Colunas janeiro 2023

3.JANEIRO.2023

*Elmano: justiça social se faz combatendo a miséria e a fome*

O governador Elmano de Freitas (PT) recebeu da antecessora, Izolda Cela, uma responsabilidade e tanto. Antes de entregar as chaves do Palácio da Abolição, ela deixou assinado aditivo do Programa Alimenta Brasil - Leite. A medida envolve R$ 26,2 milhões - montante com o qual se planeja atender 8.185 famílias com um litro de leite por dia, cada uma. Trata-se de um contingente superior a 250 mil pessoas, o que representa cerca de 3% de toda a população do Estado. Caberá a Elmano, então, tocar esse projeto que se pode definir como vital. Além do público-alvo, o PAB-Leite apoia 1,4 mil pequenos produtores cearenses, envolvendo 1.637 entidades socioassistenciais. O dinheiro sairá do Fundo Estadual de Combate à Pobreza. E note: o programa não se limita a abastecer a economia - mais do que isso, ajuda a alimentar esperanças e a nutrir o futuro.

*Justiça social*

A fala de Elmano na cerimônia de posse, na manhã de domingo, na Assembleia Legislativa, se encaixa em altura, largura e profundidade à dimensão dos compromissos de governador. Palavras dele: "Nossa busca será incessante por justiça social, porque ninguém quer ver pessoas mendigando, sofrendo, clamando por emprego ou chorando de fome".

*Tem história*

O secretário da Controladoria e Ouvidoria Geral do Estado, Aloísio Carvalho, se tornou recordista de participação no cenário da administração pública do Ceará. Está na função desde a gestão de Cid Gomes (PDT), entre 2007 e 2015, tendo voltado a ocupá-la em 2019, com Camilo Santana (PT), permanecendo até o fim do mandato de Izolda Cela.

*Passagens*

Entre uma e outra experiência, Aloísio teve passagens pela secretaria-executiva da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social e pela secretaria-executiva da Secretaria do Esporte. Também foi superintendente Federal da Pesca e Aquicultura no Ceará e superintendente-executivo da Agência Nacional de Transportes Terrestres.

*Tarefas*

Antes de retornar à Controladoria, quatro anos atrás, Aloísio Carvalho atuou como diretor Financeiro e de Crédito do Banco do Nordeste. A trajetória no topo do setor público começou em 2001, como secretário de Finanças de Fortaleza, na gestão de Juraci Magalhães. Em 2004, disputou a Prefeitura de Fortaleza pela PMDB (sigla de então), mas quem venceu a parada foi Luizianne Lins (PT).

*Decolou*

Sabe o que cresceu no País com 700 mil mortos pela pandemia e 33 milhões de famintos? Espante-se, é justo: a importação de helicópteros. Somente a empresa Timbro, sediada em São Paulo, projetava no fim de dezembro encerrar o ano com faturamento de US$ 2,2 bilhões. Isso representa cerca de R$ 10,58 bilhões - quantia que se aproxima da metade do orçamento do Ceará para o ano passado.

*Chulo e rasteiro*

Frase para que ninguém esqueça de Paulo Guedes, que fez o papel de ministro da Economia da gestão de Jair Bolsonaro, defendendo a farra que sonhava dar aos jogos de azar no Brasil: "Não atrapalha ninguém. Deixa cada um se foder. O presidente fala em liberdade. Deixa cada um se foder do jeito que quiser". De helicóptero fica até mais chique, né?

*Aqui e acolá*

A Coluna do Roberto Maciel é publicada simultaneamente no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br) e no jornal Opinião (www.opiniaoce.com.br). E os textos também são disponibilizados no site https://bit.ly/3q4AETZ. O jornalista ainda participa do podcast Papo de Cabeça, veiculado no YouTube (https://bit.ly/3cP1JHu) e nas plataformas Deezer e Spotify. O podcast é produzido em parceria com o jornalista Maurição Lima, abordando notícias, entrevistas e análises políticas.

*Roberto Maciel é jornalista*

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5 DE JANEIRO (QUINTA-FEIRA)

*O piso que Elmano teve como marco inicial da gestão*

Há um simbolismo forte na primeira solenidade pública da qual o governador Elmano de Freitas (PT) participou após a posse. Ele foi à Ordem dos Advogados do Brasil em Fortaleza sancionar a Lei do Piso Salarial da Advocacia. Trata-se de proposta formatada em 2019, após décadas de conversas e negociações - às vezes tensas - entre representações da categoria e o poder público. Naquele ano, o Palácio a enviou ao Legislativo e os deputados, incluindo Elmano, a aprovaram. O que cabe notar: 1. Elmano acenou para a sociedade reforçando a necessária noção de justiça; 2. Acenou para os meios corporativos, deixando claro que valoriza diálogos, e prestigiou a classe à qual pertence; 3. Dirigiu-se às alas políticas, confirmando uma decisão parlamentar de partidos diversos; 4. Aproximou-se, mais ainda, do aliado Camilo Santana, que foi protagonista do projeto. Começou bem, deve-se considerar. "Em 90 anos da fundação da OAB-CE, é a primeira vez que temos um piso salarial para nossa profissão", disse o presidente da entidade, Erinaldo Dantas.

*Nunca antes*

A Lei do Piso Salarial da Advocacia determina remuneração mínima para o exercício profissional. São R$ 1,9 mil mensais para jornada de quatro horas diárias (20 horas semanais) e de R$ 3,1 mil mensais para oito horas diárias (40 horas semanais). Os valores passam a ser reajustados pelo INPC.

*Faça o que eu digo, não o que faço*

Alistado entre as tropas mais exóticas do bolsonarismo, o agora deputado federal André Fernandes (PL) deixou um rastro risível na Assembleia Legislativa do Ceará - a qual frequentou entre 2019 e 2022. É dele projeto que uma certa "Política Estadual de Educação Digital nas Escolas Públicas Estaduais - Cidadania Digital".

*Compra quem não te conhece*

Diz lá o texto da assessoria do bolsominion que a iniciativa visa a "incentivar a cidadania por meio do comportamento adequado, responsável e saudável relacionado ao uso da tecnologia, nas escolas do sistema estadual de ensino".

*Quem te viu, quem te vê*

André Fernandes é o político que, quando era youtuber militante e ganhava a vida na rede, gravou vídeos ensinando depilação anal e simulando uso de drogas. Deve ser o tal do "comportamento adequado e saudável". A peças encontram-se hoje no inesgotável e infinito Museu de Bizarrices da Internet.

*Não espanta*

O projeto, embora cite até o estado de Utah (EUA), é despudoramente clonado. Foi copiado, sem variações significativas, de matérias encaminhadas no Amapá e em Pernambuco por parlamentares da mesma substância reacionária.

*Tá na cara*

Por falar em direitismo, é de outro parlamentar bolsonarista projeto que estende aos policiais militares a gratuidade da Justiça. Diz o autor, Capitão Alberto Neto (PL-AM), que "a maioria dos PMs encontra-se em situação de vulnerabilidade econômica". Um coronel da PM do Ceará ganha cerca de R$ 20,1 mil mensais. Um capitão ganha R$ 11 mil.

*Rango*

O Serviço Social do Comércio já mantém no Ceará nove restaurantes com os quais atende trabalhadores do setor. São oito em Fortaleza e Região Metropolitana e um em Itapipoca. A peça de resistência do menu é, dessa forma, a responsabilidade social.

*Aqui e acolá*

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*Roberto Maciel é jornalista*

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COLUNA 7 DE JANEIRO - SÁBADO

*Aviso de Lula aos parlamentares: esqueçam os vícios alimentados por Bolsonaro*

- O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comandou ontem a primeira reunião ampliada dos 37 integrantes do ministério. Com o tom político do qual não se arreda um milímetro, prometeu "fazer a mais importante relação com o Congresso". E completou: "Não mandamos no Congresso, dependemos do Congresso. Por isso, cada ministro tem de ter a paciência e a grandeza de atender bem a cada deputado e senador". Lula esbanjou nitidez ao que falou. Só não entendeu quem não quis. Não foi somente uma manifestação retórica, mas um aviso bem dado aos agentes públicos de que o fim da promiscuidade da era Bolsonaro - com orçamento secreto e outras aberrações - chegou. Ao mencionar as virtudes da "paciência" e da "grandeza", o presidente anunciou aos ministros o que espera: que todos os congressistas sejam tratados como iguais.

*Só ficando*

Outro trecho do discurso de Lula, esse dirigido diretamente aos auxiliares, mas cabível a quem interessar possa - sobretudo aos que representam a tal "diversidade partidária" do Gabinete: "Temos que saber que nós é que temos que manter uma boa relação com o Congresso Nacional. Não tem importância que você divirja de deputados e senadores. Quando vamos conversar não estamos propondo casamento".

*Saldo*

No fim das contas, pode-se avaliar que o presidente Lula fez uma declaração aberta de propósitos. Disse que quer desempenhar um mandato respeitoso, com compostura e em franca - e necessária - oposição ao estilo do antecessor. A interpretação que fica é a de que não quer comprar deputados e senadores, mas que vai cobrar dos interlocutores o mesmo tratamento.

*Agenda*

A próxima megapauta política e administrativa de Lula já está marcada. Será dentro de 20 dias, para quando se programou reunião com os 27 governadores dos estados e o do Distrito Federal. É tipo uma hora do "vamos ver". Antes disso, vai à Argentina - numa prévia para uma esperada turnê internacional.

*Menu de números*

Na mesma pegada de Lula, o governador Elmano de Freitas (PT) reuniu a equipe - ou parte dela. O encontro foi para acertar ações de combate à fome no Ceará. O centro da reunião foi um relatório que mostra o panorama da insegurança alimentar no Estado.

*Direito*

E o recém-empossado secretário do Desenvolvimento Econômico do Estado, Salmito Filho, deixou na Assembleia Legislativa projeto que, em outra frente - a social -, tem conteúdo extremamente relevante. É o que cria programa estadual de acompanhamento pré-natal e pós-parto de gestantes com transtorno do espectro autista. A ideia é incluir os direitos dos autistas nas rotinas da saúde pública.

*Lá e cá*

Esta Coluna é publicada no portal InvestNordeste (www.portalinvestne.com.br) e no jornal Opinião (www.opiniaoce.com.br). Os textos também são disponibilizados no site https://bit.ly/3q4AETZ. O jornalista Roberto Maciel ainda participa do podcast Papo de Cabeça, veiculado no YouTube (https://bit.ly/3cP1JHu) e nas plataformas Deezer e Spotify. O Papo é produzido em parceria com o jornalista Maurição Lima, abordando notícias, entrevistas e análises políticas.

*Roberto Maciel é jornalista*

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COLUNA 10.1 (TERÇA-FEIRA)

*Não são "inocentes úteis". São, sim, "idiotas úteis" - e isso não os torna menos perigosos e nocivos*

- O líder da agressão à Democracia está identificado. Embora tenha fugido do País antes mesmo de acabar o mandato presidencial que recebeu em 2018, nunca fez questão de se esconder. É Jair Bolsonaro - pode parecer até uma bobagem repetitiva afirmar isso, visto que não há máscaras que o escondam no caótico cenário. O que se pretende aqui, porém, é observar o quanto o bolsonarismo se fez enraizar nas mentes, nas emoções e nos atos de uma leva de "idiotas úteis", entre os presentes ao ataque ao Congresso, ao STF e ao Palácio do Planalto e os que tiveram vontade de ir.

Recuso a expressão "inocentes úteis", considerando que ninguém é inocente ao ponto de se deixar levar por um amigo de milicianos para se expor confrontando a lei e a ordem de formas tão escancaradas e abjetas. Idiota, sim; inocente, nunca.

*Imagens* de uma fileira de detidos, dispoíveis na Internet, destacam um grupo de pobres-diabos, com aparência de mal-remunerados, utilizado para invadir, depredar e inutilizar não apenas estruturas públicas que servem à administração, mas o próprio funcionamento do País, a própria República.

Não há, entre os detidos, ninguém com nome e sobrenome de celebridades da direita hidrófoba - esses, como o próprio Bolsonaro, o ex-ministro Anderson Torres, os generais Braga Neto e Heleno Augusto e os comentaristas-golpistas Rodrigo Constantino e Paulo Figueiredo (neto do ditador João Batista Figueiredo, um cavalo-batizado que governou o Brasil entre 1979 e 1985). Ao contrário, é tudo arraia-miúda, piaba num oceano de tramoias e dinheiro frouxo de empresários e políticos inimigos da Democracia.

Mas há, entre as muitas horas de filmagem colhidas até pelos "idiotas úteis", representações de uma certa e pueril, mas não inofensiva, inconsequência - idosos, entre muitos, carregando cadeiras de praia e caixas de isopor, com comida e bebida, certamente achando que participariam de um piquenique nos gramados da Praça dos Três Poderes.

Há também os que levaram crianças para o espetáculo de destruição que estarreceu o mundo. Há os que sorriram para fotos diante dos prédios invadidos. Ou os que, antes, produziram filmetes em ônibus quando se encaminhavam para os palcos da barbárie. Há, por fim, os militares que se fizeram cúmplices dos criminosos.

*O que ilustra melhor a presença de Bolsonaro* na hostilização da Democracia talvez seja o gesto do bolsonarista que defecou na sala que o ministro Alexandre Moraes ocupa no STF. O autor da obra ainda (ainda!) não foi identificado, mas é impossível não se enxergar o mentor.

*Lá e cá*

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COLUNA 12.1 (quinta-feira)

Dizer que "não passarão" ainda é pouco

Já tivemos a oportunidade de, aqui e em outros espaços, destacar uma demanda cidadã das mais graves: a democratização com controle social dos meios de comunicação. Não é possível que, diante de tantos desafios que a civilização enfrenta em pleno século XXI, inclusive e sobretudo o do combate ao fascismo, os meios de comunicação sejam ainda tratados pela lei como o eram dois séculos atrás: feudos de corporações e famílias que enxergam a importância estratégica da informação na constituição do poder. Foi à custa do compadrio e da cumplicidade dessas empresas que se executaram no Brasil e em outros países da América do Sul os golpes militares que subjugaram a Democracia por décadas. Foi com os mesmos recursos que se aplicaram o golpe do impeachment contra a presidenta Dilma Rousseff. A História transborda situações do gênero.

*É Fantástico!*

Domingo passado, em programa-referencial da televisão brasileira, a jornalista Poliana Abritta encerrou a transmissão com uma fala revolucionária: "Não passarão!". As raízes da frase estão na Primeira Guerra Mundial, alcançando a Guerra Civil Espanhola e outros importantes momentos da luta da humanidade contra o fascismo, com destaque para a Segunda Grande Guerra. Comunista espanhola, a histórica Dolores "La Pasionária" Ibárruri Gómez foi celebrizada por ter essa expressão da resistência como lema.

*Resistência*

Poliana Abritta verbalizava a necessária e vital resistência do cidadão e das instituições ao avanço de um golpe de Estado pretendido e planejado pelo ex-presidente e por aliados. Um golpe que, graças à pronta reação do presidente Lula, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, foi frustrado.

*Nós e o nó*

Eis o nó da questão: Rede Globo, UOL/Folha de S. Paulo, Veja, O Estado de S. Paulo, O Povo, Diário do Nordeste, Bandeirantes, Record e outros que hoje condenam - mesmo com palavras amenas - o golpe de domingo são as mesmas empresas que apoiaram outras tentativas de desmantelamento da Democracia. Nunca fizeram autocrítica nem redirecionaram condutas e posturas éticas. Ficou o dito pelo não dito.

*Jefferson e Aécio*

Quando Roberto Jefferson difundiu um nunca comprovado balcão de compra de parlamentares - o que apelidou de "mensalão" -, as corporações da mídia chancelaram alegremente espaços para o então deputado (sem nem mesmo se incomodar em conferir as informações). O mesmo se deu quando Aécio Neves iniciou uma revanche golpista contra Dilma Rousseff, ainda em 2014, o que desaguou em 2016 no impeachment da presidenta.

*Fervor golpista*

Quando Sérgio Moro (hoje senador eleito) e Deltan Dallagnol (hoje deputado federal eleito) construíram as narrativas da Operação Lava Jato, jornalões e redes de TV aplaudiram e acolheram a ficção dos então juiz e procurador federal. O mesmo se deu quando impôs-se a prisão do hoje presidente Lula e se elegeu Jair Bolsonaro presidente da República.

*Passaram*

Não se pretende aqui uma caça às bruxas. Longe disso. O que se defende é o compromisso de uma atividade mais do que essencial para os mais do que essenciais direitos do cidadão. Com clareza e educação, com respeito, ética, verdade e lei. E com a Democracia. De outro modo, o forte "Não passarão!" se tornará um débil "Passaram!"

*Lá e cá*

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COLUNA SÁBADO - 14.1

O Ceará contra a Guararapes: da responsabilidade gerencial à solidariedade oficial

Entrou na conta do absolutamente necessário a decisão do governador Elmano de Freitas (PT), anunciada na primeira reunião que realizou com o secretariado, nesta semana, de o Estado do Ceará promover ações especiais para atender os 2 mil trabalhadores que a indústria Guararapes demitiu ao fechar unidade em Fortaleza. Entrou também na conta da responsabilidade social. E na da solidariedade oficial. Somando o que será disponibilizado pelo Governo estadual, os atendidos terão acesso a habilitação do seguro desemprego, orientação para o mercado de trabalho, atendimento com o psicólogo, análise de perfil profissional e encaminhamento para vagas disponíveis no mercado de trabalho formal. Mais: haverá também incentivo ao empreendedorismo e microcrédito orientado fornecido do Programa Ceará Credi. As respostas rápidas para a situação têm nome: gestão de crise. Elmano enfrenta um desafio e tanto já nos primeiros dias de Governo. E sabe que haverá mais.

*Esse é o cara*

Pode ser coincidência, mas é necessário que se diga: o manda-chuva da fábrica Guararapes chama-se Flávio Rocha. Já foi deputado federal por Pernambuco, com mandato na década de 1990, e se notabilizou por posturas direitistas e liberais - o que, em princípio, não é desonroso nem de estranhar no cenário brasileiro. Flávio Rocha compôs a tropa de choque empresarial que apoiou ex-presidente Jair Bolsonaro. Também dá as cartas na rede de lojas Riachuelo.

*No Ceará*

Pois foi justamente um empresário bolsonarista que escolheu deixar 2 mil pessoas sem emprego num estado pobre e governado pelo PT. Pode ser coincidência, mas é necessário que se diga.

*Prestobarba*

A PGR conseguiu que o STF inclua o deputado federal eleito André Fernandes (PL), bolsominion do Ceará, entre os incitadores do golpe contra a Democracia do último domingo. Se a Papuda virar realidade, André terá de caprichar nos dotes que exibia no Youtube antes de ser político.

*Calma, valentão!*

A propósito, vale lembrar - embora o personagem seja inexpressivo - frase do ex-deputado estadual Francisco Cavalcante, ainda na campanha de 2022 - na qual não conseguiu se eleger para a Câmara federal: "Se a gente não ganhar nas urnas, se eles roubarem nas urnas, nos vamos ganhar na bala. Não tem nem por onde". Era o prenúncio da violência.

*Teu passado te condena*

A Taxa do Lixo será a pauta principal da Câmara de Fortaleza neste comecinho de ano - as análises tiveram início na última quinta. Resta estimar até onde a Casa tem disposição de ir para criar um novo tributo. Note-se que há 32 anos a Câmara aceitou a taxa e não a pôs no lixo. Sabe quem presidia o Poder na época? José Sarto.

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COLUNA TERÇA-FEIRA - 17.1

*Onde foi parar o dinheiro do contribuinte que foi para as mãos do bolsonarista da Guararapes?*

Há um mal, entre muitos, que se precisa destacar a respeito do fechamento da unidade da fábrica Guararapes em Fortaleza. Fundada em Pernambuco, nos anos 1950, a empresa é uma das muitas que se serviram de incentivos fiscais e outras ações públicas para crescer. Banco do Nordeste, BNDES e Sudene abriram os cofres para que a família Rocha alcançasse dinheiro do contribuinte para financiar a Guararapes em diferentes momentos. Que gestão privada recebe recursos do cidadão e não os emprega com solidez? Cadê esse dinheiro todo? A propósito, vale resgatar matéria publicada 23 de outubro de 2010 pelo jornal "Diário do Nordeste", de Fortaleza. Diz o título: "Guararapes tem R$ 31,6 mi para fábrica no CE". O texto reporta: "Segundo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, já foi concedido crédito na ordem de R$ 31,6 milhões para a construção da fábrica, que deve empregar cerca de 1.500 funcionários".

*Pacote*

Informação do jornal Tribuna do Norte (RN) em 8 de dezembro de 2009, vai mais longe: "Grupo Guararapes consegue empréstimo de R$ 342 mi - BNDES informou a aprovação de financiamento de R$ 342 milhões para o Grupo Guararapes. De acordo com o banco, o grupo pretende realizar investimentos da ordem de R$ 575 milhões, com o objetivo de promover 'verticalização dos negócios do grupo econômico'".

*Distribuição*

Os projetos relacionados a essa dinheirama se referiam à fábrica em Fortaleza (R$ 31,6 milhões); à ampliação da rede das Lojas Riachuelo em várias regiões do País (R$ 293,4 milhões); e à expansão do Midway Shopping Center (R$ 17,7 milhões), em Natal (RN).

*Via travessa*

Não foi apenas dinheiro direto que a Guararapes consumiu no Ceará. A Prefeitura de Fortaleza, na administração de Luizianne Lins (PT, 2005-2012), investiu para apoiar a infraestrutura da empresa. A obra de alargamento de um trecho da Avenida Sargento Hermínio, servindo à fábrica, só foi executada porque o cidadão bancou com os impostos que paga.

*Cena*

Tenha certeza: os donos do grupo empresarial, sob a liderança do ex-deputado federal Flávio Rocha, bolsonarista da primeira à última hora, não ficaram mais pobres por causa do fechamento da unidade em Fortaleza. Mas tmbém não duvide: 2 mil trabalhadores demitidos, que viram seu dinheiro de contribuintes ir pelo ralo, ficaram.

*Contradição*

Flávio Rocha, tão eficiente em pegar dinheiro público, é dos que defendem a diminuição do papel do Estado na Economia. Ou seja, dos que acham que o Estado não deve manter direitos dos trabalhadores. Mas que deve preservar as benesses das empresas.

*Estranha obsessão*

Há uma certa obsessão de bolsonaristas por açaí, só pode. Walderice Santos da Conceição, que teria sido funcionária-fantasma do gabinete de deputado federal da Jair Bolsonaro, tem uma lanchonete em Angra dos Reis (RJ) e é conhecida como "Wal do Açaí". O radialista Wellington Macedo de Souza, réu por tentar explodir um caminhão é Brasília, é dono de uma loja de açaí em Sobral. Vá entender!

*Zonas de contato*

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COLUNA QUINTA-FEIRA, 19.1

*Lula pode tirar novamente a economia da estagnação com a reedição do Minha Casa, Minha Vida?

Informação publicada no fim de semana no jornal Opinião: "O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai relançar o programa Minha Casa, Minha Vida em agenda no dia 20 de janeiro, na cidade de Feira de Santana, na Bahia. O (...) evento será usado para entrega simultânea de unidades habitacionais em outros municípios brasileiros. Quatro mil moradias estão aptas para distribuição no País, mas o governo ainda não definiu se todas serão repassadas na mesma cerimônia". Há um marco político na programação de amanhã. É a substituição da carga negativa dos ataques terroristas de bolsonaristas em Brasília, no último dia 8, pelo elemento positivo que é a retomada de um programa de habitação popular. É óbvio que Lula quer ofuscar a hostilidade com a proposição. O Minha Casa, Minha Vida atuou em duas frentes a partir do lançamento, em 2009 (segunda gestão de Lula): a recomposição da economia, a partir do incremento de empregos e renda por meio da construção civil; o estabelecimento de uma política pública habitacional que ultrapassasse a condição de ação de Governo e se tornasse ação do Estado.

*Não deu*

Provas de que o MCMV superou fronteiras são os fatos de ter sido mantido na administração de Dilma Rousseff (2011-2016), de Michel Temer (2016-2018) e de Jair Bolsonaro (2019-2022). Bolsonaro mudou o nome, descaracterizou a ideia inicial, cortou verbas e alterou regras, mas não conseguiu extinguir o projeto.

*Paralelo*

A história que não se conta: o Minha Casa, Minha Vida está sendo relançado na mesma semana em que começa a funcionar a casa do Big Brother Brasil.

*Erramos*

Em nome da Imprensa - toda, querendo ou não - ousamos fazer uma correção. Tem-se lido e ouvido com frequência que o ex-presidente Jair Bolsonaro seria o "autor intelectual" dos atos terroristas em Brasília em 8.1, que deixaram no País as feridas da invasão e depredação do Congresso, do STF e da Presidência da República. Isso é falso. É fake news, como se diz.

*Mandando uma real*

Acontece que a expressão "autoria intelectual" pressupõe o uso do intelecto. Isso posto, é um equívoco atribuir essa tão necessária atividade humana ao dito-cujo. Desculpas, então, aos senhores e senhoras.

*Cores mil*

De olho na saúde mental materna, o vereador Raimundo Filho (PDT) apresentou à Câmara de Fortaleza projeto que institui o "Maio Furta-Cor". Apesar da importância do tema, vale lembrar que a ideia é clonada. Desde 2021 há projetos idênticos em outras casas parlamentares. Uma psicóloga e uma psiquiatra paranaenses criaram as bases da campanha.

*Palmas*

Merece holofotes o desempenho do Programa de Orientação, Proteção e Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa do Ceará em 2022. O Procon-AL realizou no ano passado 8.510 serviços em diferentes situações. Em média, isso dá mais de 23 questões por dia.

*Aqui e acolá, ali e alhures*

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COLUNA 21.1 - SÁBADO

*Não há apaziguamento nem perdão para quem tenta matar a Democracia*

Apaziguamento e anistia. Essas têm sido palavras usadas com frequência por bolsonaristas após o frustrado golpe contra a Democracia, em 8 de janeiro, no qual se tentou envolver Forças Armadas e polícias com a pressão da violência, da depredação e das ameaças. Há uma guinada radical na retórica dos liderados por Jair Bolsonaro - o ex-presidente que deixou para o Brasil as marcas de 700 mil mortes e da destruição de atentados contra sedes de poderes constituídos. Antes, falava-se que minorias deveriam se curvar às maiorias ou desaparecer. E acusavam-se fraudes no sistema eleitoral. E se pregava a disseminação de armas. E, nos ataques terroristas, prometiam em quebrar tudo, c*g*r em tudo, "pegar o Xandão". Sim, os seguidores de Bolsonaro, no mais rigoroso modelo adotados por nazistas e fascistas após a Segunda Guerra Mundial, quando tiveram de se confrontar com a Justiça, agora se mostram dóceis. Clamam por respeito, direitos humanos e compaixão. Exigem tratamento especial.

*Tá dito*

Sobre isso, vale citar o ministro do STF Alexandre de Moraes, presidente do TSE, em despacho sobre a inclusão de Jair Bolsonaro entre os investigados por atos antidemocráticos: "A Democracia brasileira não irá mais suportar a ignóbil política de apaziguamento, cujo fracasso foi amplamente demonstrado na tentativa de acordo do então primeiro-ministro inglês Neville Chamberlain com Adolf Hitler".

*Sobrevoo*

O deputado estadual Acrísio Sena (PT), professor e historiador, assumiu uma causa pra lá de justa: a do respeito a personalidades importantes para o Ceará. É o caso do aviador Euclides Pinto Martins (Camocim, 1892 - Rio de Janeiro, 1924). A empresa Fraport, firma alemã que toma conta do aeroporto de Fortaleza, resolveu riscar do mapa a homenagem que Pinto Martins recebeu dos cearenses - que emprestaram ao equipamento o nome do desbravador. Acrísio não quer deixar que o desprezo decole.

*Nem aí*

A lei federal 1.602, de 13 de maio de 1952, determinou que o antigo "aeroporto do Cocorote, em Fortaleza, Estado do Ceará", recebesse o nome de Pinto Martins. A lei foi promulgada pelo então presidente da República, João Café Filho. Mesmo tendo relevância legal, a decisão de 71 anos atrás foi abatida pela Fraport sob o complacente olhar dos procuradores do MPF.

*Heroismo*

Pinto Martins fez o primeiro voo sobre o Oceano Atlântico entre Nova York (EUA) e o Rio de Janeiro, no início da década de 1920, pilotando o hidroavião Sampaio Correia II. Na época, o aviador tinha apenas 30 anos de idade. Ele percorreu 5.678 km em três meses.

*Aumigo*

Antes de deixar a Câmara Municipal, da qual era presidente até se eleger deputado estadual, o então vereador Antônio Henrique (PDT) pôs para tramitar projeto que autoriza a Prefeitura de Fortaleza a estabelecer pelo menos um "cachorródromo" por regional. Ideia boa: tanto para pets quanto para tutores e para a saúde pública.

*Bate-bola*

Pode não ser coincidência, daí vale notar: os jogadores (ou ex-jogadores?) Robinho e Daniel Alves, enrolados em casos de violência sexual na Europa, se destacaram entre atletas que manifestaram apoio a Jair Bolsonaro em 2022. Neymar, que recentemente escapou o rigoroso fisco espanhol, meio que batendo na trave, também. Que time, hein?!

*Lá e cá*

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