado por declarações assim - e nutrido por rancor, preconceito e ressentimento -, Bolsonaro se elegeu presidente um ano depois. E já atestava ali que não dava a mínima para a tão falada pluraridade brasileira.

*Visão*

A outra é do ex-presidente (2003-2010) e presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Foi destacada em discurso para parlamentares e representantes sociais em atividade da equipe de transição, na última quinta-feira. Lula quer fixar a ideia de que reconhece o direito a divergências e a opções.

*Contrário*

Há um movimento claro de Lula para se mostrar tolerante e agregador, capaz de assegurar espaços para todas as correntes na definição de destinos do País. Mas não se trata só de um esforço comezinho. É, muito, a exposição da necessidade de se mostrar além e acima de quem vai suceder.

*Para refletir*

Há muito tempo a comemoração da Proclamação da República não enfrentava ventos tão anti-republicanos quanto os de agora. A imundície golpista é ameaça séria à Democracia e à integridade moral do País.

*Modernidade*

Atento às novas tendências do mercado, o Sebrae-CE desenvolveu curso para fortalecer vendas no aplicativo Instagram. Há duas turmas neste mês: uma amanhã e outra na quarta-feira (17). Sabe onde as aulas serão ministradas? No app WhatsApp. Confira em https://lp.sebraeceara.com.br/curso-instagram-vendedor.

*Tente outra vez*

Começou a campanha para vereador. Só pode. O deputado Tony Brito (UB) usou tempo na tribuna da Assembleia para pedir investimentos, obras e políticas públicas para o bairro do Conjunto Ceará, em Fortaleza. Discurso incomum na Casa, mas muito adequado à Câmara Municipal. Candidato à reeleição este ano, Tony não acertou o alvo: recebeu 32.486 votos e ficou na suplência.

*Frentes*

O jornalista Roberto Maciel escreve Coluna no jornal Opinião (www.opiniaoce.com.br) e no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br). Os textos também estão no site https://bit.ly/3q4AETZ. O autor participa, ainda, do podcast Papo de Cabeça, no YouTube (https://bit.ly/3cP1JHu) e nas plataformas Deezer e Spotify. Produzido em parceria com o jornalista Maurição Lima, o Papo de Cabeça faz entrevistas, aborda notícias e veicula análises políticas.

*Roberto Maciel é jornalista*

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COLUNA 17.11 (QUINTA-FEIRA)

*A covid não dá trégua e o sumiço de Bolsonaro é, mais do que risível, preocupante*

Jair Bolsonaro, a despeito de ser o presidente da República, sumiu, desapareceu, escafedeu-se. E, diferentemente do alívio que poderia representar em outras circunstâncias, isso é preocupante. O fato de abandonar graves e urgentes tarefas institucionais pode indicar duas hipóteses, não mais do que isso: 1) ou está tramando algo, considerando-se manifestações golpistas que infectam o País, estradas e entradas de quarteis; ou 2) está reconhecendo a patológica incapacidade de conviver com a Democracia e com a compostura do cargo. Tem-se notado uma ampla mobilização nos meios progressistas para inibir qualquer agressão ao Estado Democrático de Direito, inclusive com alertas internacionais, mas é necessário que se projete e consolide outra resistência interna. Não como medida paranóica ou belicosa, mas como defesa estratégica dos direitos do cidadão.

*A história se repete*

Explicando: essa omissão final de Bolsonaro se registra quando paira sobre o País a ameaça da variante do coronavírus Pi e da subvariante QB.1. Associada a possíveis aglomerações estimuladas pela Copa do Mundo de Futebol, que começa no próximo domingo (20.11), uma nova onda da covid pode ser, como as anteriores, catastrófica.

*Lacunas*

De 31 de outubro a 15 de novembro - data de festejos cívicos pela Proclamação da República -, Bolsonaro só teve 17 compromissos oficiais. Não foram mais do que 10 horas de trabalho, considerando o tempo previsto para cada pauta.

*O mesmo caminho*

Mesmo com o recrudescimento da covid - que desde 2020 matou cerca de 689 mil brasileiros -, Jair Bolsonaro se reuniu com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, somente uma vez neste mês. Foi no último dia 9. E gastou nisso só 30 minutos. Abandonar o País à própria sorte é confirmar de uma vez por todas a propalada vocação genocida.

*Mal menor*

No período após a derrota para Lula, Jair Bolsonaro não foi uma vez sequer ao cercadinho do Palácio da Alvorada para empanturrar seguidores de factóides - o que se habituou a fazer desde quando foi empossado, em 2019.

*Zero mais zero é igual a zero*

Os filhos do presidente também estão inexplicavelmente quietos. O zero-um e o zero-três (o senador Flávio Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro) só apareceram na Imprensa por terem requerido, sem esclarecer razão e pressa, cidadania italiana. O zero-dois (o vereador Carlos) e o zero-à esquerda (o desempregado Jair Renan) nem isso.

*Fuga*

No Ceará, o único bolsonarista que faz enxame nas redes sociais é o senador Luís Eduardo Girão, o vulgo "Paz & Bem", conhecido ainda por acreditar em discos voadores. Em nenhuma postagem defende ações na área da saúde. Outros bolsominions, como os deputados André Fernandes, Noélio Oliveira, Francisco Cavalcante e Wagner Sousa, também tomaram chá de sumiço.

*Som e letras*

O festival Canoa Blues, que tem sessões em 25 e 26 próximos em Canoa Quebrada e em 10 de dezembro em Fortaleza (BNB Clube), tem na agenda a doação de livros para entidades do terceiro setor que atuam na comunidade. Também está programado lançamento do livro Para Belchior com Amor, coletânea de textos inspirada pela obra do compositor Antonio Carlos Belchior.

*Roberto Maciel é jornalista*

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COLUNA 19.11 (sábado)

*Projeto do Fundeb contempla justiça, maturidade e diálogo*

A Assembleia do Ceará aprovou nesta semana projeto que viabiliza o pagamento do antigo Fundef a professores da rede estadual. Poderia ser um medida comezinha, mas está longe disso. Primeiro, por fazer justiça com uma categoria que, apesar de muito empenho e trabalho, vez por outra se vê atacada por maltratadores da razão, torturadores do saber e boicotadores do futuro - os que enxergam uma inexistente "ideologia de gênero" nas escolas estão entre esses. Depois, por resultar de um maduro e inteligente diálogo entre os poderes Executivo e Legislativo - a matéria foi enviada pela governadora Izolda Cela, tramitou com urgência na Alece e chegou ao plenário com agilidade.

*Aos mestres com carinho*

Professores e professoras atravessarão os festejos de fim de ano desempacotando um presentão. O projeto do Governo do Estado destinou R$ 709,2 milhões para docentes em efetivo exercício de agosto de 1998 a dezembro de 2006. Isso tudo sem incidência do IR e com correção por juros de mora.

*Bem comum*

Outra parte do dinheiro, correspondente a R$ 472,8 milhões, será usada para outras ações de melhoria da educação. Entre essas, investimentos em estrutura para ampliação da educação em tempo integral.

*Jair e Girão*

Resumo da ópera: num País em que o presidente da República já reclamou de que "livros têm muita coisa escrita" e que um senador atacou "professores que dão aula 'lombrados'" nem tudo está perdido. Ufa!

*Também passou na Alece projeto do deputado bolsominion Carlos Matos (UB) propondo a criação de um "Programa Estadual de Saúde Mental e Atenção Psicossocial Pós-Pandemia". A ideia é tratar quem tenha transtornos de estresse pós-traumático, depressão, ansiedade, pânico, tendências suicidas ou outros transtornos psicossociais congêneres devido à pandemia de covid-19. Poderia abarcar também que sofre com revezes eleitorais, por quê não?

*Turismo é prato cheio*

Movimentou 30 mil visitantes - 10 mil por dia, em média - o V Festival de Gastronomia e Cultura do Aracati. O evento tem peso e medida para servir como exemplo de política pública. Afinal, se tornou marco importante do Litoral Leste e do Vale do Jaguaribe. Parte dos turistas atraídos para a Rua Grande saiu de Fortaleza, de municípios vizinhos e de cidades do Rio Grande do Norte.

*Música, lua e estrela*

A propósito do Aracati, começa na próxima sexta, 25.11, a edição 2022 do festival Canoa Blues, em Canoa Quebrada. Neste ano, o evento terá sessão em Fortaleza, em 10 de dezembro. A agenda de shows inclui Débora Marc Trio, David Tanganelli, Roberto Lessa Trio, Nanda Moura, Felipe Cazaux e Caike Falcão. Prefeitura do Aracati, Assembleia Legislativa e Governo do Ceará apoiam o Canoa Blues. Confira mais em www.canoablues.com.br.

*Frentes*

Esta Coluna é publicada aqui no jornal Opinião (www.opiniaoce.com.br) e no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br). Os textos podem ser conferidos, ainda, no site https://bit.ly/3q4AETZ. O jornalista Roberto Maciel também participa do podcast Papo de Cabeça, no YouTube (https://bit.ly/3cP1JHu) e nas plataformas Deezer e Spotify. Produzido em parceria com o jornalista Maurição Lima, o Papo de Cabeça faz entrevistas, aborda notícias e veicula análises políticas.

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Colunas dezembro/2022

COLUNA SÁBADO - 3.12.2022

*Para proteger o mar que chamamos de nosso*

Depois dos versos de José de Alencar na abertura do clássico Iracema ("Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba") e de melodias que aqui e ali marcam o cancioneiro local, ganhou forma um novo texto sobre o litoral do Estado. Mas passa longe de ser poético. Distante da criatividade artística, trata-se de uma proposta legislativa. Tem aparência árida, como é comum a matérias do gênero, mas nem por isso perde valor. Trata-se do projeto que cria a Política Estadual de Conservação e Usos Sustentáveis dos Recursos do Mar, enviado pelo Palácio da Abolição à Assembleia Legislativa. E estabelece uma série de medidas que, se implementadas de fato, contemplam sustentabilidade, defesa ambiental, economia e cultura.

*Navegação*

É curioso que, 157 anos após a primeira edição do livro Iracema, enfim o mar do Ceará ganhe uma atenção específica e técnica. O projeto da Política Estadual de Conservação e Usos Sustentáveis dos Recursos do Mar já chegou à Alece, foi lido no plenário e seguirá para as comissões na próxima semana.

*Parla!*

O necessário agora - indispensável mesmo - é que as comunidades do litoral, assim como empreendedores e representações acadêmicas, possam se pronunciar sobre a proposta e, se for o caso, apontar melhorias ou supressões possíveis.

*Limpeza*

A propósito, vale observar que de uma só vez as três mais conhecidas praias do município de Aracati - Canoa Quebrada, Majorlândia e Quixaba - receberam da Secretaria Estadual do Meio Ambiente o selo "Certificação Praia Limpa". Há, no Estado todo, 21 praias com essa referência.

*Líquida esmeralda*

Para encerrar, mais de Alencar, mais do mar cearense: "Verdes mares, que brilhais como líquida esmeralda aos raios do sol nascente, perlongando as alvas praias ensombradas de coqueiros".

*Em nome de Jesus*

A vereadora-bolsominion Francisca das Chagas Silva de Souza (mais conhecida como "Tia Francisca"), do PL, quer que a Prefeitura de Fortaleza contrate artistas de música religiosa para eventos públicos. Ela apresentou projeto em que menciona exclusivamente o gênero "Gospel". Não chegou nem perto dos batuques de Umbanda, dos pontos de Macumba nem dos cânticos gregorianos.

*Aqui e acolá*

Esta Coluna é publicada no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br) e no jornal Opinião (www.opiniaoce.com.br). Os textos também estão no site https://bit.ly/3q4AETZ. O jornalista Roberto Maciel participa, ainda, do podcast Papo de Cabeça, veiculado no YouTube (https://bit.ly/3cP1JHu) e nas plataformas Deezer e Spotify. O Papo de Cabeça é produzido em parceria com o jornalista Maurição Lima e aborda notícias, entrevistas e análises políticas.

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COLUNA TERÇA-FEIRA, 6.12

*Tá lá o corpo estendido no chão: é isso o que resta do governo Bolsonaro*

Reparou no título acima? Não é coisa deste colunista, pode crer. E, embora tenha a mão e a verve formidáveis do letrista Aldir Blanc (1946-2020), não se vincula a ele nesse momento. Quem reescreveu o verso foi o eleitor, que decidiu dar fim à gestão desastrosa e desastrada de Jair Bolsonaro. E, agora, quem o reedita é o governo norte-americano de Joe Biden. Os EUA, enviando comitiva liderada pelo conselheiro de Segurança Jake Sullivan para conversar com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sinalizam que consideram a era Bolsonaro um cadáver político insepulto. Um zumbi. Curto, grosso e seco, Biden repete Aldir Blanc e o anônimo imigrante haitiano que, em março de 2020, avisou ao feroz ex-capitão: "Acabou, você não é presidente mais".

*Mais do que 72 horas*

Os 20 dias que, constitucionalmente, sobram para Bolsonaro e sua(s) família(s) e aliados não ameaçam a Democracia. O encontro de Sullivan com Lula mostra que o principal apoiador da ditadura militar de 1964 agora repudia aventuras autoritárias. Que isso sirva de aviso grave e direto para as vivandeiras nas portas de quarteis. Concluido com Aldir: "Sem pressa, foi cada um pro seu lado/(...)/Olhei o corpo no chão e fechei/Minha janela de frente pro crime".

*Molhou a mão*

Além do mais, Bolsonaro já garantiu para si uma volumosa aposentadoria de mais de R$ 30 mil mensais como ex-parlamentar - acenada como autêntico "cala-boca", um "arrego". Pra quê mais?

*Plural*

As conjunturas e os Direitos Humanos são tema de seminário que a Assembleia Legislativa do Ceará fará na próxima quinta. Já é a terceira edição do evento, articulado pelo Escritório de Direitos Humanos e Assessoria Jurídica Popular Frei Tito de Alencar. Transição energética, clima e combate ao racismo estão na pauta.

*Empreendedorismo*

A agência Register Publicidade conquistou o primeiro lugar na categoria "Melhor Campanha de Rádio e TV" do Prêmio Aboio, da Associação Cearense de Emissoras de Rádio e TV (Acert), com trabalho para o Sebrae-CE. Trata-se do mais destacado reconhecimento do mercado publicitário local e um dos mais impiortantes do Nordeste.

*Sotaque local*

A Register - empresa com mais de 25 anos de atividades - investiu na cultura cearense, esbanjando em elementos como a criatividade e o bom humor, para estimular os consumidores a apoiarem pequenos empreendedores. O conceito tem ideia solidária e perceira: "Fique do lado de quem está do seu lado".

*Aqui e acolá*

Esta Coluna é publicada no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br) e no jornal Opinião (www.opiniaoce.com.br). Os textos estão, ainda, no site https://bit.ly/3q4AETZ. O jornalista Roberto Maciel também participa do podcast Papo de Cabeça, no YouTube (https://bit.ly/3cP1JHu) e nas plataformas Deezer e Spotify. O Papo de Cabeça, produzido em parceria com o jornalista Maurição Lima, aborda notícias, entrevistas e análises políticas.

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COLUNA QUINTA-FEIRA 8.12

*Transições no Ceará e no Planalto têm estilos diferentes; instabilidade atinge frontalmente o cidadão*

A equipe que cuida da transição da atual gestão estadual, de Izolda Cela, para a próxima, de Elmano de Freitas (PT), avalia que pode concluir os trabalhos nesta semana - no mais tardar, na próxima. O grupo local vive realidade distinta da do grupo que dá suporte ao futuro presidente da República. A começar pelo clima profissional, pacífico e respeitoso. A transição de Lula tem constatado ações de espionagem e sabotagem atribuídas ao estafe de Bolsonaro. Isso é grave. Esse clima passa longe do Ceará. E representa não só uma enorme diferença na compostura política, mas na eficiência que se pode oferecer ao cidadão. Quem tenta boicotar a passagem de poder atenta, na verdade, contra a Democracia.

*Organograma*

Uma das mais relevantes medidas administrativas e políticas a serem tomadas por Elmano para iniciar os trabalhos será amparada exatamente pela equipe: o tamanho do secretariado. As gestões de Izolda Cela e a de Camilo Santana (PT) trabalharam com 24 secretarias. A de Elmano vai decidir as pastas a partir do que a transição apurar.

*Ajustes*

Mas a largura e a profundidade do primeiro escalão terá também consequências nas relações entre o Palácio da Abolição e a Assembleia Legislativa. Há quem aposte que Elmano poderá designar pelo menos dois deputados estaduais para serem secretários.

*Maldade*

Piada que circula nas crueis redes sociais: "Bolsonaro não vai terminar o governo abandonado: pelo menos a erisipela não o rejeitou".

*Projeto só pra constar*

Leva a assinatura da vereadora "Tia Francisca" (PL) - Francisca das Chagas Silva de Souza é o nome dela - projeto que determina à Prefeitura de Fortaleza gastar dinheiro mandando confeccionar a distribuir documentos que identifiquem portadores de síndrome de Down. É o tipo de proposta inútil. O atestado médico já comprova a condição da pessoa.

*Espaço*

A Coluna do Roberto Maciel é publicada no jornal Opinião e no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br), com textos veiculados também no site https://bit.ly/3q4AETZ. O jornalista integra, ainda, o podcast Papo de Cabeça, nas plataformas YouTube (https://bit.ly/3cP1JHu), Deezer e Spotify. O podcast, produzido e apresentado em parceria com o jornalista Maurição Lima, inclui notícias, entrevistas e análises políticas.

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COLUNA SÁBADO - 10.12

*Mais energia, embora alternativa, na economia e nos empregos*

Entidade que reúne empresas do setor alternativo de energia, a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) juntou dados que indicam que 2023 poderá ter mais de 300 mil novos empregos baseados na fonte solar no País. O estudo aponta que as oportunidades de trabalho estarão em todas as regiões do Brasil. Cereja em cima do bolo: estima-se que os novos investimentos terão potencial para ultrapassar R$ 50 bilhões - isso deve incluir usinas de grande porte e pequenos sistemas em telhados, fachadas e terrenos. É uma luz no fim do túnel, literalmente. Notícia assim oferece à sociedade a avaliação de que há boas perspectivas na economia nacional. Para o governo que está para sair - torcendo e trabalhando claramente por dificuldades para a nova gestão -, pode ser chocante. Para o que vai começar, é um facho de luz dos mais significativos.

*Dimensão*

O relatório da Absolar destaca que em 2023 serão adicionados mais de 10 gigawatts de potência instalada, chegando a mais 34 GW acumulados. Para quem não tem familiaridade com o jargão técnico, a entidade nota que isso equivale a quase duas vezes e meia o que geram as usinas de Itaipu. E representam crescimento de mais de 52% sobre a potência solar atual do Brasil.

*Blues para todos*

Os guitarristas e cantores Caíke Falcão e Felipe Cazaux encerram neste sábado a agenda do Festival Canoa Blues 2022, que começou em novembro, em Canoa Quebrada. Os artistas assinam as sessões em Fortaleza, com apresentações no BNB Clube (Avenida Santos Dumont, 3646 - Aldeota). Os shows começam às 21 horas, com acesso livre ao público.

*Clareza*

Engana-se quem acha que a PEC da Transição, assim chamada por viabilizar ações necessárias à recomposição do País, é um cheque em branco para o futuro presidente Lula gastar sem respeitar o Orçamento. E mente quem espalha essa fake news.

*Frigir dos ovos*

No fim das contas, a proposta é de que o programa Bolsa-Família - considerado por autoridades internacionais como a mais exitosa ação pública de combate à miséria já instituída em todo o mundo, sobretudo na transferência de renda - não seja imprensado pelo teto de gastos. Para quem não entendeu, é fácil traduzir: pretende-se que a luta contra a fome, que atinge 33 milhões de brasileiros, não seja inviabilizada mesmo havendo dinheiro no cofre. Simples assim.

*Aqui e acolá*

Esta Coluna é publicada no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br) e no jornal Opinião (www.opiniaoce.com.br). Os textos também estão no site https://bit.ly/3q4AETZ. O jornalista Roberto Maciel participa, ainda, do podcast Papo de Cabeça, veiculado no YouTube (https://bit.ly/3cP1JHu) e nas plataformas Deezer e Spotify. O Papo de Cabeça é produzido em parceria com o jornalista Maurição Lima e aborda notícias, entrevistas e análises políticas.

*Roberto Maciel é jornalista*

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COLUNA TERÇA - 13.12

*Ataque digital contra o Estado e os cidadãos*

Não se sabe se foi por molecagem (o que não seria nunca algo "puro e simples") ou se foi por razões políticas espúrias, as quais se podem reputar como terrorismo. Tanto faz. O fato é que, independentemente da motivação, nada diminui a gravidade do ataque digital sofrido ontem (segunda-feira, 12.12) por sites governamentais do Ceará. Cometeu-se um crime contra o patrimônio, os direitos e a segurança do cidadão. Atingiram-se inicialmente as páginas da Secretaria da Fazenda e da Junta Comercial, o que fez com que apreensões se espalhassem por órgãos como Secretaria do Meio Ambiente, da Saúde e Educação. Os da Assembleia Legislativa, do Tribunal de Justiça e de prefeituras e câmaras municipais haviam sido deixados de mão, pelo menos até o fim da manhã. Mirou-se nas faixas sociais que mais necessitam dos serviços.

*Aviso*

O texto postado pelo hackers foi o seguinte: "Hacked by KillSec Team. Governo do Ceará -> Acesso garantido! Cadê a sua segurança? Pela anulação de votos de todo o povo do Nordeste!" Ontem, não por coincidência, foi o dia em que a Justiça Eleitoral diplomou o presidente eleito e o vice, Lula (PT) e Alckmin (PSB).

*Resto*

O recado dos criminosos acrescenta: "Voto de Nordestino não conta. Pela intervenção militar no País! Está na hora de cortar o mal do comunismo pela raiz!".

*Golpismo contra os nordestinos*

Há duas "caligrafias" na postagem, ambas asquerosas. A primeira é golpista, o que direciona a suspeição para vivandeiras que desde 31 de outubro fazem ponto nas portas de quarteis. A outra é a da mais completa xenofobia e do mais nojento racismo - coisa de nazi-fascista.

*Antena*

Vizinhos da sede da antiga TV Show, no Bairro da Piedade, em Fortaleza, entre as ruas João Brígido e Bárbara de Alencar, estão apavorados. A empresa, pioneira em televisão por assinatura, fechou e foi vendida. O prédio e as instalações, como a antena, ficaram abandonados. A sinalização luminosa obrigatória para a estrutura não existe mais. Manutenção, que é bom, necas.

*Sob as barbas*

Detalhe irônico: a antena abandonada da TV Show está a poucos metros da luxuosa sede da Procuradoria Geral da República, que tudo vê e em tudo opina - menos no que está debaixo das próprias barbas.

*Outros contatos*

Além do jornal Opinião, a Coluna do Roberto Maciel é publicada no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br). Os textos estão disponíveis, ainda, no site https://bit.ly/3q4AETZ. O jornalista também participa do podcast Papo de Cabeça, nas plataformas YouTube (https://bit.ly/3cP1JHu), Deezer e Spotify. O Papo de Cabeça é produzido com o jornalista Maurição Lima e aborda notícias, entrevistas e análises políticas.

*Roberto Maciel é jornalista*

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COLUNA QUINTA-FEIRA, 15.12

*Cegás agora tem uma presidenta*

O Governo do Ceará anunciou ontem que a Companhia de Gás do Estado está sob nova direção. A presidência da empresa tem, agora, tom feminino. Francisca Maria Maia, "Cissa", foi eleita para complementar o mandato que era exercido pelo engenheiro Hugo Figueirêdo. Por indicação do ex-governador e senador eleito Camilo Santana (PT), Figueiredo migrou para o comando do Complexo Industrial e Portário do Pecém. Graduada em Ciências Sociais, com pós-graduações em Gestão de Trânsito e Transporte Urbanos e em Administração Geral de Recursos Humanos, Cissa Maia atuava como assessora da Presidência da Cegás - conhece a empresa de ponta-a-ponta, portanto. Mas vai mais além. Foi, também, gestora da Companhia de Transporte Metropolitano do Ceará. E se especializou em governança societária e corporativa e compliance.

*Apoio*

Sobre a ascenção de Cissa a presidenta da Cegás, o líder do PT na Assembleia Legislativa, deputado Acrísio Sena, assinou embaixo com a calegrigafia do entusiasmo: "Ela reúne competência técnica e experiência. E tem compromisso com o projeto vitorioso de Elmano de Freitas para governar o Ceará nos próximos quatro anos".

*Cara nova*

O regimento interno da Assembleia Legislativa ganhou novas feições. E vai começar 2023 atualizado, segundo projeto de resolução da Mesa Diretora aprovado ontem na Casa. Conjunto de normas que regem o funcionamento da instituição, o regimento passa a ter 400 artigos. Que sejam cumpridos, então.

*Talagada*

Viçosa do Ceará ostenta agora o título de Capital da Cachaça do Ceará. A dose fina foi virada ontem pela Assembleia Legislativa. Quem tem motivos para brindar são os deputados Fernanda Pessoa (União) e Daniel Oliveira (MDB), autores do projeto, e João Jaime (Progressistas), Sérgio Aguiar (PDT) e Romeu Aldigueri (PDT), co-autores.

*Bufunfa*

Soma R$ 10,4 bilhões a previsão de receitas e despesas do Município de Fortaleza para 2023. Ontem, a Câmara Municipal bateu martelo sobre o valor do Orçamento para o ano que vem. O texto incluiu 465 emendas consensuais propostas por vereadores - cada parlamentar teve R$ 1,07 milhão para destinar a ações em diferentes segmentos.

*Respiro*

A deliberação de ontem na Câmara assegura fôlego para a nova gestão da Casa, que começa a atuar no próximo dia 1º, sob o comando de Gardel Rolim (PDT). Ainda líder do prefeitro na Câmara, Gardel encerrou a tarefa com êxito. Conseguiu concluir a tramitação do Orçamento e não deixou aresta nenhuma.

*Aqui e acolá*

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COLUNA SÁBADO, 17.12

*Apesar de Bolsonaro e Guedes, o varejo eletrônico tem chances de desafogar*

Apesar dos desmantelos impostos ao País pela gestão de Jair Bolsonaro (PL), assessorado por Paulo Guedes, o Natal deste ano está antecipando para varejistas um cenário menos destroçado. A Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) estima que as vendas em lojas eletrônicas cheguem na atual temporada a R$ 17,32 bilhões. A cifra é positiva por dois aspectos, sobretudo. O primeiro é o da consolidação de uma modalidade comercial alternativa - e devidamente trabalhada, pode resultar em bons saldos para a economia e ajudar na recuperação das finanças do País. O segundo é no caixa das empresas. O valor projetado representa aumento de 3,82% em relação ao desempenho do período em 2021, quando se chegou a R$ 16,6 bilhões.

*Choque de realidade*

Na semana em que o Ministério Público do Ceará diz que está cobrando R$ 48 milhões da Enel pelo serviço que a empresa presta, considerado deficiente e capenga pelos procuradores, a Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados aprovou projeto que proteje consumidores. Não resistimos: isso pode ser chocante.

*A conta é sua*

A decisão da Comissão de deputados impede a suspensão do fornecimento de energia elétrica por inadimplência do consumidor em áreas afetadas por situações de calamidade de saúde pública. A origem da medida é projeto de parlamentar do PSB de Rondônia, Mauro Nazif. Em ambos os casos, se o alcance não ficar no mero mise-en-scene quem vai se estrepar é o cliente - aquele que paga as contas.

*Cadeira elétrica*

A propósito da Enel, o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Evandro Leitão (PDT), apresentou ontem o relatório da comissão parlamentar que investigou o contrato de concessão da empresa com o Estado. Certeza que fica: para trabalhar direitinho, a Enel vai ter de desenlinhar muito mais do que a fiação que se acumula nos postes.

*Falar é fácil*

O vereador Emanuel Acrizio (PP) assina projeto com o qual propõe que a Prefeitura de Fortaleza "reforme e requalifique" o Polo de Lazer da Barra do Ceará. Se Emanuel Acrizio disser o que se fazer para, antes, tirar de lá as facções que não deixam a comunidade dormir em paz, há de se agradecer. Penhoradamente.

*Artigos*

O novo regimento interno da Assembleia Legislativa, aprovado nesta semana, reúne razões sobejas para que deputados pensem muito antes de cometerem desatinos ou saírem da linha.

*Apoio*

O Ceará ostenta agora o título de Estado Protetor da Criança, concedido pela Associação de Psicologia Americana. Não se trata só de um diploma para pendurar na parede. É um atestado de que estratégias para a defesa da infância passam longe, muito longe, de discurseiras inócuas e inférteis. São conversas moralistas e demagógicas, como muitas que se ouvem em lados ditos conservadores da política. Algumas que ignoram direitos básicos de cidadãs e cidadãos.

*Espaço*

A Coluna do Roberto Maciel é publicada simultaneamente no jornal Opinião e no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br), com textos veiculados também no site https://bit.ly/3q4AETZ. O autor integra, ainda, o podcast Papo de Cabeça, nas plataformas YouTube (https://bit.ly/3cP1JHu), Deezer e Spotify. O podcast, produzido e apresentado em parceria com o jornalista Maurição Lima, inclui notícias, entrevistas e análises políticas.

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COLUNA TERÇA-FEIRA, 20.12

*Mulheres empoderadas: procuradorias se tornam essenciais para o equilíbrio social*

Procuradorias da mulher não são meros apêndices em instituições majoritariamente masculinas - como é o caso de casas parlamentares. Não são simples "auxiliares" de gestões de homens. São, e muito, plataformas de empoderamento feminino e de empoderamento da sociedade. São organismos capazes de encaminhar demandas, discutir temas, prevenir problemas, propor soluções. Num mundo em que os gêneros cada vez mais precisam ter espaços políticos e sociais assegurados e fortalecidos, medidas sem as quais corre-se o risco de atolamento da civilidade na lama do preconceito e da exclusão, procuradorias da mulher ganham status de essenciais. Na semana passada, representantes desse segmento no Estado se reuniram na Assembleia Legislativa. Foram em busca de expor a realidade e de analisá-la numa ótica coletiva. Concluiu-se que há, de fato, muito o que fazer. Mas também que os novos tempos sinalizam melhores condições de igualdade.

*Pra lá do Catar*

Borbulhava ontem o caldeirão especulativo de parte da Imprensa local sobre o secretariado do governador eleito Elmano de Freitas. Passada a Copa do Mundo, os chutes continuam sendo dados aqui, ali e alhures. Dado interessante: as pretensas composições contemplavam apenas duas mulheres na equipe: Fernanda Pacobahyba (atual titular da Fazenda e já confirmada pelo próprio Elmano) e Luísa Cela (filha da governadora Izolda, cotada para a Cultura).

*Prato cheio*

O Sesc-CE inicia nesta terça-feira, 19.12, por Itapipoca, a interiorização da rede de restaurantes destinados aos comerciários. A unidade itapipoquense vai funcionar no Bairro Sanharão, onde há movimento intenso nos setores de comércio e serviços. O Sesc já mantém oito restaurantes em Fortaleza e Região Metropolitana.

*Vento Aracati*

A boa notícia para festeiros é que o município do Aracati terá festas de réveillon populares em Canoa Quebrada e Majorlândia, praias referenciais do turismo cearense. E com a adicional conquista de palcos em que serão privilegiados artistas da música local.

*Amigo secreto*

A prisão do dito "pastor" Fabiano de Oliveira na manhã de ontem (segunda, 19.12) encosta na parede não só um delinquente que ameaçava a paz e a ordem em Vitória (ES), mas todo o "bolsogolpismo". Fabiano, que assumiu o papel de líder em manifestação contra a Democracia, deve passar o Natal trocando presentes na festinha de amigo secreto que criminosos fazem no xilindró. Outros vão, possivelmente, se amofinar diante do risco de afrontar a Justiça.

*E em Fortaleza, hein?*

Ainda não se sabe quem é o líder do impune amontoado neofascista em Fortaleza. O pessoal acampado na frente do Forte de Nossa Senhora da Assunção, onde funciona o Comando da 10ª Região Militar, parece mais frouxo do que os agressivos bolsogolpistas de outras cidades. Ainda assim, há incertezas sobre quem são os apoiadores e patrocinadores.

*Aqui e acolá*

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COLUNA QUINTA, 22.12

*Que o Capitão Wagner fique atento: fazer oposição não é fazer motim*

Seria prudente ao deputado Wagner Sousa (União) refletir antes de tentar se pronunciar com acidez e acuidade, habilidades importantes para certas categorias políticas. Ao saber que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) havia escolhido o ex-governador Camilo Santana para ser ministro da Educação, o ex-capitão disparou essa, referindo-se à governadora Izolda Cela - que chegou a ser cotada para a posição: "Na hora da campanha querem usar o legado e o trabalho dela. Na hora da escolha mais uma vez é preterida por ser mulher. A esquerda não consegue esconder sua demagogia e incoerência!" A "solidariedade" de Wagner é um pote até aqui de mágoas, nada mais do que isso. Derrotado para prefeito de Fortaleza (2016 e 2020) e para governador (2022), o (ainda) deputado não consegue esconder a dor da rejeição. E mostra que, sem o acompanhamento devido, pode meter os pés pelas mãos no delicado, necessário e complexo ofício de ser oposição. Afinal, de onde ele tirou a ideia de que Izolda foi "preterida por ser mulher"? Vozes na cabeça?

*Saia justa*

Tivesse parado só um pouquinho para raciocionar, Wagner poderia ter se poupado dessa saia-justa. Até porque foi ele, justamente ele, envolveu uma mulher - a própria esposa, Dayany Bittencourt - como mero "plano B" nos arranjos eleitorais que fez neste ano. Logo após tentar provocar os adversários nas redes sociais, o parlamentar bolsonarista teve se deglutir reações azedas. Como, por exemplo, a de internautas malcriados que chamaram "Dayana do Capitão", eleita para a Câmara federal, de "deputada-laranja", entre outras hostilidades.

*Lado a lado*

Deve-se considerar que há de ser precoce qualquer apreciação que se faça neste momento da perspectiva de Dayana como deputada federal - é óbvio que não se pode avaliar um mandato que nem começou. Também devem ser consideradas como descabidas as manifestações que a atacam e tentam diminui-la. Mas é certo que Wagner Sousa, ao tentar agredir Izolda desprezando a importância do cargo que ela ocupará no governo Lula, passou longe da necessária inteligência política e da indispensável cortesia. As funções que ela ocupará são estratégicas em qualquer projeto de desenvolvimento. Tê-la como secretária Nacional de Educação Básica assegura para Lula uma aliança com a excelência educacional. Mas Wagner preferiu a grosseria.

*Coisa de bolsominion*

O problema para o Capitão Wagner é o de que, além de achar que fazer política é fazer motim, parece ter se acostumado à dita "política educacional" do governo que agora arqueja. Uma política sem propostas nem resultados, protagonizada por nomes de questionável substância como Ricardo Velez, Abraham Weintraub e Milton Ribeiro. Uma política delirante, sem compromisso com qualidade e capaz até de cobrar propina em ouro.

*De mulher pra mulher*

A feminina Medalha Bárbara de Alencar, comenda da Assembleia Legislativa, é ostentada agora pela secretária de Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos do Estado, Onélia Santana, ex-primeira-dama do Ceará, e pela fonoaudióloga Cristiane Leitão, primeira-dama da Alece e articuladora do Núcleo de Responsabilidade Social da Casa. Para tornar mais efetiva a causa feminina na homenagem, observe-se que a deputada Érika Amorim assinou a proposta.

*Outros contatos*

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*Roberto Maciel é jornalista*

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COLUNA DO ROBERTO MACIEL, SÁBADO, 24.12

*Alunos do Senac arrecadam quatro toneladas de alimentos*

Há gente faminta, sim. E muita. Mas há solidariedade e responsabilidade - essa é a boa notícia. Veja só: o projeto Aprendizes em Ação, que reúne 40 turmas dos cursos de Aprendizagem Comercial do Senac no Ceará, conseguiu arrecadar quatro toneladas de alimentos em uma série de atividades com os diversos públicos que engajam. Em dias difíceis, nos quais se destaca até a delituosa negação da óbvia e escancarada fome, expor a atenção social, mobilizada e efetivada por jovens e educadores, se torna um alento em meio a noticiário tão turvo. É, sobretudo, um gesto político digno de aplausos. Os alimentos obtidos pelo Aprendizes em Ação estão sendo encaminhados ao programa Mesa Brasil Sesc, de combate à insegurança alimentar. Mil e duzentos alunos de 14 a 24 anos de idade integram o projeto do Senac no Ceará. Estão matriculados em cursos que tratam de Serviços Administrativos, Supermercado, Vendas, Postos de Combustíveis, Logística e Comércio. E, tão importante quanto a qualificação profissional, é a promoção de informação, interação, colaboração, trabalho em equipe, empatia com as causas sociais e os movimentos artísticos.

*Um lado*

Fala do presidente sainte Jair Bolsonaro (PL) - que serve mais como atestado de descolamento da realidade do que como argumentação gerencial ou política: "Alguém já viu alguém pedindo um pão na porta, ali, no caixa da padaria? Você não vê, pô!". A declaração, no programa de rádio bolsonarista "Pânico" (Jovem Pan), foi feita em agosto último. Na época, Bolsonaro pedia votos para se reeleger - o que, como se sabe, não vingou.

*O centro*

Fala do diretor de Educação Profissional do Senac, Gustavo Guimarães - com necessário e indispensável equilíbrio: "(A iniciativa visa a) sensibilizar os jovens aprendizes para o exercício da cidadania, aproximando nossos alunos de situações reais que proporcionam reflexões sobre seu papel na sociedade e o desenvolvimento do protagonismo juvenil, da atitude colaborativa e criatividade, importantes marcas formativas".

*Outro lado*

Fala do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) - a qual ele vem repetindo desde 2003, quando assumiu pela primeira vez o cargo maior da República e que serve, ainda, como alerta para que o País inteiro enxergue as responsabilidades que tem: "Enquanto houver um irmão brasileiro ou uma irmã brasileira sofrendo com a fome, teremos motivos de sobra para nos cobrir de vergonha".

*Pois é, né?*

Leva a assinatura do deputado Salmito Filho (PDT) projeto que propõe a criação no Ceará de um programa voltado para difundir nas escolas informações sobre a Constituição da República. Diz o autor: "O conhecimento da Constituição permite a formação de alunos que tenham ciência de seus direitos e que possam lutar por mais cidadania". Se essa atenção tivesse sido adotada há mais tempo talvez não houvesse por estes dias tantas demonstrações de ignorância legal nas portas de quarteis.

*Abraços*

A Coluna deseja a todos um fim de ano positivo, com boas e solidárias reuniões de amigos e familiares. E que as discordâncias sejam respeitadas, mesmo que não sejam (nem possam ser) esquecidas.

*Espaço*

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*Roberto Maciel é jornalista*

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COLUNA TERÇA, 27.12

*Bolsonarismo, expressão da ingratidão*

Houvesse empatia e solidariedade entre bolsonaristas, o "empresário" George Washington Sousa poderia passar estes dias com uma esperança: a de receber na jaula, como o ex-PM Adriano da Nóbrega recebeu, a visita cordial e agradecida do presidente Jair Bolsonaro e de algum (ou alguns) dos filhos dele. Washington foi preso antes do Natal como terrorista. Por isso será processado - preparou uma bomba com a qual planejava causar mortes e provocar caos em Brasília. É um ativista que, diferentemente das figuras exóticas que tanto aparecem em situações ridículas nas redes sociais, mostra-se extremamente perigoso. Está disposto a impor tragédias a famílias e ao País. Diferentemente dos bolsominios risíveis, idosos aposentados que conhecem hinos religiosos e marciais, é um carniceiro a serviço do mal (e dos maus). Mas vai passar o Réveillon atrás das grades e largado pelos líderes. Resta saber, com urgência, quem bancou os gastos criminosos dele.

*Bossa nova*

George Washington - "xará" do "Pai da Pátria" dos Estados Unidos - era dono de posto de combustíveis no Pará, mas a empresa não está mais no nome dele. Gastou nos últimos anos R$ 170 mil com armas e munições pesadas, as quais pretendia distribuir graciosamente a outros criminosos acampados em zona militar de Brasília. Entende de explosivos, tendo montado o artefato que usaria para causar mortes na Capital Federal.

*Velha guarda*

Adriano da Nóbrega, acima citado, era o miliciano que comandava o "Escritório do Crime" - quadrilha que mata, extorque, grila terras, constroi e vende imóveis irregularmente, explora o jogo, rouba e comete um cardápio de violências no Rio de Janeiro. Ex-PM que Bolsonaro despudoradamente apoiava quando era deputado federal, Adriano foi executado pela Polícia da Bahia em 9 de fevereiro de 2020. Morreu sem contar o que sabia.

*Folha corrida*

Em 2004 e 2005, Jair Bolsonaro e o filho mais velho dele, Flávio, então deputado estadual fluminense, visitaram Adriano da Nóbrega pelo menos duas vezes. Adriano estava engaiolado por matar gente. Os parlamentares foram à cadeia se solidarizar com ele. Antes, ambos haviam feito pronunciamentos nos plenários em defesa do ex-capitão.

*Os iguais se atraem*

Diz-se em Brasília que amanhã Jair Bolsonaro e parte da família devem ir para os Estados Unidos. A ideia é a de se acoitarem numa propriedade de Donald Trump, ex-presidente dos EUA que já se revelou um sociopata de alta periculosidade. Pelo visto, o George Washington bolsominion vai ser, como outros, abandonado pelo "mito".

*Não é fácil*

Leva o jamegão do deputado Guilherme Landim (PDT) projeto que obriga os serviços de atendimento ao consumidor a fazer chamadas por vídeo, com intérpretes em Linguagem Brasileira de Sinais (Libras), para dar suporte a clientes surdos ou com deficiência auditiva. Landim não sabe, ou parece não saber, que há portadores de surdez que escrevem fluentemente. E que há outros que não entendem Libras.

*Bom prato*

O Serviço Social do Comércio (Sesc-CE) já mantém nove restaurantes para comerciários em Fortaleza, Região Metropolitana e, agora, em Itapipoca. O menu de projetos para 2023 inclui novas unidades.

*Fazendo fita*

E tem a assinatura do vereador Bruno Mesquita (Pros) projeto que cria em Fortaleza sessões de cinema adaptadas para autistas. São o que ele chama de "sessão azul". Detalhe: a ideia é clonada e se baseia em iniciativa de uma empresa privada que atua no setor.

*Lá e cá*

Esta Coluna é publicada no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br) e no jornal Opinião (www.opiniaoce.com.br). Os textos também estão no site https://bit.ly/3q4AETZ. O jornalista Roberto Maciel participa, ainda, do podcast Papo de Cabeça, veiculado no YouTube (https://bit.ly/3cP1JHu) e nas plataformas Deezer e Spotify. O Papo de Cabeça é produzido em parceria com o jornalista Maurição Lima e aborda notícias, entrevistas e análises políticas.

*Roberto Maciel é jornalista*

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